Por
Alexandre Giesbrecht
Poucos times vão olhar para trás daqui a alguns anos e
lembrar-se do recrutamento de 2002 como uma coisa boa. Alguns vão
perceber o desperdício que foi comprar passagens para Toronto.
Realmente, este recrutamento foi mesmo um dos mais fracos dos últimos
anos e não é difícil perceber isso, mesmo olhando
apenas para as previsões e o realizado: o que aconteceu no fim
das contas foi muito mais imprevisível do que em outros anos.
O que os times conseguiram ainda é difícil de saber, mas,
como já é de praxe aqui na Slot, vou fazer as minhas.
Estando aqui no Brasil, já é difícil analisar a
NHL, que possui pouca cobertura, quanto mais os prospectos, mas vou
fazer um balanço do que tenho lido por aí sobre o recrutamento
(e não foi pouca coisa).
Anaheim -- Pode finalmente ter superado
seus problemas de ataque ao adicionar Joffrey Lupul, Tim Brent e Joonas
Vihko ao seu elenco. Lupul, principalmente, já mostrou ter faro
de matador e chegou a ser surpreendente ver os Penguins e os Predators
deixarem ele escapar. Também conseguiram um futuro intimidador
em George Davis.
Atlanta -- Kari Lehtonen pode entrar
direto na NHL ou então ser relegado (por um ano, não mais
do que isso) à AHL, mas ele é exatamente o que os Thrashers
queriam para o gol. Ao adquirir Vyacheslav Kozlov, ainda conseguiram
um pouco mais de poder de fogo.
Boston -- Surpreenderam a todos
selecionando o goleiro Hannu Toivonen, que não aparecia em praticamente
nenhuma lista de primeira rodada. Não é a primeira vez
que fazem isso (em 1994 fizeram a mesma coisa e selecionaram Evgeni
Riabchikov, que hoje deve estar no gol de algum time de mineiros na
Sibéria). Os Bruins selecionaram cinco jogadores europeus.
Buffalo -- Os Sabres conseguiram
um goleador na troca por Jochen Hecht, mas perderam outro ao mandar
Kozlov para o Atlanta. Por enquanto, o Buffalo economiza um precioso
dinheirinho com a troca, mas o time ainda está em séries
dificuldades financeiras. Ah, sim, eles também recrutaram. Até
tentaram roubar a segunda escolha da mão dos Thrashers, mas acabaram
se contentando com o zagueiro Keith Ballard e com o ponta esquerda Dan
Paille na primeira rodada. Ballard deve vir a contribuir numa segunda
linha de zaga, enquanto Paille deve acabar se tornando um atacante brigador.
Calgary -- Os Flames viram seu ex-prospecto
Jarret Stoll ir para o arqui-rival Edmonton na segunda rodada e não
conseguiram arrumar nenhuma melhora imediata para o ataque. O ponta
Eric Nystrom deve ajudar um pouco, mas apenas no futuro. De resto, os
Flames fizeram muitas apostas.
Carolina -- Os Canes tiveram apenas
quatro escolhas (trocaram as demais para ir mais cedo para casa). Com
a primeira delas, escolheram o goleiro Cam Ward, que não deve
passar de reserva na NHL (algo como Ken Wregget). Isso porque eles não
têm problemas no gol.
Chicago -- O zagueiro Anton Babchuk
era esperado entre os dez primeiros, mas acabou caindo na mão
dos Hawks na 21.ª posição, mas não conseguiram
alguém para substituir o capitão Tony Amonte. Quem sabe
no ano que vem?
Colorado -- Supresa: nenhuma grande
troca por parte do gerente geral Pierre Lacroix. Com a primeira escolha,
selecionaram um sueco mas não espere um novo Peter Forsberg.
Columbus -- Conseguiram exatamente
quem eles queriam, Rick Nash, para tentar solucionar o grave problema
do time na frente: o pior ataque da liga. Os Jackets estavam morrendo
de medo que os Panthers ou os Thrashers escolhessem Nash, por isso fizeram
a troca com os Panthers e selecionaram Nash com a primeira escolha.
No final das contas, os três ficaram com quem eles queriam.
