Por: Eduardo Costa

O Tampa Bay Lightning é uma das mais quentes equipes do momento. Possui o atual líder da corrida pelo troféu Maurice Richard, Vincent Lecavalier. Ele, junto a outro companheiro de time, Martin St. Louis, só vê Sidney Crosby com mais unidades na tabela dos maiores pontuadores da temporada. A terceira jóia da coroa, Brad Richards, também anda ganhando honrarias, como ter sido escolhido uma das três estrelas da NHL na última semana. Mas o time também possui um velho problema entre as traves, que ainda tira o sono de boa parte da torcida.

Esses tópicos, e outros, serão abordados nesse espaço. E se isso não for suficiente para o estimado leitor conferir o conteúdo, fique sabendo que também incluí aqui o final de Lost, a cura para o mal da vaca louca e senhas grátis para o Bang Bus. É entretenimento para toda a família. Aproveitem.

Até a virada do ano o Atlanta Thrashers parecia soberano e absoluto na Divisão Sudeste, até perder o protagonismo para o Lightning. No mesmo período em que o time da Flórida começou a crescer na temporada, o da Geórgia, por relaxamento ou não, seguiu o caminho inverso. Se verificarmos apenas os últimos dez jogos veremos uma campanha de 7-2-1 para os Bolts, que contrasta com a de 2-6-2 dos Thrashers. A ultrapassagem, e uma leve folga na tabela, se deu justamente no confronto direto há alguns dias. Depois houve uma derrapagem, conta o Boston Bruins, e a recuperação, contra outra equipe que está quente, o Pittsburgh Penguins.

Nessa última partida ficou evidente o bom momento vivido por Martin St. Louis, Brad Richards e Vincent Lecavalier. É bom lembrar que esses três, sozinhos, consomem a generosa fatia de US$ 21 milhões da folha de pagamento do time. E com o teto salarial instaurado na NHL, é fundamental que esses atletas produzam o esperado. E o trio vem apresentando números condizentes com esse alto investimento.

Lecavalier nunca decepcionou por completo os que esperavam que ele se tornasse o principal nome da franquia, mas por muitas vezes foi tido como um jogador sem o devido espírito de time e sem aquele desejo cavalar pela vitória. Sem falar na inconsistência, muitas vezes citadas publicamente pelo treinador John Tortorella. Em 2004, Lecavalier chegou bem próximo da unanimidade. Foi fundamental na conquista canadense na Copa do Mundo de Hóquei e na campanha vitoriosa dos Bolts na Copa Stanley. Mas depois voltou a enfrentar o fantasma da já citada inconsistência.

Antes da atual temporada, o gerente geral do time, Jay Feaster, disse que esperava algo em torno de 50 gols de Lecavalier. Tortorella também deixou clara a necessidade do central mostrar regularidade. Enviei alguns e-mails para o site dos Bolts querendo saber sobre o que foi realmente pedido ao central, mas fomos ignorados, então roubei o que Tortorella disse ao jornal St. Pete Times:

"Nas últimas duas temporadas ele amadureceu, se tornou um grande jogador em certas partes do ano. Alguns bons jogos aqui, outros ali. Aí tivemos uma conversa franca sobre a necessidade dessa maturidade e dessa responsabilidade, que eu via em algumas partidas isoladas, estarem presentes de uma maneira mais constante durante a temporada. E ele aceitou esse desafio." Seu 41.º gol na temporada, contra os Penguins, e o fato de não ter pontuado em apenas cinco dos últimos 38 jogos atestam que Lecavalier vem correspondendo aos anseios de Feaster e Tortorella.

O companheiro de linha de Lecavalier, St. Louis, chegou nesse último cortejo contra o time de Pittsburgh ao seu 38.º gol, a melhor marca de sua carreira nesse quesito.

Ainda permanece um mistério a grande queda de produção do diminutivo ponta na última temporada. Apenas relembrando que em uma NHL dominada pelas obstruções, St. Louis obteve o Troféu Hart (jogador mais valioso) e o Art Ross (maior pontuador) em 2003-04. E na temporada seguinte, onde teoricamente um jogador veloz, ágil e oportunista como ele deveria explodir de vez numa NHL que passou a respeitar as regras, teve uma subtração de 33 pontos ao final da mesma, em comparação com os 94 anteriores.

Se mantiver sua média atual, St. Louis chegará à marca centenária de pontos. Nada mal. Ele está dominante em todas as situações e recuperou seu posto de um dos jogadores mais carismáticos de toda a NHL.

O terceiro elemento de poder ofensivo é Brad Richards. Ao contrário de St. Louis, Richards não decepcionou em 2005-06. Mesmo assim, até pouco tempo atrás, muitos ainda olhavam com desconfiança para seu contrato de cifras gordas. Não vou ser cínico, eu também olhava desconfiado, mas provavelmente era só inveja e não desconfiança.

