Por: Marcelo Constantino

O domínio do Detroit Red Wings sobre o Dallas Stars é tão amplo que faz o time do Texas parecer fraco em alguns instantes. Não é isso, o Detroit é que está num patamar realmente elevadíssimo, como poucas vezes visto antes.

Eu conversava com Humberto Fernandes esses dias sobre se esse time do Detroit Red Wings é o melhor que já vimos. Eu ainda acredito que não, mas, independentemente disso, é o Detroit mais dominante de que tenho notícia. São nove vitórias consecutivas, a mais longa seqüência do time em playoffs. E este é um time centenário!

A série contra o Dallas prometia ser competitiva, todos acreditávamos que, depois da incrível facilidade na série contra o Colorado Avalanche, os Stars ofereceriam muito mais resistência e competitividade. E, de fato, oferecem. Só que ainda muito abaixo do padrão dos Wings nesse atual estágio dos playoffs.

Esta matéria está sendo escrita após o jogo 3, de segunda-feira. Quando esta edição estiver sendo publicada, possivelmente o jogo 4 já estará finalizado, e aí você poderá verificar a confirmação ou quebra da incrível seqüência do Detroit. Porém, até aqui, o domínio do time de Michigan é amplo: o máximo de gols que o Dallas marcou na série foram dois — e no jogo 3. No total da série, foram quatro — um total de gols inferior que os Red Wings marcaram apenas no jogo 5.

Vejam bem, não estamos falando de um azarão ou um time reconhecidamente mais fraco que, por um golpe de sorte, chegou nas finais de conferência. Estamos falando do Dallas Stars, time que eliminou consecutivamente talvez os dois maiores favoritos da Conferência Oeste, Anaheim Ducks e San Jose Sharks. E não foram duas eliminações duríssimas, foram eliminações com relativa e surpreendente tranqüilidade (não foram fáceis, claro, mas foram com boa margem de segurança).

Pois bem, o Dallas parece pequeno perante o Detroit. O que mais me impressiona — e isso vem desde a série contra os Avs - é a destreza com que os Wings têm dominado o terceiro período dos jogos. Geralmente na frente, o time senta sobre a vantagem e cozinha o jogo até o fim. Eventualmente sofre alguma pressão — e administra bem —, ou não sofre nenhuma, e ainda sai pra marcar mais gols. Em todos os sete jogos os Red Wings diminuíram o ritmo no período final.

O Detroit jogou as duas últimas partidas sem o maior goleador nesses playoffs, Johan Franzen — tido inclusive como o MVP até então. Ou seja, ainda que desfalcado de um de seus mais importantes jogadores (Franzen não é apenas um goleador, é um ótimo atacante que sabe jogar defensivamente), o Detroit domina amplamente a série.

O jogo 3, aquele em que o Dallas deveria jogar como se fosse o jogo da vida deles, foi talvez o melhor da série. Este colunista infelizmente não assistiu à totalidade dos dois primeiros períodos, mas Humberto Fernandes atesta que o Dallas pressionou bem mais do que antes, enquanto os Wings respondiam com gols providenciais. Respondiam não, recuperavam a liderança. Os Wings jamais estiveram atrás no placar.

Pois bem, 3-2 para o Detroit ao fim do segundo, é hora do derradeiro terceiro período — aquele em que o Dallas tem de jogar a vida, num jogo em que não pode perder. Logo no começo, interferência de Thomas Holmstrom, penalidade marcada, vantagem numérica (VN) para o Dallas. Ok, o time de VN do Dallas não está produzindo tanto, mas era a chance, e logo no começo do terceiro. O que acontece? Gol! Do time que matava a penalidade, do Detroit.

Aquele gol em desvantagem numérica possivelmente matou o Dallas. Não apenas no jogo, mas talvez na série. Exemplo ilustrativo disso é que o Dallas conseguiu disparar nada mais que quatro vezes a gol no período. Quatro vezes!

No jogo em que o Dallas precisava desesperadamente vencer, no jogo em que o Dallas mais pressionou, o Detroit venceu sem jamais estar atrás no placar, e por três gols de diferença.

O quinto gol da noite veio de uma jogada também ilustrativa. Henrik Zetterberg conseguiu roubar o disco no ataque, em meio a três jogadores do Dallas, dominar e passar para Datsyuk marcar. Ok, o Dallas já perdia por 2-4 e era final de jogo. Mas não era justo o momento de empreender aquele esforço final, no limite do desespero? Marcar um gol, tentar marcar outro? O gol não foi de contra-ataque, foi resultado de um esforço de forechecking.

Não me parece plausível que esse time do Detroit não perca mais nesses playoffs. Ainda que me pareça plenamente plausível que feche a série contra o Dallas nesta quarta-feira, encarar eventualmente o Pittsburgh Penguins na final (apenas uma derrota em todos esses playoffs, ao menos até o jogo 2 contra os Flyers) deverá ser algo num patamar ainda mais elevado. Porém, é bem verdade que todos nós — eu, você, e talvez a totalidade dos analistas da NHL — acreditávamos que o Dallas já seria esse desafio superior.

Marcelo Constantino aposta numa grande final de Copa Stanley este ano.
Amy Leang/DFP
Thomas Holmstrom marca um gol "de perna" no jogo 1, ao levantá-la para desviar o disco de Marty Turco.
Jerry S. Mendoza/AP
Mike Ribeiro, no momento em que caminhava para desferir sua tacada sobre o peito de Chris Osgood no jogo 2.
Mandy Wright/DFP
Pavel Datsyuk marca um dos seus três gols no jogo 3.
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Página publicada em 14 de maio de 2008.