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11 de junho de 2004
Alguém compre um protetor solar!

Por Bruno Bernardo

A Copa Stanley precisa de um bronzeado, diziam os cartazes na arena em Tampa Bay, e ela vai ficar mesmo mais douradinhá neste ano. O time da Florida venceu uma das séries mais empolgantes da história do hóquei, e não tenho dúvidas em dizer que foi a melhor a que já assisti até hoje.

Neste artigo irei analisar as principais peças dessa grande máquina de raios, de maneira breve, claro, pois senão precisaria de uma edição única, além de muito tempo. Apresentamos os componentes:

Brad Richards —
O Jogador Mais Valioso, não precisaria dizer mais nada, mas tenho que comentar isso: Se Richards marca um gol, seu time não perde o jogo. Isso aconteceu 33 vezes na temporada, foram 31 vitórias e dois empates. Somente nesta pós-temporada ele teve 26 pontos em 23 jogos, liderando a equipe. O troféu Conn Smythe é merecidissimo.

Chris Dingman —
De novo ele. Na minha opinião Dingman nasceu com muita sorte, foi membro do grande time do Colorado Avalanche quando ganhou a Copa Stanley de 2000 e agora é membro do Tampa Bay. Ele não passa de um jogador de quarta linha, mas está sempre nos bons times, o que lhe dá algum mérito. Jogou bem quando precisavam dele.

Cory Stillman —
Cory Stillman jogou pelo Calgary durante muito tempo. É irônico que ele tenha vencido a Copa Stanley batendo seu time anterior, porém ele foi um jogador valioso para o time. Stillman, que veio nesta temporada numa troca com o St. Louis Blues no dia do recrutamento, possui uma velocidade diferencial, que foi um dos motivos dele ter dado o primeiro passe para o gol vencedor de Fedotenko no jogo 7.

Darryl Sydor —
Sydor veio para a defesa do Lightning no meio da temporada, e como isso ajudou o time de Tampa! Junto com Kubina, Sydor anulou o jogo de Jarome Iginla, e terminou com sete pontos na pós-temporada. Ele também foi um jogador muito disciplinado, com apenas seis minutos de penalidades nos playoffs. Com certeza, sem ele, a vitória teria sido muito mais difícil.

Dave Andreychuk —
Depois de 22 anos, finalmente ele vence uma Copa Stanley. Ele foi o líder do time, um veterano, o capitão. Com um time jovem, como é o Tampa, alguém tem que fazer este trabalho, e Dave foi o jogador para isso. A diretoria de Tampa já queria alguém como ele há muito tempo, e quando seu nome ficou disponível, eles não tiveram dúvida, quiseram contratá-lo e, após três temporadas, isso deu resultado. Ele não fez nenhum gol nessa série final, mas nem precisava, só a sua presença no gelo inspirava seus colegas e mobilizava um pouco da atenção da defesa de Calgary. Junto com Ray Bourque, ele foi o jogador que teve que esperar mais tempo para escrever seu nome na Copa Stanley, e acredito que agora, assim como Bourque, ele encerra a carreira.

Dmitry Afanasenkov —
Esse é um nome novo, mas importante para o time. Seu desempenho foi importante para a vitória da equipe, ele foi o tipo do jogador que ninguém percebe muito, mas que acaba fazendo boas partidas. Ele sempre teve uma média de mais de 10 minutos nos jogos, sendo um bom nome para o futuro do time.

Fredrik Modin —
Um dos membros da linha principal, ficou meio que na sombra de Lecavalier e St. Louis, mas conseguiu fazer bons jogos, conquistando a Copa Stanley pela primeira vez com 19 pontos em 23 jogos na pós-temporada.

Martin St. Louis —
Candidato a jogador mais valioso da temporada, líder em pontos na liga, ninguém conseguiu tirar a pilha desse jogador. Seu gol na prorrogação do sexto jogo foi, sem dúvida, o mais importante de sua carreira. Considerado pequeno por muitos olheiros na liga, ele provou a todos, e a seu antigo time, que é um jogador indispensável. Com uma visão de jogo rara e um entendimento dos momentos da série, ele permaneceu calmo, não se descontrolou e teve jogos memoráveis para todos os fãs de hóquei. Ele era minha escolha para jogador mais valioso, e poderia, sim, ter ganho, por que não?

