Por: Alexandre Giesbrecht

O melhor jogo dos Penguins não foi o bastante. Sim, porque no jogo 3 não foi exatamente o time que jogou, mas Sidney Crosby que fez com que pegasse no tranco. Desta vez, foi um esforço mais coletivo, apesar de o número de disparos a gol ter sido mais uma vez baixo.

Mas tudo parecia correr bem. O jogo era em casa, onde os Penguins tinham uma invencibilidade desde fevereiro. Eles abriram o placar, garantia de vitória nestes playoffs. Marc-André Fleury jogava bem mais uma vez, depois de ir muito mais nos dois jogos em Detroit. Tivessem os Pens ganho o jogo, e hoje estaríamos falando sobre esses tabus. Não ganharam, e estamos de qualquer jeito falando desses tabus.

Usando o pretérito perfeito e, neste caso, imperfeito.

A quem os Penguins vão culpar desta vez? É bom olharem para dentro de seu próprio vestiário. Reclamações dos árbitros — dos dois lados, diga-se de passagem, mas é sempre mais fácil criticar quem é superexposto pela liga — já cansaram, e, se piorar um pouquinho mais, vai ficar mais entediante que as reclamações de técnicos e jogadores no futebol brasileiro.

Também não há Tomas Holmström desta vez. Ele incomodou muito nos outros jogos, mas não entrou no gelo ontem. Mesmo de Chris Osgood, que teve um shutout por mais de 57 minutos, não pode ser apontado como vilão, porque os Penguins não o testaram o bastante.

Isso porque foi o melhor jogo do time nesta série.

O ataque do Pittsburgh chegou às finais alardeado como o mais perigoso da liga, mas, Crosby à parte, sucumbiu com relativa facilidade à marcação implacável do campeão do Oeste. Ontem foi um pouco diferente a postura do Detroit em relação à defesa, mas o resultado continuou o mesmo: poucos chutes a gol dos Penguins, que até conseguiram trabalhar melhor o disco na zona neutra, mas não conseguiam se aproximar muito do gol de Osgood.

Méritos para a defesa vermelha, claro, mas jogadores como Evgeni Malkin e Petr Sykora passaram a temporada enfrentando todos os tipos de defesa e não tiveram tantos problemas como têm tido nesta série. Malkin, de quem se esperava muito depois do belo trabalho que ele fez na ausência de Crosby entre janeiro e março, sumiu. Alguns torcedores têm comparado sua atuação à do esquecível ponta Konstantin Koltsov, primeira escolha do time em 1999, que sempre foi considerado um dos jogadores mais rápidos da liga, mas não era nada talentoso com o taco nas mãos. Nesta série, pode-se até dizer que Malkin está sendo, sim, uma versão de Koltsov — e piorada, porque ele não tem tanta velocidade.

Essa falta de produtividade do russo, que já vem desde o início da série anterior, contra os Flyers, tem suscitado a hipótese de que ele pode estar contundido. Nos playoffs, é comum os jogadores esconderem suas contusões para não dar um mapa detalhado de onde os adversários podem atingi-los para tirá-los do jogo. Se, logo no início das férias, os Penguins revelarem que o jogador tem algum tipo de contusão, já vai ser um problema. Só que, se não houver tal informação, não deixa de ser um problema, pois aí sua atuação nas duas últimas séries vai ser inexplicável, e isso certamente gerará cobranças maiores nos próximos playoffs.

Já em Detroit a única resposta que os Wings procuram é a de quando esta série irá acabar. A esta altura, nada indica que eles vão se tornar o primeiro time em 66 anos a deixar escapar uma série que venciam por 3-1, então o sentimento por aquelas bandas é o de dever cumprido, mas espera-se que eles não deixem de se concentrar na próxima partida, pois é com esse tipo de pensamento — alimentado pela mídia, como se pode ver nas matérias desta edição que foram traduzidas a partir do diário Detroit Free Press — que as derrocadas começam.

Até agora, o maior momento de desconcentração dos Wings durou cerca de nove milésimos de segundo nas finais. Contando com um adversário que ainda não se encontrou no gelo e mantendo esse mesmo nível por mais 60 minutos, a aposta aqui é que não serão necessários mais do que esses 60 minutos para encerrar a temporada de 2007-08 da NHL.

Alexandre Giesbrecht, 32 anos, foi anteontem ao casamento de duas pessoas que se conheceram em Pittsburgh.
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Página publicada em 1.º de junho de 2008.