Por: Alexandre Giesbrecht

Cinco pontos em uma só partida é um total significativo. Ainda assim, é difícil dizer que na vitória por 10-2 dos Capitals sobre os Bruins Alexander Ovechkin, com três gols e duas assistências, tenha sido o único responsável. Não foi, mas sua atuação serviu para colocá-lo de volta na artilharia da liga e, ainda mais importante, para dar um tempero especial aos últimos 30 e poucos dias da temporada, porque a briga com o também russo Evgeni Malkin promete ser empolgante.

Malkin tinha ascendido ao topo com uma produtividade impressionante depois de Sidney Crosby, o "dono" do time, contundir-se em janeiro e deixar o time. Crosby voltou na terça-feira, mas Malkin tratou de fazer o time não perder o rumo sem seu capitão e marcou 14 gols e 36 pontos nos 21 jogos sem ele.

Parece que a avalanche de pontos de Malkin acendeu o fogo de Ovechkin. Ele começava a ficar para trás quando desembestou a marcar pontos contra os Bruins. No dia seguinte, seu adversário marcou um gol em rede vazia contra o Tampa Bay e ficou um ponto atrás. Vincente Lecavalier (nove pontos atrás de Malkin), Daniel Alfredsson, Jarome Iginla (dez cada) e o resto já precisam de lunetas para enxergar o par de russos na liderança. Curiosamente, ambos estão exatamente nas mesmas posições que foram recrutados, embora essa situação possa mudar até o último dia da temporada.

O segredo de Ovechkin é chutar a gol sempre que puder. Ele já disparou nada menos que 355 vezes a gol, 65 a mais que Olli Jokinen, o segundo colocado. Para se ter uma idéia, mantendo a sua média Jokinen precisaria de cerca de 15 partidas a mais que o jogador dos Capitals para alcançá-lo. Isso, claro, causa um belo estrago no aproveitamento de chutes de Ovechkin (ele é o 47.º da liga nessa categoria), mas isso é mais que compensado no número de gols marcados. Ele tem 52, dez a mais que o segundo colocado, o também russo Ilya Kovalchuk.

Com Malkin sendo o quarto goleador da liga, a Rússia tem três dos quatro primeiros, um domínio impressionante, principalmente se levarmos em conta que entre os 30 primeiros há apenas um outro compatriota, Alexei Kovalev (18.º). Kovalchuk e Malkin têm um desempenho melhor no aproveitamento de chutes (são respectivamente o 9.º e o 17.º colocados), o que me faz imaginar quantos gols eles não teriam se usassem o "truque" de Ovechkin, deixando emocionante também a briga pelo Troféu Rocket Richard.

Esquecendo os outros russos — tarefa difícil, pois eles não param de fazer a buzina tocar e a luz vermelha acender —, podemos nos concentrar em Alex. Ele tem sido a definição mais exata de "carregar o time nas costas" desta temporada. Ele participou de pouco menos que metade dos gols de seu time e, se os Caps conseguirem abocanhar uma vaguinha nos playoffs, dará para se afirmar categoricamente que sem ele seria impossível. E essa vaga está longe de ser tarefa impossível. Alcançar os Flyers, quatro pontos à frente, não é tarefa das mais fáceis, mas alcançar os Hurricanes na liderança de divisão soa cada vez mais provável, especialmente com os gols brotando de esporos para o principal jogador do time.

E engana-se quem pensa que os 90 pontos de Ovechkin foram obtidos à custa da defesa. Tudo bem que ele está longe de ser um grande atacante defensivo, mas, ainda assim, tem o segundo melhor +/- do time, com +14, apenas um atrás de Viktor Kozlov, isso sem falar que mais da metade do time tem +/- igual ou inferior a zero.

Como ninguém espera que ele seja um novo Ron Francis, podemos nos focar no ataque. No ritmo com que ele tem produzido ao longo de sua ainda curta carreira, Ovechkin deverá bater todos os recordes da franquia. Com 13 anos de contrato pela frente, ele nem precisaria se esforçar muito para bater um ou outro recorde, porque a concorrência histórica em Washington é fraca. A perspectiva é de ver o nome dele aparecendo mais no guia dos Capitals do que o de Wayne Gretzky no guia dos Oilers.

Para se ter uma idéia, com o primeiro gol do hat trick contra os Bruins, Ovechkin atingiu a marca de 50 na temporada pela segunda vez em sua carreira. Apenas dois outros jogadores na história dos Caps conseguiram esse feito por duas vezes: Peter Bondra e Dennis Maruk. Ninguém conseguiu fazê-lo por três vezes em Washington. Até Ovechkin, quero crer. A próxima meta é bater o recorde de gols em uma temporada, que hoje é de Maruk, com 60. Ovechkin tem hoje 52 e 15 partidas pela frente. Parece mais que factível: parece provável.

Notável ainda foi a velocidade com que Ovechkin marcou os 50 gols. Desde 1999-2000, quando Pavel Bure marcou seu 50.º na 63.ª partida de seu time ninguém chegava tão rápido à marca. Ovechkin precisou de 67 jogos. E teria chegado mais rápido, não fossem os sete jogos seguidos sem estufar as redes, no final do mês passado.

O russo está pegando fogo. E a briga pelo Troféu Art Ross também.

Alexandre Giesbrecht, 31 anos, viu publicado no site de Placar seu especial sobre o Campeonato Brasileiro de 1977, cuja final faz 30 anos na data de publicação desta edição.
John Mcdonnell/Washington Post
Os cinco pontos de Ovechkin contra os Bruins devolveram-no ao topo da lista de artilheiros.
(03/03/2008)
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Página publicada em 5 de março de 2008.