Por: Thiago Leal

Com gol vencedor de Ryan Del Monte, o Johnstown Chiefs bateu o Elmira Jackals por 4-2 e se manteve na liderança da Liga. O clube é seguido pelo Florida Everblades, Fresno Falcons e Victoria Salmon Kings, que não jogaram na rodada de ontem — completa pela vitória do Reading Royals sobre o Dayton Bombers e um shutout do Mississipi Sea Wolves sobre o Gwinnett Gladiators por 2-0. Atual detentor da Copa Henry Brabham e também da Copa Patrick J. Kelly, o Cincinnati Cyclones está a 11 pontos dos Chiefs e vê as chances de bi-campeonato diminuirem cada vez mais.

A liga é liderada em pontos por Colin Hemingway, do Alaska Aces, principal rival do Salmon Kings no Oeste na atual temporada, mas Olivier Latendresse, do Cincinnati Cyclones, apenas um ponto atrás, está no páreo pela Troféu do Líder em Pontos (isso mesmo, o troféu chama-se apenas Leading Scorer).

Você, provavelmente, não entendeu nada do que foi dito nos dois parágrafos acima. Quem é Del Monte, Hemingway ou Latendresse ou o que diabos são o Johnstown Chiefs, Elmira Jackals, Florida Everblades, Fresno Falcons, Victoria Salmon Kings, Reading Royals, Mississipi Sea Wolves e Cincinnati Cyclones... mas estamos falando da antiga East Coast Hockey League, atualmente conhecida apenas por sua sigla, ECHL.

Longe de Sidney Crosby, do Detroit Red Wings, dos contratos milionários e da Copa Stanley, a ECHL está logo abaixo da American Hockey League, a AHL, na hierarquia de importância de Ligas Menores na América. Enquanto a AHL faz parte das Ligas Menores de alto nível, sendo a única representante, a ECHL está ao lado de CHL e IHL das ligas de nível médio. Abaixo delas ainda temos as ligas de baixo nível, EPHL, SPHL e AAHA. E, sim, pelas próximas semanas você será perturbado com times ruins, jogadores patéticos, troféus que ninguém quer e resultados obscuros. Este artigo, sobre a ECHL, abre uma série sobre as ligas menores na América — para que os torcedores do Vasco aprendam que existe coisa pior que a Série B.

Uma Liga AA
Não, não é Alcoólatras Anônimos, muito embora você muitas vezes precise estar bêbado para agüentar um jogo entre Augusta Lynx e Bakersfield Condors. O chamado Class AA é uma forma de classificar ligas profissionais na América. AA seria mais ou menos como uma terceira divisão, abaixo da AAA, a segunda divisão, e acima das divisões inferiores, conhecidas apenas como A. Pode haver subdivisões, como Premier AA, gerando uma hierarquia dentro da própria divisão.

Apesar dos pesares, a ECHL ainda é uma Liga filiada à NHL, assim como a AHL. Apenas uma franquia na Liga está sem filiação com equipes da NHL, que é o Dayton Bombers. Todas as demais têm suas representações da grande liga.

Dividida em Conferência Americana e Conferência Nacional, a ECHL é composta por 22 equipes, que se distribuem nas Divisões Oeste e Pacífico (parte da Conferência Americana) e Norte e Sul (parte da Conferência Nacional). O campeão da Temporada Regular é condecorado com a Copa Henry Brabham e mando de gelo nos jogos de pós-temporada, quando as equipes jogam pela Copa Patrick J. Kelly. Como são dez times na Conferência Nacional e treze na Conferência Americana, os jogos inter-conferência são limitados.

Mas se hoje são 22 franquias, em sua estréia, em 1988, a ECHL contava com apenas cinco. As equipes eram dissidentes da AAHA e ex-membros da extinta ACHL (Atlantic Coast Hockey League), e apenas uma franquia original permanece em atividade, que é justamente o Johnstown Chiefs que abre este artigo. O Carolina Thunderbirds agora é o Wheeling Nailers; o Erie Panthers tornou-se o Victoria Salmon Kings; o Knoxville Cherokees virou Pee Dee Pride, e atualmente está fora de atividade, mas será re-inaugurada na temporada 2009-10, relocada em Conway, Carolina do Sul; e o Virginia Lancers agora atende por Utah Grizzlies, com mesmo nome e donos de franquia que já foi parte da AHL.

Por falar nas franquias, vamos a elas.


