Edição n.º 19 | Editorial | Colunas | Jogo da semana | Notas | Fotos
 
6 de novembro de 2002
Do Lady Byng ao banco de penalidades

Por Alexandre Giesbrecht

Dá para perceber que as brigas na NHL estão em baixa quando você vê que a estrela Saku Koivu lidera o Montreal Canadiens em minutos de penalidade e que o capitão do Toronto Maple Leafs, Mats Sundin, acumula mais minutos que o durão Tie Domi. Koivu, que lidera o time apesar de ter sido penalizado apenas oito vezes nesta temporada, brinca com o assunto: "Acho que agora vou ter de arrumar minha primeira briga e ganhar uma penalidade de cinco minutos".

Até o zagueiro Stephane Quintal jogar as luvas para o lado contra Kevin Sawyer, do Anaheim, na última terça-feira, nenhum jogador dos Canadiens tinha uma penalidade de por briga. Embora isso pudesse ser considerado excepcional em temporadas passadas, hoje é só mais um exemplo da tendência pacifista da liga.

Esta tendência tem feito com que jogadores consagrados, que normalmente seriam candidatos ao Troféu Lady Byng por fair play, se tornem líderes inverossímeis de penalidades, enquanto alguns durões parecem ter se esquecido do caminho para o banco de penalidades.

Sundin está empatado com outros quatro companheiros de time na liderança dos Maple Leafs, com apenas 12 minutos de penalidade — cinco a mais que Domi, que só foi conseguir sua primeira penalidade por briga no décimo jogo do time na temporada, na última segunda-feira. Alguns torcedores já se inquietam com seu início pacífico, mas ele responde de forma ríspida: "Tenho 3 mil minutos de penalidade na minha carreira, então não preciso que ninguém me ensine como fazer o meu trabalho".

Numa temporada em que o total de minutos de penalidade está lá em cima graças à rigidez da NHL no combate à obstrução, a média de brigas por jogo caiu de 1,4 na última temporada para 1,3 nesta. Em mais da metade dos jogos até aqui simplesmente não houve brigas. A média em meados dos anos 80 era de 2,1 por jogo.

Existem várias teorias tentando explicar por que o número de brigas tem declinado. Certamente começou a declinar em 1986-87, quando a liga instituiu a penalidade de dois minutos por instigar uma briga. Koivu diz que uma outra razão pode ser a abundância de jogadores europeus, como ele, na NHL, já que as brigas não fazem parte do jogo na Europa.

Mas nesta temporada as brigas diminuíram ainda mais e isso pode ter a ver, sim, com a rigidez em relação à obstrução. Faz sentido: com menos agarra-agarra, há menos chance de alguém ficar frustrado.

Outro fator pode ser a nova regra de apressar os face-offs, que não deixa tempo para os jogadores ficarem trocando insultos antes de o disco cair, um freqüente precursor de brigas.

Alexandre Giesbrecht, publicitário, confessa que um dos principais motivos por que começou a gostar de hóquei foram as brigas.
INCRÍVEL Saku Koivu (à direita, derrubando Ville Nieminen, dos Penguins) tem aparecido mais vezes no banco de penalidades do que na lista de gols marcados (Paul Chiasson/AP - 22/10/2002)
Edição atual | Edições anteriores | Sobre The Slot BR | Contato
© 2002 The Slot BR. Todos os direitos reservados.
É permitida a republicação do conteúdo escrito, desde que citada a fonte.
Página publicada em 4 de novembro de 2002.