Nikolai Khabibulin —
Ele foi o muro que salvou Tampa de algumas derrotas. Com duas atuações magistrais ele fechou o gol e deu as duas últimas vitórias para a equipe da Florida. Três fatores foram chave nessa série, e os três aconteceram nos últimos dois jogos. Primeiro, a grande defesa com o pé no disparo de Martin Gelinas, que muita gente pensou que havia sido gol no lance. Segundo, outra defesa sensacional no segundo período no jogo 7. E o terceiro ponto, para mim o mais importante, o foco, no terceiro período, Bulin fez, nem sei quantas, umas sete defesas difíceis para segurar a vitória. Ele é, salvo engano, o primeiro goleiro russo a ganhar uma Copa Stanley. Sem dúvida um prêmio merecido para ele, que foi uma das peças mais importantes do time.

Pavel Kubina —
Duas palavras: bloquear chutes. Pelo menos 15 discos nos últimos dois jogos foram bloqueados por Kubina. Isso é a marca de um jogador que está disposto a pagar o preço por uma Copa Stanley, seja perdendo dentes ou ficando com marcas roxas. Kubina, junto com Sydor, anulou Jarome Iginla, que mal conseguiu disparar a gol nos últimos jogos da série.

Ruslan Fedotenko —
Ele veio do Philadelphia por uma escolha no recrutamento, e essa troca deu muito certo para o Tampa. Afinal, o que pode se dizer de um jogador que marca os dois gols da vitória num jogo 7 das finais da Copa Stanley? Fedotenko foi um jogador muito visado na série, sofreu com a marcação pesada, teve vários cortes e arranhões, e jogou com puro coração. Sua velocidade é um ponto forte, que deixou a defesa do Calgary atrapalhada em muitos lances.

Tim Taylor — Veterano, Tim Taylor tem uma carreira extensa, já jogou em tudo quanto foi time. Seu melhor momento talvez tenha sido no jogo 6, quando um disparo seu causou o rebote no qual St. Louis marcou o gol da vitória. Essa foi sua segunda Copa Stanley, a primeira veio com Detroit em 1997.

Vincent Lecavalier —
Outro que dispensa comentários, passou um tempo preso à defesa do Calgary, mas, quando encontrou seu jogo, foi perfeito, deixou a defesa adversária tonta e deu um passe para Fedotenko marcar o gol da vitória. Depois disso ele não parou mais, infernizou os Flames com jogadas excelentes e quase marcou o seu numa bela defesa de Kiprusoff. Sua visão e criatividade foram essenciais para o Tampa, é outro jogador daqueles que mereceram vencer a Copa Stanley.

Dan Boyle —
Ele veio do Florida Panthers para seu time rival. É o tipo de jogador que faz tudo pelo time, jogou muito na série e foi um dos pilares na equipe de vantagem numérica. Sem dúvida outro jogador daqueles que fazem falta. Não poderia terminar esta matéria sem falar de John Tortorella, afinal o técnico do time também tem méritos. Sua idéia nesta série foi simples, apenas excitar os jogadores, dar o suporte psicológico necessário para seu time vencer a série. Ele sabia que não tinha como ensinar mais nada a essa altura. O vestiário do Tampa tinha um cartaz: "Segura, é a morte". E esta foi a mentalidade de seu time, que jogou focado no título até os últimos segundos do último jogo, sem achar que a série já estava ganha. E tomara que esse título seja o inicio de mudanças no estilo de jogo da NHL, pois é muito bom ver duas equipes com mentalidade ofensiva disputando finais! Parabéns ao Tampa Bay Lightning!

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Começamos hoje com um texto enviado pelo nosso amigo Miojo (que vou deixar em versão original):