Dallas -- Os Stars renovaram seu
estoque na defesa, principalmente com Martin Vagner na 26.ª posição,
mas mandou o sempre regular Brad Lukowich para o Tampa Bay. Também
fizeram apostas arriscadas em jogadores de Hungria e Noruega na segunda
rodada.
Detroit -- A primeira escolha dos
campeões veio na 58.ªposição, mas, ainda assim,
conseguiram o central techeco Jiri Hudler, que poderia ter sido escolhido
já na primeira rodada. Apenas sorte?
Edmonton -- Os Oilers também
surpreenderam com Jesse Niinimaki na 15.ª posição
e ao mandar Jochen Hecht para o Buffalo. Eles deixaram escapar muitos
bons jogadores para escolher Niinimaki. Por quê? É provável
que nunca venhamos a descobrir.
Florida -- Já iriam ficar
em primeiro e escolher Jay Bouwmeester, mas acabaram com a terceira
escolha e escolheram... Bouwmeester! E ainda vão trocar de posição
na primeira rodada do ano que vem com o Columbus, que certamente vai
ter uma escolha alta. E ainda, ao escolhê-lo somente com na terceira
posição, devem ter economizado uns trocados na negociação
de salário. Tudo que poderia ter dado certo para os Panthers
deu até agora. Só falta ver se Bouwmeester é mesmo
isso tudo. Quer dizer, bom ele é, mas parece não ter melhorado
nos últimos dois anos. Alguns estão reclamando das escolhas
que eles deram aos Thrashers para ter certeza de que eles não
aprontariam nenhuma surpresa. Desnecessário? Pode ser, mas eles
conseguiram quem eles queriam. E o preço não foi assim
tão alto, principalmente levando-se em consideração
que eles ainda conseguiram a nona escolha, com que selecionaram o central
Petr Taticek, um jogador com muita vontade e algum estilo, embora às
vezes fuja do trabalho duro.
Los Angeles -- Denis Grebeshkov,
Sergei Anshakov e Petr Kanko dão aos Kings mais poder de fogo
no futuro no caso de Grebeshkov, se ele conseguir a motivação
necessária. E ainda conseguiram quem levasse Cliff Ronning, que
não voltaria de qualquer jeito.
Minnesota -- Para o curto prazo,
Ronning. Para o futuro, Pierre-Marc Bouchard é um passo na direção
certa para o ataque do Wild, que muitos não sabiam existir. Se
crescer, pode vir a fazer sucesso na NHL.
Montreal -- No recrutamento, um
jogador para a segunda ou terceira linha, Christopher Higgins, mas,
para a próxima temporada, os dois anos restantes do contrato
de Mariusz Czerkawski custaram apenas Arron Asham e uma escolha de quinta
rodada.
Nashville -- Scottie Upshall tem
espírito de liderança e deve se dar bem em Nashville.
Não é de desmerecer o fato de o time ter recebido ofertas
para a sua escolha e o alvo do interessado não era outro
jogador.
New Jersey -- Os Devils têm
tradição de escolher bons jogadores mesmo com escolhas
altas, por isso não se surpreenda se eles conseguirem algum jogador
de destaque aqui. Sua primeira escolha, na 51.ª posição,
foi o zagueiro Anton Kadeykin, que não tinha sido ranqueado.
Apesar de alto, ainda não desenvolveu o aspecto físico
de seu jogo.
NY Islanders -- O GG Mike Milbury
não causou um frenesi neste ano, mas intrigou muitos ao mandar
Czerkawski para o Montreal por Asham numa troca que teve como único
motivo foi contenção de custos. No recrutamento, a primeira
escolha foi o ponta finlandês Sean Bergenheim, baixo, mas brigador,
que teve uma produção quase nula em 28 jogos na liga de
elite finlandesa (dois gols e duas assistências).
NY Rangers -- Aguardando os agentes
livres, os Rangers não tinham escolhas na primeira rodada. Com
a 33.ª escolha, selecionaram o central Lee Falardeau, jogador grande
que gosta de se plantar na frente do gol adversário. Teve apenas
14 pontos em 34 jogos na Universidade Michigan State, mas era seu primeiro
ano. Apesar do tamanho, é muito rápido.
