Por
Thomaz Alexandre
Muita gente no Brasil veio a conhecer o hóquei nos anos mais
recentes. Muita gente que viu Mario Lemieux pela primeira vez quando
ele voltou, gente para quem Wayne Gretzky é um nome distante,
gente que acha que o Montreal Canadiens é zebra e que o Colorado
Avalanche é um dos times mais tradicionais da liga.
Bem, uma impressão que essa fatia do público tem, e uma
impressão bem verdadeira, é a de que de ano em ano temos
uma série melhor de sete entre Toronto e Ottawa.
E o mais grave: que, dos dois, apenas o Toronto encontrar-se-á
na fase seguinte dos playoffs.
A própria imprensa de Ontário, notadamente a TV, já
tem ridicularizado os Senators. Parece que o pensamento é: "Vamos
torcer para que o Toronto ganhe rápido e chegue mais inteiro
à próxima fase".
O mais incrível é que, nos dois anos anteriores, o Ottawa
vinha de campanhas melhores e foi eliminado de maneira mais fácil.
Bem mais fácil. Já em 2002, todos têm frescas na
memória as lembranças do choque entre Daniel Alfredsson
e Darcy Tucker e do troca-troca de vitórias entre as duas equipes,
que fizeram jogos apertados até que o Ottawa desmoronasse por
completo no jogo 7.
O fim das temporadas de Martin, em três atos (e contando):
2000 -- Primeira fase dos playoffs, o Toronto vinha de trás
como sexto do Leste contra o campeão de divisão Ottawa.
Após algum equilíbrio nos primeiros jogos, o duelo entre
Curtis Joseph e Tom Barrasso começou a tender naturalmente para
o lado devido e esperado. Sem Alexei Yashin, que perdeu a temporada
por não chegar a um acerto de contrato (leia-se atitude de mercenário),
o Ottawa não foi páreo para o ataque liderado por Mats
Sundin: 4-2.
2001 -- Mais uma vez campeões do Nordeste, desta vez em
segundo na conferência, o Ottawa vinha para a revanche. E lá
estava Alexei Yashin. Do outro lado estava Curtis Joseph. Dos dois,
só o segundo importou. CuJo começou a série com
dois shutouts, só perdendo o terceiro no último período
do jogo 3, que o Ottawa empatou milagrosamente em 2-2 quando deixou
sua rede vazia para adicionar mais um patinador. Mesmo assim, na prorrogação,
nada passou por CuJo, dando tempo para que o Toronto fizesse 3-0 na
série. No quarto jogo, não havia mais motivação
alguma para os Senators, que só esperavam a varrida.
2002 -- Desta vez, Toronto e Ottawa já esperavam se encontrar
na primeira fase, mas uma súbita queda dos Senators no fim da
temporada colocou-os em sétimo, enquanto o Toronto se segurava
na quarta posição. Após o Toronto suar contra o
New York Islanders, numa série de 4-3 em que ambos os times perderam
jogadores chave, incluindo Sundin pelo Toronto, e o Ottawa destruir
os Flyers num 4-1 de virada, o erro no destino estava corrigido. Patrick
Lalime vinha de uma série incrível e mostrou que desejava
continuar. (Quase) Nunca intimidado por Joseph, ele teve performances
sólidas, principalmente nos três primeiros jogos. O Ottawa
pulou na frente três vezes na série (1-0, 2-1 e 3-2), deixando
o abalado Toronto empatar em todas elas. Na quinta partida, vencida
pelo Ottawa, ocorreu o comentado choque entre Alfredsson e Tucker, tirando
Tucker do jogo e culminando no gol da vitória do Ottawa. Naquele
jogo, porém, o Ottawa perderia seu surpreendente melhor defensor
Zdeno Chara, que não voltaria mais na série. Tudo isso
parece ter acordado o Toronto, ou melhor, CuJo, Gary Roberts, Alyn McCauley
e Alexander Mogilny. Joseph fechou o gol daí em diante, Roberts
e McCauley mantiveram bem azeitada sua máquina de pontos e Mogilny,
bem, esse voltou a simplesmete decidir. Já havendo eliminado
os Isles com um par de chutes no fundo da rede, ele voltou a marcar
os gols da vitória nos jogos 6 e 7, marcando um par neste último.
Sem Sundin, sem Tucker, sem Yushkevich...
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Thomaz Alexandre, redator também em paradisemetal.com, não acredita
num estilo de música propício para o hóquei: hóquei já é o esporte
propício para a música. |
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ROTINA Um Patrick Lalime chateado
passa pela comemoração dos Leafs no jogo 7 (Brendan
McDermid/Reuters - 14/05/2002) |
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