19 de junho de 2002
Constantino: Falando de cada campeão

Por Marcelo Constantino

Do vencedor e dos outros candidatos ao Conn Smythe

Nicklas Lidstrom -- Eleito vencedor do Conn Smythe como jogador mais importante do time nos playoffs. De fato, Lidstrom era um dos favoritos, seja por atuar bem jogo após jogo, seja por dois gols marcados que mudaram a cara dos playoffs: o primeiro no jogo 3 contra os Canucks, do meio da rua, acabando com a alta moral que Clouthier vinha ganhando. O segundo, no jogo 2 contra os Hurricanes, em vantagem numérica, que deu a vitória ao time quando o jogo e o placar estavam bem apertados. Não podemos nos esquecer também do colossal trabalho de contenção a Forsberg nos jogos 6 e 7 contra o Avalanche e da média de mais de 30 minutos por jogo.

Steve Yzerman -- O Capitão começou os playoffs como destaque solitário de um time que parecia dormindo e via os Canucks passar. Ele carregou o time nas costas até que a equipe tomou vergonha na cara e passou a jogar hóquei de Stanley Cup. Daí em diante, com sua perna cada vez pior, Yzerman discretamente deixou o trabalho árduo para o grupo e passou a evitar desgastes desnecessários. O médico dos Wings afirma que a contusão de Yzerman faria qualquer um ter dificuldades de andar, quiçá patinar no gelo. Steve é tudo em Detroit.

Sergei Fedorov -- Quem assistiu às finais e aos jogos contra o Colorado pôde ver o que é um grande jogador sem precisar pontuar. Sergei Fedorov. Em todos os lugares do gelo, brigando nas bordas, desviando chutes, na frente, atrás, dando trancos, até mesmo jogando fisicamente, Fedorov foi definitivamente o melhor dos grandes atacantes do time nessas duas séries. Que patinador! É outro que poderia levar o Conn Smythe tranqüilamente.

Dominik Hasek -- Um começo terrível contra os Canucks para um final com incríveis 6 shutouts e uma das mais baixas média de gols levados nas finais. Hasek foi cogitado para MVP dos playoffs, mas dois fatos atentavam contra: ele foi claramente beneficiado pelo excelente sistema defensivo do time e a quantidade absurda de defesas acrobáticas ficou para os tempos de Sabres. Hasek não chegou a vencer sozinho um jogo para os Wings nos playoffs, mas a diferença entre ter ele ou Osgood atrás é imensa.

As estrelas contribuintes

Brett Hull -- Meteu hat-trick na primeira fase e marcou um gol que poucos deram a devida grandiosidade: o que empatou o jogo 3 contra o Hurricanes, com pouco mais de 1 minuto para acabar a partida. Trata-se de um artilheiro pleno, que os Wings não tinham com Kozlov ou Lapointe, e ainda surpreendeu pelo excelente jogo defensivo. A linha dele com Datsyuk e Devereaux foi a única que veio da temporada para os playoffs, quando foi artilheiro do time.

Igor Larionov -- Professor, 41 anos de idade, Gretzky russo (ou Gretzky que é o Larionov canadense), O playmaker; tudo isso é Larionov. O gol marcado na terceira prorrogação do jogo 3 foi uma pintura de calma, tranqüilidade e eficiência. A linha dele era a que menos tinha tempo de gelo, mas todos eram peças importantes do time de vantagem numérica. Fica a dúvida: aposentar-se por cima ou voltar para mais um ano. Se sair será bom para abrir espaço para novatos, mas ninguém no time tem a mesma visão do gelo que ele.

Chris Chelios -- Vindo de uma temporada monstruosa e de uma primeira fase idem nos playoffs, quando foi o responsável por marcar o grandalhão Todd Bertuzzi, Cheli só teve problemas com Forsberg na frente. Fora isso foi uma raridade vê-lo cometendo algum erro na defesa. Conseguiu a proeza de liderar a NHL em +/- na temporada e nos playoffs.

O andar de baixo

Darren McCarty -- Jogador-símbolo em Detroit, meteu o primeiro hat-trick de sua carreira na NHL justo contra o Colorado Avalanche, time que não quer vê-lo pela frente nem pintado, e em plena final de Conferência. Um hat-trick natural, três gols seguidos. Era o jogador que mais se aproximava do papel de intimidador do time e seu jogo físico foi eficiente. Não esqueçamos também do gol de segurança que marcou no dramático jogo 6 contra o Colorado.

Kris Draper -- A velocidade da grind line, responsável principal pelas jogadas ofensivas de uma linha teoricamente defensiva, incansável matador de pênaltis. Passou a maior parte da temporada jogando à direita de Fedorov, chegou nos playoffs e voltou à posição em que já conhecia há mais de 5 anos.

