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24 de janeiro de 2003
A história completa dos mundiais de juniores

Por Eduardo Costa

1991 - Eric Lindros provou porque era considerado um dos mais promissores jogadores do hóquei no início dos anos 90. Com seis gols e 11 assistências, foi um dos principais responsáveis pela conquista da medalha de ouro por parte dos anfitriões canadenses. A competição foi realizada na província de Saskatchewan, no Canadá, sendo que União Soviética e Canadá tiveram campanhas idênticas (5-1-1), mas a equipe da casa venceu no confronto direto — 3-2, com John Slaney marcando o gol da vitória.

Pavel Bure foi o goleador, marcando 12 vezes. O russo, em sua terceira e última participação no torneio, ainda detém o recorde de gols na história da competição, com 27 — entre 1989 e 91. Apesar da marca de Bure, foi Lindros quem ficou com o prêmio de melhor atacante da competição, no primeiro de seus três mundiais. Os 17 pontos do atual jogador dos Rangers é a segunda melhor marca alcançada por um canadense, ficando atrás apenas de Dale McCourt e seus 18 pontos em 1977.

A Tchecoslováquia ficou com o bronze, tendo como destaque Jiri Slegr, eleito melhor defensor da competição. A Suíça ficou com penúltima colocação e, mesmo sofrendo 48 gols em sete partidas, teve seu goleiro — Pauli Jaks — como o melhor em sua posição no torneio.

Os Estados Unidos ficaram em quarto lugar. Doug Weight alavancou a quarta posição na artilharia, com 19 pontos. Seu recorde de 14 assistências somente seria superado alguns anos depois, por Peter Forsberg. Sem dúvida alguma, esta foi a melhor atuação individual de um americano na história dos mundiais de juniores.

1992 - Uma situação curiosa ocorreu em Fussen (Alemanha). Os soviéticos começaram o torneio como União Soviética e terminaram como Comunidade dos Estados Independentes, após o fim do império socialista em 1º de janeiro de 1992. Apesar da mudança, os jovens jogadores não se importaram com os problemas extra-gelo e conquistaram mais um ouro. Do elenco russo, um total de 15 jogadores, mais tarde, fariam carreira na NHL. A equipe teve a melhor defesa da competição, com apenas 11 gols sofridos.

A Suécia, com o melhor ataque, teve os quatro maiores pontuadores do torneio: Michael Nylander, com 17 pontos, foi eleito o melhor atacante da competição; Peter Forsberg, com 11; Markus Naslund e Mikael Renberg, com dez. Apesar deste quarteto fantástico, os suecos conquistaram apenas a prata.

O bronze dos Estados Unidos foi conquistado graças ao esforço do goleiro Mike Dunham, eleito o melhor de sua posição no torneio. O único consolo pra os bicampeões canadenses, que amargaram uma humilhante sexta posição, foi Scott Niedermayer, eleito o melhor defensor da competição.

1993 - Novamente a Suécia mostrou uma fantástica capacidade ofensiva, mas morreu na praia de novo, ficando apenas com a medalha de prata. Atuando em casa, na cidade de Glave, os suecos bateram diversos recordes da competição. Peter Forsberg assombrou ao marcar 31 pontos em apenas sete jogos, recorde absoluto que dificilmente será batido. Os 13 gols de Markus Naslund formam uma marca que também ainda não foi superada. Naslund e Forsberg tinham a química perfeita, já que jogavam juntos desde crianças na cidade onde nasceram — Ornskoldsvik — e depois atuaram pelo Modo AIK, nos juniores e na liga adulta. Os 69 pontos da linha, que contava também com Niklas Sundstrom, superou a marca do trio Esa Keskinen-Mikko Makela-Esa Tikkanen — 52 pontos em 1985.

Em suas duas participações nos mundiais de juniores, Forsberg acumulou 42 pontos. Na segunda, foi eleito o melhor atacante, superando seu companheiro Naslund e o canadense Paul Kariya. No ano seguinte, Forsberg marcaria o gol que resultou na medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Lillihammer (Noruega), justamente contra os canadenses. O detalhe é que, dos 31 pontos de Forsberg, dez foram contra a seleção do Japão, estreante em mundiais. Na partida em questão, a Suécia venceu por 20-1, constituindo a segunda maior goleada da história dos mundiais sub-20. Os orientais terminariam a competição com sete derrotas em sete jogos e assustadores 83 gols sofridos.

O ouro ficou com o Canadá, graças a um herói que a cada dia ganha mais espaço na NHL: Manny Legace. O goleiro defendeu 50 tacadas contra os suecos, na vitória canadense por 5-4 no terceiro jogo da competição. Na partida seguinte, foram 60 defesas contra a Finlândia. Canadá e Suécia terminariam com o mesmo número de pontos, mas o título ficou com o Canadá por causa da vitória no confronto direto.

Obviamente, Legace foi eleito o melhor goleiro da competição. Um fato que demonstra a importância do goleiro dos Red Wings é a ausência de seus jogadores da lista dos dez maiores pontuadores do torneio, apesar de contar com Paul Kariya, Martin Lapointe, Chris Gratton, Rob Niedermayer, Tyler Wright, Alexandre Daigle, e os defensores Chris Pronger, Adrian Aucoin e Mike Rathje. O defensor finlandês Janne Gronvall foi eleito o melhor de sua posição, apesar do tcheco Jan Vopat ter marcado 10 pontos — seis gols e quatro assistências — e igualado o recorde de pontos por um defensor na história da competição.

1994 - Mais uma vez o trio Canadá-Suécia-Rússia dominou o torneio. Para variar, a Suécia ficou com a prata pelo terceiro ano seguido. Foi a segunda de cinco conquistas consecutivas dos canadenses. Combinadas com as vitórias de 1990 e 1991, o Canadá venceu sete títulos em oito disputados durante os anos 90. Apesar do título em 1993, Perry Pearn não prosseguiu como treinador da equipe, função que foi dada a Joe Canale. Terminaram invictos, vencendo seis partidas e empatando uma, essa contra os russos.

Quatro canadenses ficaram entre os dez primeiros em pontos. Entre eles, Martin Gendron, dono de uma carreira ridícula na NHL, com apenas 30 partidas por Capitals e Blackhawks. No gol, Jamie Storr foi um dos destaques. Niklas Sundstrom liderou o torneio com 11 pontos e foi eleito o melhor homem de ataque. Seu compatriota, Kenny Jonsson, foi eleito o melhor defensor. No gol, a honra foi para o russo Yevgeny Ryabchikov. A seleção local, a República Tcheca, amargou um decepcionante quinto lugar. Os Estados Unidos tiveram a defesa mais vazada da competição e também decepcionaram.

Na próxima edição: o Canadá mantém seu domínio; destaques individuais para David Aebischer, Maxim Afinogenov, Matthias Ohlund, entre outros.

Colaboraram para essa matéria: Humberto Fernandes e Heiko Lundvall.

Eduardo Costa não se conforma por ter elogiado Peter Forsberg neste artigo.
HERÓI SUECO Em 1993, Forsberg marcou 31 pontos, incluindo o recorde de 24 assistências, sendo eleito o melhor atacante da competição (Arquivo The Slot BR)
 
A HISTÓRIA DOS MUNDIAIS DE JUNIORES
Parte I (edição 28)
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Página publicada em 22 de janeiro de 2003.