Ottawa -- Mais profundidade ao centro
ou excesso de centrais? Jakub Klepis, 16.ª escolha, e Alexei Kaigorodov,
47.ª, são centrais (se bem que Kaigorodov também
é ponta direita). Klepis deve ser um atacante defensivo, mas
da terceira linha no máximo.
Philadelphia -- De nenhuma escolha
na primeira rodada a detentores da quarta, ainda conseguiram o último
dos "quatro grandes jogadores" deste recrutamento, o zagueiro
Joni Pitkanen. Não esperem dele muita ajuda no ataque, mas lá
atrás. O preço? Ruslan Fedotenko e mais umas escolhazinhas.
Phoenix -- Com várias escolhas
na mão, escolheram demais baseados em tamanho. Com a 19.ª
escolha, uma ovelha negra que pode vir a ser a surpresa deste recrutamento:
Jakub Koreis, central grande e talentoso com o disco. Com a 23.ª,
ainda na primeira rodada, selecionaram o ponta Ben Eager, que tem muita
garra para mostrar.
Pittsburgh -- Tudo bem que a maior
parte dos problemas dos Pens vem da defesa, mas Mario Lemieux não
vai jogar para sempre. O zagueiro Ryan Whitney, que ainda precisa crescer
um pouco, é daqueles jogadores que ou vai ser muito bom ou simplesmente
vai sumir rapidinho. Os Pens deixaram passar dois jogadores de impacto,
Lupul e Bouchard.
San Jose -- Nenhuma escolha de impacto;
o que os Sharks escolheram está bem voltado para o longo prazo.
O ponta Mark Morris já mostrou faro de artilheiro e, com o desenvolvimento
que as categorias de baixo dos Sharks costumam dar, pode ser outra grata
surpresa.
St. Louis -- Os Blues foram atrás
de talento europeu e, com sua primeira escolha (48.ª no geral),
trouxeram Alexei Shkotov, um ponta baixo, mas rápido e ágil,
projetado como especialista em vantagens numéricas. Enquanto
muitos times procuraram ajuda imediata na primeira rodada, os Blues
acharam na sétima e na oitava, com o central Jonas Jonsson, de
32 anos, o jogador mais velho disponível, e o zagueiro Tom Koivisto,
de 28.
Tampa Bay -- É unânime.
O Lightning jogou fora o recrutamento. De novo. Ao invés de conseguir
um jogador de impacto com a quarta escolha, trocou-a pela terceira vez
em quatro anos. Pior: por Fedotenko e uns trocados. Sobrou como primeira
escolha a 60.ª, a mais alta primeira escolha entre os times neste
ano. O Tampa Bay escolheu três goleiros e um deles, Fredrik Norrena,
de 28 anos, pode fazer parte do elenco já na próxima temporada.
Toronto -- Legal escolher o goleiro
Todd Ford, mesmo que apenas na 74.ª escolha, mas todos esperavam
que eles já selecionassem um goleiro na primeira rodada. Ao invés
disso, escolheram Alexander Steen, filho de Thomas Steen, que jogou
no Winnipeg Jets nos anos 80. Mesmo com potencial ofensivo, foi recebido
com frieza pela platéia de sua nova casa talvez pelo fato
de não ser canadense.
Vancouver -- Os Canucks adicionaram
três zagueiros nas três primeiras rodadas, incluindo os
russos Kirill Koltsov (que muitos esperavam que fosse escolhido na primeira
rodada), com a 49.ª escolha, e Denis Grot, com a 55.ª.
Washington -- Com 4 escolhas entre
as primeiras 59, os Caps conseguiram profundidade em todas as posições.
Só na primeira rodada, três escolhas. A primeira, na 12.ª
posição, foi o zagueiro Steve Eminger, forte no ataque,
nem tanto na defesa. Na 13.ª, um jogador que parece ser certo chegar
à NHL (se crescer mais um pouco), o ponta Alexander Semin. Na
17.ª, outro ponta, Boyd Gordon, até uma surpresa, mas, com
tantas escolhas, os Caps podiam dar-se ao luxo.
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Alexandre Giesbrecht, 26 anos, não gostou muito da primeira
escolha dos Penguins, mas espera queimar a sua língua no
futuro. |
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