Por: Marcelo Constantino

Depois da mais que lamentável temporada de 2006-07, na qual as expectativas eram boas e o resultado foi patético, o Philadelphia Flyers está dando a volta por cima neste começo de temporada. Até o fechamento desta edição, eram 6 vitórias em 7 jogos, o que deixava o time na liderança da Divisão do Atlântico.

Livres de Bob Clarke e sua, digamos, pesada personalidade, os Flyers encontraram no novo gerente, Paul Holmgren, algo mais equilibrado. Suas mexidas no elenco para esta temporada demonstram claramente uma nova visão gerencial da franquia.

Boas e pontuais aquisições, assim como uma boa barca com jogadores saindo, trouxeram o Philadelphia de volta ao grupo que não faz apenas figuração na temporada da NHL. A começar por Martin Biron — contratado ainda na temporada passada —, um bom goleiro que agora passa por melhores bocados. Muito melhores, aliás: depois de ser escolhido como a estrela número 1 por três jogos consecutivos, ele acabou escolhido também como uma das três estrelas da semana. Com um GAA abaixo de 2, Biron talvez seja o melhor goleiro da liga neste começo.

A melhor aquisição certamente foi a de Daniel Briere, disputadíssimo e caríssimo jogador do Buffalo Sabres que veio para assumir o posto de central número 1, o mesmo posto para que Peter Forsberg fora contratado na última temporada. A perspectiva com Briere no time é bem melhor, comparativamente. Seus 4 gols e 11 pontos em 7 jogos já sinalizam isso e o duo com Scott Gomez (4 gols e 8 pontos) promete. Adicione à dupla o ótimo começo de Mike Richards (5 gols e 9 pontos) e você já tem um bom e diversificado arsenal para disparar contra os goleiros adversários.

O ponto principal da chegada de Holmgren é que as outras aquisições que ele realizou tornaram o time realmente melhor. Jogadores como Joffrey Lupul, Jason Smith, Kimmo Timonen e Scott Hartnell são daqueles que não se destacam muito, mas que contribuem regularmente e compõem com muita eficiência o que se chama profundidade de uma equipe.

Timmonen, por exemplo, é um defensor acima da média. Não vale todo o astronômico salário que recebe — isso faz parte do retorno da insanidade dos gerentes à NHL —, mas é daqueles defensores que podem liderar o setor defensivo de um bom time. Tanto ele quanto Briere e Smith já foram capitães em outros times, o que traz uma liderança nova e diversificada para um time recentemente marcado por ter líderes um tanto discutíveis, como Eric Lindros e Keith Primeau.

Além de Timmonen e Smith, este com um estilo mais defensivo ainda, os Flyers estão contando na defesa com um ressurgido Derian Hatcher, até aqui com um bom hóquei de volta e um tanto surpreendente +6. O belo passe para Simon Gagne marcar o gol da vitória, no OT, contra os Hurricanes sinaliza esse retorno do pesado defensor aos bons momentos.

Por outro lado, enquanto Joffrey Lupul produz a contento, Scott Hartnell, que fez uma temporada muito boa com os Preds no ano passado e ganhou um belo contrato (mais de US$ 4 milhões) no Philadelphia, não deslanchou no time: até segunda-feira eram apenas duas assistências.

Além das contratações de qualidade, o time conta ainda com dois brutamontes, Jesse Boulerice e Steve Downie — ambos já devidamente suspensos pelo exercício de suas atividades —, tanto para entreter a torcida quanto para efetivamente usar a velha tática da intimidação, algo cada vez mais raro na NHL, porém, ainda com seu valor.

Depois da vergonhosa campanha passada os Flyers têm tudo para voltar a não apenas chegar aos playoffs, mas efetivamente ter alguma chance de disputar a Copa. O fim da era Bob Clarke é, de longe, o melhor presente que a franquia teve nos últimos anos.

Desde a megalomania da troca que levou Eric Lindros para Philadelphia até a catástrofe da temporada passada, acredito que foi um ciclo encerrado na história dos Flyers. Das exacerbadas esperanças depositadas em Lindros, o máximo que a equipe conseguiu foi ser varrida em 1997 nas finais da Copa Stanley. É bem verdade que o trio John LeClair - Eric Lindros - Mikael Renberg (a famosa Legion of Doom, ou Esquadrão da Morte, dependendo da versão que você ouvia) dava gosto de ver jogar. O próprio Lindros foi seguramente um dos melhores jogadores da NHL no meio da década de 90. Mas ele (e Bob Clarke também, porque não?) representa uma era de fracassos, de grandes expectativas e grandes decepções. Que culminaram com a inacreditável lanterna da temporada passada. Ao menos Paul Holmgren não cria grandes expectativas. O primeiro passo é apagar aquela mancha da temporada passada, e, para isso, nada melhor que uma boa e honesta campanha nos playoffs. Depois será hora de voltar a almejar a Copa.

Marcelo Constantino não para R$ 200 para ver The Police.
Rusty Kennedy/AP
Creia: Martin Biron faz um começo de temporada digno de Vezina.
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Página publicada em 24 de outubro de 2007.