Por: Alexandre Giesbrecht

Seguindo o ritmo do editorial desta semana, pensei em fazer um balanço da atual temporada. Estamos por fazer nossa pausa anual, que não coincide com a metade da temporada, mas já traz tendências que podem ser identificadas em vários dos participantes, sejam eles times ou jogadores. Não espere uma análise científica, baseada em dados e estatísticas. Aqui a minha opinião vale tanto quanto a minha bola de cristal: ou seja, pegue a minha bola de cristal, junte R$ 2,70 e ganhe uma passagem de ônibus em São Paulo.

A primeira impressão destes primeiros dois meses e meio de temporada é que não há um time dominante. Se os playoffs se iniciassem hoje, não haveria um favorito disparado. Quem mais se aproxima disso é o Philadelphia, que teve um mau início nas duas primeiras semanas, mas depois embalou e, desde então, sempre que perdeu (ou encerrou uma sequência de derrotas), engatou no mínimo duas vitórias consecutivas. Atualmente está em uma sequência de cinco vitórias e lidera a liga. O Detroit é talvez o clube mais consistente até agora, já que seus soluços, agora em dezembro, foram menos graves que os que os Flyers tiveram em outubro. Os Wings neste instante estão empatados com os Flyers em pontos perdidos.

Os Penguins estiveram no topo da liga na última semana, embalados por uma série de doze vitórias — a oitava sequência mais longa da história da liga —, mas tiveram desbancada a série e a liderança da liga pelos próprios Flyers. Mesmo tantas vitórias enfileiradas não serviram para qualificar o time de Pittsburgh como "consistente", já que até ela se iniciar os Penguins eram a definicação da palavra "inconsistente", alternando boas atuações com outras pavorosas. Essa definição, aliás, também cabe para os Canucks.

Antes de a temporada se iniciar, esperava-se que os Capitals a esta altura já tivessem garantido matematicamente o título de sua fraca divisão. Com um elenco claramente bastante superior aos demais clubes do Sudeste e com a maior parte de suas partidas marcadas contra esses mesmos sparrings, uma campanha como a do ano passado era quase uma certeza. Mas enquanto eu escrevo estas mal-traçadas o time está um ponto atrás dos Thrashers e empatado em pontos com o Lightning, mas com dois jogos a mais. No Leste, ocupa a sétima posição. Muito pouco. E os campeões Blackhawks, que, para desespero de Dave Clayton, não conseguem engrenar e hoje estariam fora dos playoffs?

Outra surpresa negativa é o New Jersey. A pífia campanha de 9-21-2 só não o deixa na lanterna da liga pois os ineptos Islanders (de quem não se esperava grande coisa) conseguem ser piores, com apenas seis vitórias em trinta jogos. A esta altura, só um milagre de proporções bíblicas colocaria os Devils nos playoffs, lugar bastante frequentado por eles nas duas últimas décadas. Eu poderia também qualificar os Flames como surpresa negativa, mas não sei se eles chegam a ser. De qualquer maneira, Marcelo Constantino abordou o tema na semana passada.

É claro que também temos surpresas positivas. Do Montreal pós-Halák não se esperaria mais do que uma classificação suada aos playoffs, mas eles estão brigando ponto a ponto com os Bruins pelo topo do Noroeste. Os próprios Thrashers superam de longe as expectativas e ajudaram a transformar a Disisão Sudeste em uma surpreendente incógnita.

De um modo geral, pode-se classificar toda a Divisão Pacífico como uma surpresa. Hoje estão os cinco times na zona dos playoffs (os Coyotes estão em nono na conferência, mas têm o mesmo número de pontos que os oitavos colocados, os Kings). O Dallas na liderança da divisão é tão surpreendente como os Sharks fora dela. A posição dos Kings na conferência é menos do que se esperava deles, mas isso se deve mais ao equilíbrio do Oeste do que a uma eventual incompetência do time. O Los Angeles é o time com melhor campanha em casa em 2010-11. Anaheim e Phoenix mantêm-se no bolo, ambos se superando, especialmente o segundo, que talvez agora tenha efetivamente deixado para trás a ameaça de realocação.

Individualmente, a atuação de Sidney Crosby durante a sequência de vitórias de seus Penguins tem sido fenomenal. Catapultou-o de um total de pontos comum para o topo da liga, levando também a liderança na artilharia. por outro lado, Alex Ovechkin está pontuando abaixo de sua média — embora não haja muitos jogadores na liga que reclamariam de uma média acima de um ponto por jogo. Steven Stamkos começou bem e virou motivo precipitado de especulação: será que ele conseguiria alcançar 50 pontos em 50 jogos? Antes que a discussão se encerrasse, ele foi ultrapassado por Crosby na artilharia. Nenhum dos dois vai fazer 50 em 50, mas já dá para arriscar com alguma segurança que ambos lutarão pelo segundo ano seguido pelo Troféu Rocket Richard, que na temporada passada foi dividido entre eles.

Depois de uma excelente atuação nos últimos playoffs, quando ajudou os Hawks a conquistar a Copa Stanley, Dustin Byfuglien foi para os Thrashers por causa dos problemas salariais em Chicago. Em Atlanta, trocou de posição e passou para a defesa, onde tem se sobressaído e lidera com folga a liga e seu time em pontos, sendo o principal motivo para a ascensão do clube. Da maneira como funciona a NHL, não será uma surpresa se Byfuglien ficar com o Troféu Norris.

No gol, dois goleiros roubaram a cena nos dois últimos meses e meio. O primeiro deles, Tim Thomas, dos Bruins, lidera a liga em média de gols sofridos, shutouts e porcentagem de defesas. Sua porcentagem de defesas é quase surreal, e sua média de gols sofridos hoje é boa, mas no início da temporada chegou a ser sobre-humana.. Isso depois de um 2009-10 em que foi questionado e perdeu a vaga de titular para Tuukka Rask.

O outro destaque entre os arqueiros é Carey Price, que contra todas as indicações foi o escolhido da gerência dos Habs para ficar, enquanto Jaroslav Halák era despachado para St. Louis. Os Blues hoje, apesar de boas atuações de Halák, estão à margem do G-8, enquanto os Canadiens lutam pelo título de sua divisão, com Price tendo grande responsabilidade no feito: suas dezoito vitórias lideram a liga, e ele está entre os cinco primeiros em porcentagem de defesas e média de gols sofridos.

Quando nossa próxima edição sair, daqui a um mês, já teremos passado da metade da temporada. Veremos, então, se o panorama terá se alterado.

Alexandre Giesbrecht, 34 anos, acha que a CPTM pratica censura.
Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Página no Facebook | Contato
© 2002-10 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 19 de dezembro de 2010.