ECHL — equipes, troféus e campeões
O mais impressionante na ECHL é a concentração de times nos dois extremos da América. Ou os times jogam na Costa Leste ou na Costa Oeste. Nenhuma equipe se situa numa posição intermediária, no meio-oeste americano. Isso dificulta a Liga financeiramente, com viagens mais caras e é mais um dos motivos para os logos entre conferências serem poucos.

A Conferência Nacional é composta pela Divisão Oeste, onde jogam Alaska Aces (filiado ao St. Louis Blues), Idaho Steelheads (Dallas Stars), Phoenix Roadrunners (San Jose Sharks), Utah Grizzlies (New York Islanders) e Victoria Salmon Kings (Vancouver Canucks); e pela Divisão do Pacífico, com o Bakersfield Condors (Anaheim Ducks), Fresno Falcons (Chicago Blackhawks), Las Vegas Wranglers (Calgary Flames), Ontario Reign (Los Angeles Kings) e Stockton Thunder (Edmonton Oilers).

Já a Conferência Americana é formada pela Divisão Norte, disputada por Cincinnati Cyclones (Montreal Canadiens e Nashville Predators), Dayton Bombers (atualmente sem filiação), Elmira Jackals (Ottawa Senators), Johnstown Chiefs (Colorado Avalanche e Columbus Blue Jackets), Reading Royals (Toronto Maple Leafs e Los Angeles Kings), Trenton Devils (New Jersey Devils) e Wheeling Nailers (Pittsburgh Penguins); e pela Divisão Sul, que tem Charlotte Checkers (New York Rangers), Florida Everblades (Florida Panthers e Carolina Hurricanes), Gwinnett Gladiators (Atlanta Thrashers), Mississipi Sea Wolves (Philadelphia Flyers) e South Carolina Stingrays (Washington Capitals).

Três franquias entram para a Temporada 2009-10: o já citado Knoxville Cherokees/Pee Dee Pride, que jogará em Conway; o Columbia Infierno, que fazia parte da Liga e se retirou para procurar uma nova arena; e o Toledo Walleye, antes conhecido por Toledo Storm, que também se retirou por problemas com sua arena — a Toledo Sports Arena foi demolida e o clube espera a construção da Lucas County Arena.

A Copa Kelly, como é conhecida a Copa Patrick J. Kelly, só começou a ser disputada em 1997. Antes a ECHL premiava seu campeão com a Copa Jack Riley, ou apenas Copa Riley. Mas vamos considerar ambas como o título da ECHL e listar os campeões. Também vamos considerar o ano em que a temporada foi concluída, assim, a temporada inicial, 1988-89, será referida apenas como 1989.

Copa Riley (1989—1996)
1989: Carolina Thunderbirds. 1990: Greensboro Monarchs. 1991:Hampton Roads Admirals. 1992: Hampton Roads Adnirals. 1993: Toledo Storm. 1994: Toledo Storm. 1995: Richmond Renegades. 1996: Charlotte Checkers.
Copa Kelly (1997—presente)
1997: South Carolina Stingrays. 1998: Hampton Roads Adnirals. 1999: Mississippi Sea Wolves. 2000: Peoria Rivermen. 2001: South Carolina Stingrays. 2002: Greenville Grrrowl. 2003: Atlantic City Boardwalk Bullies. 2004: Idaho Steelheads. 2005: Trenton Titans. 2006: Alaska Aces. 2007: Idaho Steelheads. 2008: Cincinnati Cyclones.

Esqueçam o Troféu dos Presidentes. Aqui o Campeão da Temporada Regular levanta a Copa Henry Brabham. Os campeões, condecorados com mando de gelo na pós-temporada, são:

Copa Henry Brabham
(1989—presente)
1989: Erie Panthers. 1990: Winston-Salem Thunderbirds. 1991: Knoxville Cherokees. 1992: Toledo Storm. 1993: Wheeling Thunderbirds. 1994: Knoxville Cherokees. 1995: Wheeling Thunderbirds. 1996: Richmond Renegades. 1997: South Carolina Stingrays. 1998: Louisiana IceGators. 1999: Pee Dee Pride. 2000: Florida Everblades. 2001: Trenton Titans. 2002: Louisiana IceGators. 2003: Toledo Storm. 2004: San Diego Gulls. 2005: Pensacola Ice Pilots. 2006: Alaska Aces. 2007: Las Vegas Wranglers. 2008: Cincinnati Cyclones.