* "A temperatura no local não deve passar dos 10 graus. Até porque, mais que isso, nossa quadra derreteria. O corpo nessa hora passa a ser uma máquina. Todo poder e determinação que ainda me restam estão em ação nesse momento. Adrenalina, velocidade, paixão. O disco vem em minha direção. O que fazer? De relance, consigo ver rostos de mulheres, crianças, adolescentes fanáticos, adultos, velhos homens que já assistiram a várias partidas. Será que teriam eles mais experiência que eu? Não posso julgar isso agora, pois meu adversário vem em minha direção. Seu objetivo é o mesmo que o meu. O disco. Com toda a perícia que consegui adquirir até hoje, faço um jogo de corpo, a famosa "ginga", e consigo passar por ele. A única coisa que me separa do gol é o goleiro do outro time. Alto, imponente, passa a imagem de um verdadeiro guerreiro pronto a defender tudo o que lhe é caro. E se pensarmos bem, esse é mesmo o objetivo dele. Não sei se ele tem mulheres ou filhos. Pela cara não parece passar dos 30 anos. Ainda é novo. Seu pai deve estar entre os milhares de rostos presentes na arena, assim como o meu está. Estão torcendo por motivos diferentes, por filhos diferentes. Mas no fundo tudo é igual. Sim, igual. A paixão pelo hóquei aflora na pele de qualquer um nessa cidade inteira. Com certeza o cara que pilota o zamboni também é fanático, e sé não joga hóquei por falta de oportunidade. Será que ele jogaria melhor que eu, e saberia exatamente o que fazer agora? Talvez sim, talvez não. Taí uma pergunta que nunca vou responder. Estou correndo em direção ao guerreiro deles. Todos os meus companheiros de time estão pelo menos uma linha de jogo atrás de mim. Aposto que não estão nem correndo, mas sim torcendo, vibrando, no seu interior, para o meu sucesso. Nessa hora isso é tudo. Sucesso x fracasso. P x Q. O que deveria eu fazer? Nada mais ouço, nada mais vejo, apenas um corredor que me leva em direção ao gol. Mas antes, como transpor a barreira que se encontra à minha frente? Tento olhar para uma brecha, um espaço que seja. Visualizo o seu canto direito desprotegido. Nessa hora, não temos muito tempo pra pensar, então coloco toda a minha força e vivacidade nos braços, e desfiro um rápido golpe, potente e certeiro. O disco bate no patim do goleiro, roda, bate na trave, e entra. Nesse momento, em que a minha mente estava obscura, consigo ver a multidão me aclamar como herói. As luzes piscam. O telão indica que somos campeões. Estou paralisado, vivendo num átomo de tempo toda a minha vida dedicada ao esporte. O fracasso segue para o goleiro, juntamente com sua equipe. E seu pai. E as crianças que ali estavam, torcendo e gritando por ele. Sinto pena dele. Fico triste. Mas lembro que do outro lado tenho meus amigos, família e todas as pessoas que nem mesmo o nome eu sei, mas que me apóiam, direta ou indiretamente, na minha vida. Assim é o hóquei sobre o gelo. Amizade, companheirismo, sabedoria. Só penso em seguir para o vestiário nesse momento. Está feito, está tudo feito...."
Daniel Miojo, GM dos Corsarios/Moto-Taxis, Uberlandia, MG


* "Esqueci de falar uma coisa: meu blog é atualizado às segundas, quartas, sextas, sabados e domingos até o começo da temporada regular. Aí o blog será atualizado sempre que houver jogo do Carolina."
Fernando da Silva, São Paulo, SP


Tá dado o recado! Para quem ainda não sabe, o blog do Fernando é http://carolinahurricanes.ta-na.net/

* "Olá! Sou novato no hóquei, mas acompanhei as finais vencidas pelo Tampa Bay. Tenho algumas dúvidas... Vocês podem me esclarecer algumas regras do hóquei??? Aqui vão: 1) O que significa icing e offside? 2) O que é e quando é marcado um power play? 3) Qual foi o melhor time de hóquei de todos os tempos? 4) Quando são marcados os face-offs?
Mauricio, São Paulo, SP


Vamos lá:

1) O icing é marcado quando um jogador na sua zona defensiva joga o disco cruzando todo o gelo para o outro lado indo parar na área situada atrás do gol adversário. É sinal de que o jogador está querendo se livrar do disco de qualquer jeito. Na NHL o icing só é marcado quando um jogador (da mesma camisa do goleiro, preste atenção na cena) toca no disco primeiro. Offside (impedimento) acontece quando um jogador está na sua zona ofensiva antes do disco, ou seja quando ele entra na zona ofensiva (linha azul) antes do disco.

2) O powerplay (situação de vantagem numérica) ocorre quando o time adversário comete uma penalidade como a rasteira (tripping), choque em cruz (cross-checking) ou jogo duro (roughing), dentre outras. O jogador vai para o banco de penalidades por dois minutos (se a penalidade for mais grave, esse numero aumenta) e o outro time fica com um jogador a mais no gelo.

3) O que ganhou mais títulos foi o Montreal. Os Canadiens são, com 23 títulos, sem dúvida, o time mais tradicional. Se considerarmos apenas um time em uma época, não dá para escolher um deles. Temos os Islanders do inicio dos anos 80, que venceram quatro títulos, o Edmonton Oilers de Gretzky e Messier, o próprio Montreal da década de 50. Eram todos times espetaculares.

4) Face-offs ocorrem no inicio de uma partida, após penalidades, e basicamente em toda ocorrência de reinicio de jogo (apos um icing ou um offside, por exemplo).

Deu pra entender?

Bruno Bernardo pode ser encontrado em http://www.jackwalker.cjb.net.

 

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Página publicada em 9 de junho de 2004.