Por: Marcelo Constantino

Dois jogos entre Detroit Red Wings e Pittsbugh Penguins nas finais da Copa Stanley de 2009. Duas vitórias de 3-1 em casa para o Detroit. Quis a NHL (ou mandou a NBC) que os jogos fossem em dias consecutivos, no sábado e no domingo seguinte. Marcar jogos consecutivos em final de Copa Stanley me parece um atentado. Ao bom senso, aos jogadores, aos torcedores, à liga (adiantar as finais, não, nisso eu concordo — a alternativa seria esperar por nove dias (!) para começarem as finais). Paciência, vamos em frente.

Sorte
O primeiro gol dessas finais foi um gol de sorte. Sorte do Detroit. Sorte de Brad Stuart, que disparou para perto do gol, o disco bateu no fundo das bordas, voltou, bateu em Marc-André Fleury e foi par ao gol. Sorte. Mas a sorte bate à porta de quem atira o disco na direção do gol (ou pra perto dele). A sorte também tem vindo para Stuart: na série contra o Anaheim Ducks ele marcou um dos gols mais esdrúxulos desses playoffs: numa vantagem numérica ele chutou o disco para a frente da área com o patim, o disco bateu no patim de um defensor e entrou.

Sorte também teve o Detroit no jogo 2, quando os Pens mandaram o disco na trave por duas vezes. Numa delas Sidney Crosby estava livre ao lado do gol e mandou o disco no canto de fora. O disco esteve perto de entrar: bateu no poste, voltou pra dentro da área, e aí veio Henrik Zetterberg e sua trupe pra congestionar o local e impedir, de qualquer maneira, que o disco entrasse. Coisa de prender a respiração.

Sorte de campeão? Ainda é cedo pra dizer.

Os jogos têm sido sensacionais, cheios de jogadas habilidosas, dignos do que se esperava de uma revanche entre dois times tão talentosos? Não. Têm sido muito mais brigados, muito mais truncados nas bordas. O que não deixa de ser esperado. Trata-se de final de Copa, ninguém quer correr riscos, então os dois times optam por não deixar o adversário jogar, por minimizar as chances de sofrer gols. Os árbitros têm contribuído de forma inestimável para as finais, deixando o jogo correr e deixando de marcar infrações aqui e ali. Pouquíssimas penalidades foram marcadas. Até aí, tudo bem. Mas o que anda feio é o número de turnovers, que tem sido acima da média, acima do que se espera de uma final, acima do que se espera de dois times de qualidade como Red Wings e Penguins.

No fim das contas o resultado é que os Wings venceram os Pens sem Pavel Datsyuk, uma das principais estrelas do time e da liga. Mas não apenas isso: venceram com seu capitão e colecionador de troféus Norris, Nicklas Lidstrom jogando abaixo de 100%. E, ainda assim, conseguindo manter Crosby fora do placar.

Os Wings venceram levando mais chutes do que desferindo. Perdendo mais do que ganhando face-offs (no jogo 2). Chutar mais e vencer mais face-offs que o adversário são marcas registradas desse time do Detroit.

Os Wings venceram ainda com quatro jogadores que passaram parte da temporada na AHL. E eles não foram meros preenchedores de linhas. Um deles, Justin Abdelkader, marcou duas vezes, em cada um dos dois jogos, selando o 3-1 em ambas as partidas. Outro, Jonathan Ericksson, voltou a jogar dias depois de uma cirurgia no apêndice e marcou o gol de empate no jogo 2. Outro, Darren Helm, é seguramente a grande sensação desses playoffs — toda vez que ele está no gelo é motivo de atenção, sem contar que o garoto desfere trancos sempre que possível. Para completar, Ville Leino, que completa a 4ª linha da equipe.

O grande personagem dessas finais, Marian Hossa, não marcou. Em termos de produção ofensiva, Hossa segue devendo diante do que se espera de um jogador do calibre dele. Mas não há como negar que o ex-Penguin tem sido um dos mais batalhadores do time. Pelo menos isso.

Um dos pontos em que o Detroit vem levando vantagem é no gol. Chris Osgood fez duas belas partidas, mesmo deixando escapar um rebote que resultou no primeiro gol dos Pens no jogo 1. Fleury, por sua vez, sofreu gols daqueles que não se pode tomar em final de Copa. Sofreu ainda um gol que não se pode tomar em qualquer ocasião — o terceiro do jogo 2. Até aqui, Osgood vem levando vantagem.

Mas ainda tem série pela frente. Em Pittsburgh, quando Dan Bylsma poderá livrar Sidney Crosby da linha de Nicklas Lidstrom, veremos se o panorama muda. Como em qualquer série que esteja 2-0, o jogo 3 tem um caráter de desespero para o time que está perdendo. É aí que vemos os times submetidos a uma real prova de fogo.

Marcelo Constantino abusou dos seus limites, mas completou sua primeira corrida de 16 km.

Paul Sancya/AP
Chris Osgood acena para sua torcida após mais um sólido jogo.
Carlos Osório/AP
No fim do jogo 2, Evgeni Malkin perdeu a cabeça e partiu para cima de Henrik Zetterberg, que não deixou barato. Os dois se engalfinharam, Malkin foi expulso e ainda levou penalidade por instigar a briga. Clássica frustração externada.
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Página publicada em 2 de junho de 2009.