|  Por 
          Humberto Fernandes 
 Não era pra ser assim. E eu não deveria escrever este 
          artigo. Pelo contrário, queria estar comparando os motivos pelos 
          quais afirmei, seis meses atrás, que 
          o Detroit Red Wings seria bicampeão da Copa Stanley. Mas 
          como todos já sabem, isso não mais será possível. 
          Os Red Wings estão eliminados.
 
 O que aconteceu com eles? Não havia sete motivos que, desde sempre, 
          os classificavam como campeões? Sim, havia. Então algo 
          deu errado. Vejamos em qual(is) ponto(s).
 
 Dave Lewis: Não é uma simples 
          varrida na primeira rodada dos playoffs que vai desmerecer Lewis e seu 
          bom trabalho à frente da equipe. Ele continua sendo a melhor 
          opção como treinador, pelos mesmos motivos citados no 
          passado: conhece Hockeytown como a palma da mão. No mais, para 
          um treinador estreante, 110 pontos na temporada soa muito bem. Diferentemente 
          de Scotty Bowman, Lewis soube resolver os problemas da equipe sem radicalizar. 
          Quando Sergei Fedorov reclamou de seu reduzido tempo de gelo, o treinador 
          não se alterou e superou a questão. Ele ainda tentou de 
          todas as maneiras melhorar o jogo de Curtis Joseph  em vão. 
          Faltou-lhe um pouco de coragem para arriscar com Manny Legace.
 
 Steve Yzerman: O maior capitão da história 
          do hóquei recuperou-se da cirurgia, disputou 16 partidas na temporada 
          regular e ajudou o time a vencer 14 delas. Apesar de parecer estar em 
          melhor condição de jogo que no ano passado, Yzerman não 
          conseguiu carregar o time como na primeira rodada de 2002, quando os 
          Red Wings perdiam a série para o Vancouver Canucks por 2-0 e 
          venceram os quatro jogos seguintes. Felizmente, o capitão estará 
          de volta no próximo ano.
 
 Renovação: Apesar do fiasco nos playoffs, 
          os jovens jogadores agradaram bastante, com algumas restrições. 
          Maxim Kuznetsov era demasiadamente criticado e em março foi negociado 
          com o Los Angeles Kings. Fora isso, os demais mantiveram-se no time 
          com esperanças de maiores espaços. Jiri Fischer contundiu-se 
          em novembro, desfalcando o time pelo restante da temporada  seu 
          retorno é muito aguardado pelos fãs. Jesse Wallin e Jason 
          Williams tiveram boas oportunidades, mas não aproveitaram o suficiente. 
          Williams, então, fez uma ótima segunda metade de temporada 
          no time menor afiliado aos Red Wings, o que fez surgir novamente a expectativa 
          de que possa voltar à NHL. Enquanto isso, Dmitri Bykov e Henrik 
          Zetterberg cravaram seus nomes definitivamente como jogadores do Detroit. 
          O sueco deve concorrer ao prêmio de novato do ano, com méritos. 
          E Pavel Datsyuk... bem, Datsyuk é craque, ídolo e russo; 
          nada mais importa.
 
 Experiência: E não é que, justamente 
          no seu ponto forte, os Red Wings foram insuficientes nos playoffs? De 
          nada adiantou ter quatro jogadores acima dos 500 gols na carreira, nem 
          ter o melhor ataque da temporada regular, com 269 gols, foi suficiente. 
          Experiência? Muita, mas ineficiente. Diversos veteranos tiveram 
          atuações aquém do que se esperava, mesmo antes 
          dos playoffs, como Luc Robitaille e seus 11 gols. O tempo dele em Detroit 
          acabou. Outros três jogadores se queimaram um bocado na eliminação: 
          Mathieu Schneider, Chris Chelios e Brendan Shanahan. E certamente não 
          foi por falta de experiência.
 
 Curtis Joseph: Adeus, Dominik Hasek; bem-vindo, sofrimento. 
          A relação entre os fãs dos Red Wings e seus goleiros 
          retorna aos "melhores dias", graças a CuSieve. Péssima 
          temporada, falhas nos playoffs... e o melhor goleiro reserva da liga 
          (Legace), ali, no banco de reservas, aguardando uma chance do treinador 
           que não aconteceu. Tudo isso resultou em uma inevitável 
          afirmação: a contratação de CuSieve foi 
          um grande fiasco. E a decepção de toda a cidade não 
          foi por menos. Resta saber se o goleiro saberá lidar com isso 
          e terá cabeça para reverter a situação completamente 
          desfavorável. Desta maneira, os Wings continuam possuindo um 
          goleiro da elite, que é reserva e pouco atua, sendo que o titular 
          não é capaz de vencer jogos sozinho e ainda não 
          venceu a Copa Stanley. E nem vai vencer.
 Em tempo: a tradução de sieve é peneira.
 
 Profundidade: Definitivamente, este não é 
          um ponto que porventura possa ter atrapalhado o Detroit. A aquisição 
          de Jason Woolley após a contusão de Fischer mostrou-se 
          uma ótima tacada do gerente geral Ken Holland. Por outro lado, 
          envolver Sean Avery na vinda de Schneider não foi uma idéia 
          das melhores, já que o jogador era muito querido pela torcida 
          e apresentava um estilo de jogo que sempre fez falta ao time. Mesmo 
          assim, Holland tem seus méritos, afinal, profundidade defensiva 
          é sempre muito bem-vinda.
 
 Hockeytown: A cidade "morreu" no meio do 
          mês de abril. Não há outro esporte em Detroit. Não 
          há outro time. Nem outros ídolos. A tradição 
          permanece intacta, o respeito aos Red Wings também. Mas a tristeza 
          pela eliminação precoce e o prejuízo financeiro 
          dos donos da equipe são incomensuráveis.
 
 Por que os Red Wings não foram bicampeões? Talvez porque 
          eles não tenham merecido isso, embora as atuações 
          de alguns jogadores, dos quais muito se esperava, como Joseph, Chelios, 
          Schneider e Shanahan, forneça outra resposta à pergunta. 
          E ainda não se pode negar que o fato de ser o atual detentor 
          da Copa pesou nas expectativas do time.
 
 No fim, há sempre um próximo ano, uma outra oportunidade 
          de mostrar porque os Red Wings não são simplesmente um 
          time de hóquei, são um símbolo de superioridade. 
          Mesmo que esta superioridade esbarre em Jean-Sebastien Giguere; mesmo 
          que ela não seja capaz de marcar mais que seis gols em quatro 
          jogos.
 
           
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            | Humberto Fernandes tem a terceira partida da série entre 
              Wings-Ducks de 1997 gravada. Naquela vez a varrida também 
              foi favorável aos Wings. |  | 
           
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            | TRIO INFELIZ Luc Robitaille, 
              decepção durante toda a temporada, Brendan Shanahan, 
              inútil nos playoffs, e Dave Lewis, sem coragem para mexer 
              na equipe (Kevork Djansezian/AP - 16/04/2003) |   
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            | É O FIM Curtis Joseph, 
              o CuJo  ou CuSieve  segue o time... rumo às férias 
              já em abril! Ele não foi capaz de vencer jogos para 
              os Red Wings e ainda conseguiu causar derrotas em larga escala (Mike 
              Blake/Reuters - 16/04/2003) |  |