Por
Fabiano Pereira
Nesta época, na temporada passada, os Bruins brigavam com os
Hurricanes desesperadamente pela oitava colocação do Leste.
Infelizmente, o time de Raleigh venceu a disputa e enfrentou os Devils,
na primeira rodada. Nesta temporada, os Bruins brigam por algo maior
do que uma simples oitava colocação: brigam pelo título
de melhor time da Conferência Leste.
Em um dos confrontos definidores de colocações, o time
de Boston enfrentou o poderoso e favorito de início de temporada
Philadelphia Flyers, num jogo de quatro pontos. Sim, além de
ganhar seus dois pontos, você afasta o competidor direto da sua
cola. E nesta batalha de titãs os Bruins foram triunfantes, derrotando
os Flyers por 4-2, novamente contando com uma de suas maiores estrelas
para resolver: Bill Guerin marcou o gol da vitória, seu 37.º
até aquela noite.
Não foi "apenas" uma vitória: foi a sétima
consecutiva do time do estado de Massachusets fora de seus domínios,
mostrando que, quando os playoffs vierem, eles estarão preparados.
No primeiro período o goleiro dos Bruins, Byron Dafoe, não
estava em sua forma habitual, permitindo dois gols num período
de cinco minutos. O primeiro, marcado pelo recém-contratado central
Adam Oates, seu 12.º na temporada, com assistências de Chris
Therien e Eric Desjardins. O segundo, marcado pelo central Keith Primeau,
assistência do durão Donald Brashear -- ambos fazem parte
da linha que mais tem contribuído para o time, marcando gols
em quase todos os últimos jogos.
Mas o bom momento do time da Philadelhia terminava aí. Mostrando
ser um time totalmente diferente da temporada passada, os Bruins reagiram,
com muita força e entusiasmo, empatando a partida, ainda no primeiro
período. O grabdalhão Hal Gill marcou, diminuindo a vantagem,
e Glen Murray, em ótima fase, marcou seu 35.º gol, empatando
a partida.
Dafoe sofreu um massacre ofensivo no início do período,
com os grandes (literalmente) atacantes de Philadelphia atacando sua
frente: "No primeiro período, eles (Flyers) vieram para
cima de nós, atacando a rede. No segundo e no terceiro períodos,
nós fizemos um grande trabalho bloqueando-os, permitindo que
eu visse o disco. Eles são um time grande e levamos um tempo
para entrar no jogo".
Perfeita descrição de Dafoe. Seu time dominou o jogo a
partir do empate. Mas esta superiodade precisava ser traduzida em gols
e foi o que o asa direito Bill Guerin fez: disparou um chutaço
do círculo direito, após um passe do central Brian Rolston,
que passou no meio das pernas do goleiro dos Flyers, Brian Boucher.
O segundo período, além do gol de Guerin, foi um massacre
total: 15 chutes dos Bruins contra apenas sete dos Flyers. Nove chances
de gol contra apenas duas. A defesa grande e pesada dos Bruins mostrou
como se controla um jogo.
Falando em defesa, um dos especialistas em desvantagem numérica
dos Bruins selou a vitória no terceiro período. Brian
Rolston, que na semana passada quebrou o recorde do time em gols de
desvantagem numérica, com sete, marcou mais um, tirando Boucher
de sua posição e mancado puck com a mão invertida
(similar ao que fazem os tenistas, quando batem de backhand), num contra-ataque.
Foi a vingança do central, que havia tido um chute seu defendido
no primeiro período.
O jogo, entretanto, não foi marcado apenas pelos seis gols. No
primeiro período, penalidades como "agressão"
(roughing), "taco alto" (high stiking) e "briga"
(fighting major), foram constantes. Dennis Bonvie, dos Bruins, e Luke
Richardson, dos Flyers, dançaram uma bela valsa. Já Sean
Brown, dos Bruins, e Paul Ranheim, dos Flyers, preferiram algo mais
agressivo: o tuíste, pois além da briga, ainda trocaram
algumas foiçadas com seus tacos. Muitas penalidades, mas nada
decisivo no resultado da partida, como um Bloodbath.
Placar fechado, posições quase fechadas. Os Bruins ficaram,
após o jogo, com quatro pontos a mais que os Flyers. Rolston
sintetizou muito bem o diferencial nesta temporada em relação
aos Bruins da temporada passada: "Nós nos sentimos confiantes
que, se sairmos perdendo, ainda podemos vencer um jogo. Isto diz algo
sobre nossa qualidade de jogadores e caráter".
Diz mais que isso, Rolston. Diz que não é só o
retorno de um jogador que garante a vitória (Jeremy Roenick voltou
neste jogo, após contusão), mas uma defesa que se preocupa
em cumprir primorosamente seu papel, um atacante potente, na melhor
da forma, e um goleiro que pode dominar sozinho qualquer ataque adversário.
Será que vivenciamos neste jogo uma pequena amostra do que poderá
ser a final do Leste? Philadelphia Flyers x Boston Bruins. Realmente,
soa muito bem. Que os bons tempos e o bom hóquei no gelo vivam
sempre!
|
 |
POR ENTRE AS PERNAS NÃO
Sergei Samsonov, do Boston, tenta passar o disco por entre as pernas
de Brian Boucher (George Widman/AP - 02/04/2002) |
|
 |
VALSA Leke Richardson briga
com Dennis Bonvie (George Widman/AP - 02/04/2002) |
|
Boston Bruins |
2 |
1 |
1 |
4 |
Philadelphia Flyers |
2 |
0 |
0 |
2 |
PRIMEIRO PERÍODO -- Gols: 1, Philadelphia,
Adam Oates 12 (Chris Therien, Eric Desjardins), 5:19. 2,
Philadelphia, Keith Primeau 19 (Donald Brashear), 7:44. 3,
Boston, Hal Gill 4 (Nick Boynton), 14:53. 4, Boston, Glen
Murray 35 (vantagem numérica) (s/ assistência), 17:44.
Penalidades: P Stock, Bos (high sticking), 2:47; D Bonvie,
Bos (major fighting), 8:16; L Richardson, Phi (major fighting),
8:16; S Brown, Bos (slashing, fighting major), 11:51; P Ranheim,
Phi (slashing, fighting major), 11:51; P Stock, Bos (roughing),
13:36; D Brashear, Phi (roughing), 13:36; D Brashear, Phi (roughing),
15:56; D Mcgillis, Phi (holding), 19:34.
|
SEGUNDO PERÍODO -- Gols: 5, Boston, Bill
Guerin 37 (Brian Rolston, Glen Murray), 17:15. Penalidades:
S Brown, Bos (holding stick), 5:57; S Brown, Bos (holding), 13:50;
K Primeau, Phi (roughing), 20:00.
|
TERCEIRO PERÍODO -- Gols: 6, Boston, Brian
Rolston 29 (desvantagem numérica) (sem assistência),
6:48. Penalidades: S Brown, Bos (holding), 5:10; J Roenick,
Phi (roughing), 10:03.
|
Boston Bruins |
8 |
15 |
13 |
36 |
Philadelphia Flyers |
9 |
7 |
12 |
28 |
Vantagem numérica: Boston - 1 de
3, Philadelphia - 0 de 4. Goleiros: Boston,
Byron Dafoe (28 chutes, 26 defesas; campanha: 34-24-2). Philadelphia,
Brian
Boucher (36, 32; campanha: 18-15-4). Público: 19,679.
Árbitros:Don Koharski, Paul Devorski. Assistentes
de linha: Jean Morin, Pierre Champoux.
|
|