Por: Marcelo Constantino

Foi de longe o melhor jogo das finais até aqui. Aliás, dos jogos a que assisti nesses playoffs, foi o melhor. A rigor, o único jogo em que houve efetivamente algum equilíbrio. Bastou que os Penguins entrassem com muito mais disposição e destemor que nos jogos em Detroit e que os Red Wings errassem mais que o habitual para que o confronto se tornasse vistoso.

O terceiro período da partida de ontem foi qualquer coisa de espetacular. Não por jogadas excepcionais, grandes gols ou grandes defesas, mas pela intensidade com que os dois times atuaram. Houve um determinado momento em que o disco parecia não parar — e efetivamente não parava, ia de um lado ao outro do gelo, promovendo chances lá e cá. Não exatamente um jogo aberto, mas muito longe de ser fechado. Foram longos minutos sem interrupção e com pressão de lado a lado. Para se aplaudir de pé as equipes.

O melhor retrato da partida de ontem, para mim, foi o terceiro gol dos Pens. Adam Hall batalhou ferrenhamente atrás do gol de Chris Osgood e, no exato momento em que o goleiro se recompunha, Hall disparou o disco nas costas dele para ricochetear para dentro do gol. Bela jogada, mas que não começara ali. Começara com um tranco de Gary Roberts nas bordas, quando o defensor Andreas Lilja parecia ter o disco dominado na defesa. O tranco tirou Lilja da jogada, os Pens ganharam a posse do disco na zona ofensiva, pressionaram e marcaram. Ou seja, fizeram exatamente como os Wings cansaram de fazer nesses playoffs: vencer as batalhas na zona ofensiva e encurralar o time adversário. O placar estava 2-1 para os Pens e o terceiro gol deu novamente mais tranqüilidade ao time.

Sidney Crosby finalmente foi compensado. Depois de batalhar, mas sem produzir, nos dois primeiros jogos, marcou os dois primeiros gols do jogo 3.

O começo foi relativamente equilibrado. Os Pens demoraram a chutar a gol, mas não permitiam o domínio do disco pelo Detroit como nos jogos anteriores. Uma saída errada de disco da zona defensiva por Brad Stuart não foi perdoada por Crosby, que marcou um belo gol, praticamente dando um tapa no disco.

Mais tarde, numa vantagem numérica, Crosby estava ao lado de Osgood, absolutamente livre para mandar um rebote para dentro do gol. Crosby absolutamente livre foi algo inédito na série.

Os Red Wings diminuíram a vantagem por duas vezes, com Johan Franzen marcando numa jogada individual e Mikael Samuelsson num chute despretensioso — daqueles que o Detroit cansa de disparar quando está perdendo, mas que quase nunca marca. Foram insuficientes, mas mostraram que o confronto é parelho. O time teve ainda algumas poucas grandes chances de marcar, mas Marc-Andre Fleury estava bem posicionado.

O fim do jogo poderia ter sido mais eletrizante. Evgeni Malkin deu a chance que os Red Wings precisavam, cometendo uma penalidade quando faltavam cerca de quatro minutos para o fim. Um gol empataria o jogo, mas a verdade é que o time de VN do Detroit já está manjado pelo Pittsburgh. Ameaça pouco e, embora busque fazer o disco circular, os Pens parecem já saber quais são as opções e negam qualquer abertura. É ponto que Mike Babcock certamente vai trabalhar no time para o jogo 4.

E prossegue o relativo tabu dos Pens, que não perdem em casa desde fevereiro. Foi a 17ª vitória consecutiva na Mellow Arena — e isso não deve ser negligenciado, como já dizia Mitch Albom, colunista do Detroit Free Press, antes do jogo de ontem. Ou seja, prossegue o desafio para o Detroit quebrar esse tabu.

Marcelo Constantino recomenda Ivan Sant'anna.

Mandi Wright/DFP
O disco disparado por Adam Hall (fora da foto) rebate em Chris Osgood e vai para o fundo do gol, no terceiro dos Pens na noite.
Gene J. Puskar/AP
Um dos belos momentos do jogo 3: o disco já calmamente entrando, quando Chris Osgood conseguiu se recuperar e salvar.
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Página publicada em 29 de maio de 2008.