Richards vem de 12 assistências nos últimos oito jogos. Para ele o mais destacável do time no momento é não ter perdido jogos consecutivos desde as derrotas que aconteceram nos dias 26 e 28 de dezembro. Atuando numa linha que também conta com Eric Perrin e Ruslan Fedotenko, Richards vem recebendo missões complicadas, como a contra os Pens, onde teve que acompanhar de perto as patinadas de Sidney Crosby. O melhor jogador do mundo passou em branco e como se isso fosse pouco, Richards ainda somou quatro pontos no jogo. Por essas e outras acabou sendo eleito pela NHL um dos destaques da última semana.

Bem, até agora falei da parte agradável. Agora a quota de notícias ruins. Minha garrafa de tequila Jose Cuervo acabou. E como se isso não fosse o bastante, desde que Nikolai Khabibulin rumou para a cidade dos ventos, Chicago, o Lightning vem sofrendo para achar um substituto que seja, pelo menos, confiável.

Os atuais goleiros no elenco, Johan Holmqvist e Marc Denis não convencem nem o mais otimista torcedor do Lightning. A média de porcentagem de defesas dos dois, somadas, ocupa a lanterna da liga. E vem sendo assim durante um bom tempo, sempre alternando posições com o Philadelphia Flyers e o Los Angeles Kings.

Denis tem um belo contrato e chegou para ser titular, mas com uma média superior a três gols sofridos por jogo, acabou perdendo a vaga para Holmqvist. Durante essa boa fase da equipe nos últimos dez jogos os dois até que deram uma melhorada em suas estatísticas, mas nada que fizesse o amigo torcedor dos Bolts cantar Hava Nagila na chuva. Eles sabem que com essas duas figuras uma viagem longa nos playoffs é improvável.

Para minimizar o estrago que a falta de categoria no gol pode causar, entra em ação Tortorella. Ele armou uma defesa sem grandes nomes, mas cumpridora e disciplinada como poucas na liga e que tem uma das menores médias de chutes sofridos por jogo. Destacando aí Dan Boyle, Filip Kuba e Paul Ranger. E nem teria como essa defesa não ser desse jeito, disciplinada, já que Tortorella é um dos mais indóceis e exigentes treinadores da NHL. De fato, a última edição da National Geographic apresentou uma lista dos 100 seres vivos mais indóceis do globo terrestre e o treinador do Tampa Bay ficou em 47.º, entre o terrorista egípcio Emil Al-Mohammad Jabul e o terrível crocodilo assassino da Costa Rica.

Tortorella recebeu, perto do dia limite de trocas, o jovem defensor Shane O'Brien. Os números não mentem: com 140 minutos e 12 brigas na temporada, o ex-Duck vem adicionar brutalidade em um time que contava apenas com o capanga Andre Roy. Obviamente que o desejo maior da torcida para o dia limite de trocas era um goleiro, mas havia também a necessidade de acrescentar um jogador como O'Brien, que custou uma escolha de primeira rodada mais o goleiro Gerald Coleman.

O capitão dos Bolts, Tim Taylor, vê na adição de O'Brien mais uma prova de que a alta cúpula do time acredita que esse time possa ir longe nos playoffs por estar investindo no "hoje".

Como eu disse antes, sem um goleiro de nível fica difícil. Cam Ward e Dwayne Roloson reafirmaram na última pós-temporada o quão fundamental é ter um bom goleiro quando os jogos valem mais. Portanto, é primordial Martin St. Louis, Brad Richards e Vincent Lecavalier continuarem iluminados para que uma segunda final de Copa Stanley se torne um sonho possível para os Bolts.

EXTRA! EXTRA!

Ahhh, nada como elogiar um time e o mesmo perder o jogo seguinte, pouco antes da coluna ser enviada para a redação. Tampa Bay recebeu o Dallas Stars na noite de terça-feira e o eslovaco Ladislav Nagy fez na prorrogação o gol do 2-1. Lecavalier não pontuou e Holmqvist teve uma grande atuação. Será que não tem uma revista de críquete precisando de um colunista (?) pé-frio em algum lugar?

Eduardo Costa ainda não acredita que os Sabres mandaram Jiri Novotny e uma escolha de primeira rodada para os Capitals em troca de Dainius Zubrus!
Jim McIsaac/Getty Images
Vincent Lecavalier marca contra os Devils um de seus 41 gols na temporada. O jogador lidera a briga pelo Maurice Richard.
(11/02/2007)
Chris O'Meara/AP
Johan Holmqvist vem melhorando sua performance nas últimas partidas, mas poucos confiam que o sueco possa brilhar pelo time na pós-temporada.
(27/02/2007)
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Página publicada em 28 de fevereiro de 2007.