Aliás, troféu é o que não falta na ECHL. O Troféu Memorial E.A. “Bud” Gingher é entregue ao campeão da Conferência Americana e o Cicinnati Cyclones é o atual campeão. O Las Vegas Wranglers detém o Troféu Bruce Taylor, entregue ao campeão da Conferência Nacional. O Prêmio John Brophy é entregue ao melhor técnico, escolhido pelos próprios técnicos da Liga, e Chuck Weber do Cincinnati Cyclones foi o último vencedor. O jogador mais valioso, também escolhido pelos técnicos, leva o CCM Vector para casa, e o último laureado foi David Desharnais, também dos Cyclones, que também ganhou o CCM Tacks de calouro do ano e o Líder em Pontos. Por sinal, os Cyclones têm mais um prêmio de jogador mais valioso — o da pós-temporada, troféu sem nome entregue a Cedrick Desjardins, e o Rbk de melhor performance mais/menos, que foi para Chad Starling. Rbk também é o nome do troféu entregue ao goleiro de hóquei do ano, atualmente nas mãos de Anton Khudobin do Texas Wildcatters. O melhor defensor da última temporada foi Peter Metcalf do Alaska Aces. Já o prêmio de sportmanship (vamos traduzir como conduta esportiva) foi a Jeff Campbell, do Gwinnett Gladiators. David Jones, árbitro, venceu o Prêmio Memorial Ryan Birmingham. O último prêmio relevante, de executivo do ano, foi ganho por Darren Abbott do South Carolina Stingrays.

Agora vem as premiações mais engraçadas (?). Os diretores de relações midiáticas do ano foram John Hamel do Cincinnati e Jeff Harris e Mike Walker do Victoria. O apresentador do ano ficou dividido entre Joe Babik do Fresno Falcons e Brendan Burke do Wheeling Nailers. O Bakersfield Condors e o Charlotte Checkers ganhou em excelência em marketing. A excelência em mídia, também dividido, foi para Cleve Dheensaw do Victoria Times-Colonist e Doyle Woody do Anchorage Daily News. Para fechar o setor de excelência, o Prêmio de Excelência ficou com o Gwinnett Gladiators. O (prepare-se para rir) Reading Royals e o Victoria Salmon Kings venceram o prêmio de departamento de ingressos do ano. Se o melhor departamento foram Reading e Victoria, Thom Emerson do Mississippi e Dave Piecuch do Stockton foram os executivos de ingressos do ano. O site do ano (ATÉ ISSO?) foi vencido pelo Bakersfield Condors e pelo Gwinnett Gladiators. A campanha de marketing do ano ficou entre Alaska Aces e Reading Royals. Pat Noecker do Reading Royals levou o In Glas Co para roupeiro do ano e, por fim, o Sports Health, para preparador físico do ano, foi para Brian Grogelsky, também dos Royals.

Como podemos ver, a Liga tem mais treoféus que jogadores.

Da ECHL para NHL
Sim, vez por outra isso acontece. Na atual temporada cinco jogadores subiram da ECHL para seus times filiados na NHL: Tim Wallace foi para o Pittsburgh, Brett Carlson para o Carolina, Warren Peters para o Calgary, Corey Potter para o New York Rangers e Sean Collins para o Washington.

Historicamente falando, daqueles que jogaram na ECHL e subiram para a NHL podemos destacar David Aebischer, Alex Auld, François Beauchemin, Martin Biron, Joe Corvo, Jean-François Damphousse, Aaron Downey, Todd Fedoruk, Ruslan Fedotenko, Mike Green, Olaf Kolzig, Jason LaBarbera, Manny Legace, George Parros, Nolan Pratt, Sean Pronger (irmão do Chris), Ole-Kristian Tollefsen, Stephen Valiquette e até mesmo o já citado Colin Hemingway já teve sua passagem pelo St. Louis Blues.

Recentemente a ECHL inaugurou seu Salão da Fama, para condecorar os principais jogadores que atuaram pela franquia.

Olho aberto na ECHL. De repente, quem sabe, aquele futuro craque do seu time não está escondido nesta pequena liga de terceira divisão.

Thiago Leal, fã da contracultura, gosta daquilo que é tosco, obscuro, subversivo e underground.
Arquivo TheSlot.com.br
O logo oficial da ECHL.
Lesserm
A Copa Patrick J. Kelly, chamada "carinhosamente" de Copa Kelly.
(24/05/2008)
Buffaloboiiz4lyfe
O Cincinnati Cyclones levanta pela primeira vez a Copa Kelly.
(05/06/2008)
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Página publicada em 11 de dezembro de 2008.