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9 de outubro de 2002
Constantino: Só o desespero explica

Por Marcelo Constantino

Pierre Lacroix é considerado um dos gerentes mais competentes da NHL. Por mais de uma vez durante seu pequeno tempo de existência, articulistas da The Slot BR escreveram sobre o gerente geral do Colorado Avalanche. Pudera: geralmente quando todos estão começando a criar a grande expectativa para o dia-limite de trocas, para saber para onde irão essa ou aquela estrela, Lacroix já acertou de levar para Denver.

Assim foi feito com Fleury, Bourque, Blake e Kasparaitis. Tudo bem, não deu certo (e dar certo para o Colorado significa necessariamente vencer a Stanley Cup) com Fleury e Kaspar, e mesmo com Bourque da primeira vez. Mas sempre Lacroix esteve lá, puxando o gatilho na hora H. Como nenhum outro.

O forte dele é exatamente este momento, quando o dia-limite de trocas se aproxima. Com um considerável leque na mão de jovens promissores, de variados níveis qualitativos, é nessa hora que Lacroix persuade os clubes cujas estrelas terão passe livre no ano seguinte (e que por isso estão a um passo de sair do clube de então). Sem contar a questão da concorrência, do tipo "se eu não contratar, os Wings ou Stars ou Blues vêm e levam". De qualquer forma, é o Colorado Avalanche que tem sido absoluto no dia-limite dos últimos anos, desde 1999, quando os Wings surpreenderam a liga e trouxeram Chris Chelios, Wendell Clark, Ulf Samuelsson e Bill Ranford numa tacada só (e acabaram sendo eliminados pelo Avalanche de Theo Fleury).

Por outro lado, Lacroix não é de se movimentar muito no concorrido mercado dos jogadores de passe livre, nas férias da liga. Ultimamente a preocupação tem sido manter o elenco estelar de Sakic, Forsberg, Roy e Blake, o que é para poucos na NHL. O salário dos quatro somados chega a pagar uma folha inteira de alguns times novatos.

Mas eis que o Colorado Avalanche empreende uma polêmica troca agora, pouco tempo antes de começar a temporada, durante os amistosos de preparação. Mandaram Chris Drury e Stephane Yelle para os Flames, por Derek Morris, Jeff Shantz e Dean McAmmond.

Yelle fazia um ótimo trabalho defensivo nos Avs, de Shantz eu me lembro principalmente de um golaço que ele fez no fim da década de 90, quando comeu quase todo o time adversário (o locutor narrava algo como "Shantz, the move; Shantz, the center; Shantz, the goal!"), e McAmmond é apenas mais um.

O foco central é a ida de Drury e a vinda de Morris. Como Kasparaitis decepcionou largamente em Denver, havia uma vaga a ser preenchida na defesa do time e Morris foi o escolhido. Morris também é um jovem e promissor jogador que tem tudo para emplacar jogando num time do porte dos Avs. Mas mandar logo o Drury? Aquele Drury, vencedor do Calder em 1999, pesadelo dos rivais Wings em playoffs, com seus gols da vitória na prorrogação?

Encontrei raríssimos articulistas considerando, no mínimo, que a troca tenha sido justa. E não é mesmo: não importa que Drury não venha render no Calgary o que rendia no Colorado e que Morris venha render mais ao lado de Blake e Foote do que rendia ao lado de seus jovens companheiros nos Flames. Isso é até normal acontecer. Difícil vai ser compensar a perda de qualidade que Drury trazia ao Colorado. Quem aqui não imagina que Drury valia uma troca por um defensor melhor na liga, mano a mano?

Boatos da época do dia-limite de trocas da temporada passada veiculavam que os Avs haviam oferecido Drury por Teppo Numminen dos Coyotes, que recusaram. De Numminen a Morris há uma boa ladeira. Abaixo.

Mas nada que o novo defensor de Denver não possa provar o contrário nos próximos anos.

Em se tratando de Pierre Lacroix, é preciso observar bem ao redor e esperar pelo tempo para não cairmos do cavalo logo adiante. Quem não se recorda de algumas críticas quando da troca por Rob Blake, cedendo Adam Deadmarsh e Aaron Miller e trazendo ainda Steven Reinprecht? O jovem jogador dos Kings parecia um simples contrapeso de troca e hoje é uma das peças fundamentais do time, tendo atuado em grande parceria com Forsberg nos playoffs. Como o próprio gerente dos Avs disse: "Não teríamos feito a troca (por Blake) se Reinprecht não fosse incluído".

Enfim, não podemos descartar a hipótese de a troca vir a se tornar mais uma jogada de mestre de Lacroix. Agora, acreditar nisso é outra história.

Marcelo Constantino Monteiro saúda a volta da The Slot BR, de cara nova, e com novos integrantes na equipe.
DEREK MORRIS O promissor zagueiro agora joga num time de ponta (AP)
 
YELLE E DRURY, JÁ COM A NOVA CAMISA Peças importantíssimas no Colorado, agora deverão ter um papel ainda maior com a responsabilidade de levar os Flames aos playoffs (Adrian Wyld/CP Photo - 09/2002)
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Página publicada em 7 de outubro de 2002.