Kirk Maltby -- Como diz Dave Strader, da ESPN, um dos melhores jogadores da NHL para conseguir que o adversário cometa uma penalidade. Eu o chamo de Mike Ricci de Detroit. Fez uma temporada abaixo do esperado, mas reencontrou-se na grind line, onde está em casa. Para fechar, ainda meteu dois importantes gols em desvantagem numérica.

Boyd Devereaux -- Um batalhador. Ele era o homem-velocidade da linha, mas brigava como poucos pelo disco nas bordas. Impressionou-me a vontade dele em cada jogo que eu assisti. Foi recompensado, claro, com roubadas e passes cruciais, que resultaram em gols de Brett Hull.

Tomas Holmstrom -- Este é definitivamente um jogador de playoffs. Quando o jogo fica mais duro, nada melhor que ter um Tomas Holmstrom no time, que está no gelo para ficar na frente do goleiro e levar bordoadas mesmo - além de fazer gols em desvios e rebotes. Ele marca tantos gols nos playoffs quanto em toda a temporada - e isso não é de hoje -, o que já diz tudo.

Fredrik Olausson -- Cometeu alguns erros, como o que resultou no gol de Brind'Amour em desvantagem numérica nas finais, mas buscou compensá-los com um bom trabalho ofensivo ao lado do MVP dos playoffs. O gol salvador na prorrogação do jogo 3 contra o Avalanche é um exemplo disso.

Steve Duchesne -- Outro que cometeu erros com alguma freqüência e que também buscou compensar com uma produção ofensiva. Um dos fatos mais impressionantes desses playoffs pra mim é que Duchesne perdeu todos os dentes da frente no jogo 6 das finais. Sete dentes. Levantou-se, foi para o vestiário e voltou para jogar, ainda no mesmo período, sem se abater.

Mathieu Dandenault -- Definitivamente firmou-se na posição de defensor, algo sobre o qual ainda havia dúvidas no ano passado. Possui uma velocidade incomum e utilizou-a bem nos playoffs, embora sua produção ofensiva não tenha sido grande, se pensarmos em números finais. Até porque sempre foi o defensor com menor tempo de gelo da equipe. Aliás, se o porteiro da Arena Joe Louis jogar na defesa dos Wings, Bowman lhe daria mais tempo de gelo que Dandenault.

Jiri Slegr -- Na única partida, logo a final, atuou surpreendentemente bem, com generosos 16 minutos de gelo.

Os novatos

Jiri Fischer -- Jogar ao lado de Chelios tem sido uma verdadeira aula para este jovem defensor, em que os Wings apostam para o futuro como um dos grandes da Liga. Tem uma boa mobilidade para o tamanho dele, mas falta-lhe ainda aquele olhar - e a atitude conseguinte - compenetrado, concentrado, que ele deve ganhar com a idade e experiência. Foi ótimo nos playoffs, mesmo com o lamentável cross-check que o tirou da final.

Pavel Datsyuk -- A maior surpresa do time na temporada. Ainda mal fala inglês, mas tem um controle do disco fenomenal para um novato. Começou mal contra os Canucks, mas logo readquiriu seu jogo contra os Blues e firmou-se até o fim. Precisará melhorar fisicamente, já que a linha de Vasicek o superava amplamente neste ponto.

Jason Williams -- Toda vez que precisou jogar, substituindo seja Datsyuk, seja Larionov, Williams deu conta do recado. Sem contar que ele acabou centrando uma linha com Yzerman e Shanahan de cada lado. Um sonho para qualquer garoto, em plenos playoffs. E saiu-se muito bem, sem tremer, sem amarelar.

Os que ficaram abaixo

Luc Robitaille -- Peça praticamente nula nos playoffs, achei que melhorou quando colocado ao lado de Yzerman e Fedorov, em alguns shifts no jogo 3. Gostei mais dele no jogo 4, embora tenha chegado ao fim ainda claramente bem abaixo do esperado.

Brendan Shanahan -- Sim, Shanahan está aqui. Os dois gols na grande final, incluindo o gol do título apenas acendem a apagada atuação dele ao longo dos playoffs. Um grande estouro no jogo 5 contra os fregueses Blues e uma boa posição na pontuação geral encobrem atuações que não produziram ofensivamente, nem fisicamente. Detroit idolatra Shanahan e esperava mais dele.

O que não existiu

Uwe Krupp -- O que foi isso?

Marcelo Constantino Monteiro dá atenção especial a (quase) todos jogadores que ele já viu serem campeões em Detroit. Saudações a Konstantinov, Fetisov, Kocur, Kozlov, Lapointe, Sandstrom, Rouse, Ward, Pushor, Murphy, Brown, Macoun, Gilchrist, Vernon e Osgood. Ericksson e Mironov, assim como Slegr desta vez, nem tanto. Krupp não.
NICKLAS LIDSTROM Eleito o jogador mais importante dos playoffs, é daqueles que você precisa puxar pela memória para lembrar quando foi a última vez que teve uma má atuação (letsgowings.com - 13/06/2002)
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Página publicada em 17 de junho de 2002.