Por: Thiago Leal

Você lembra qual foi a última vez que os cinco times de uma mesma divisão se classificaram aos playoffs? A resposta certa é "nunca". Desde que esse formato de seis divisões com cinco times foi adotado, na temporada 2000-2001, isso nunca aconteceu.

É muito comum termos quatro times de uma mesma divisão avançando aos playoffs. Isso acontece temporada sim, temporada não. Mas os cinco permanece inédito e é bastante compreensível, uma vez que é difícil que todos os times de uma mesma divisão passe por grande fase, e como o número de confrontos entre times de uma mesma divisão é maior, é comum que um acabe por derrubar o outro.

Pois bem: caso a temporada regular encerrasse hoje, no momento que este artigo é fechado, teríamos Dallas Stars como campeão no Pacífico e San Jose Sharks, Anaheim Ducks, Phoenix Coyotes e Los Angeles Kings todos classificados aos playoffs, em detrimento de franquias tradicionais como Calgery Flames, St. Louis Blues, Edmonton Oilers e do atual campeão Chicago Blackhawks. Lembrando que, com exceção dos Kings, todos os times no Pacífico foram fundados nos anos 90, sendo dois deles relocação de franquias movidas de regiões absurdamente tradicionais no hóquei: Minnesota (Dallas Stars) e Winnipeg (Phoenix Coyotes).

A discrepância no entanto é grande: o Dallas se mantém líder da Divisão enquanto os demais brigam na parte de baixo da tabela pela classificação aos playoffs. A distância, no entanto, não é das maiores na sempre disputada Conferência Oeste.

Eis aqui a situação atual de cada franquia:

Dallas Stars, 1º lugar no Pacífico, 3º lugar no Oeste, 65 pontos
Capa de nessa última edição, o Dallas Stars é o time mais consistente do Pacífico na temporada regular, retomando uma liderança que foi sua no final dos anos 90 e começo dos anos 2000. A volta da boa fase do Dallas coincide com Brad Richards novamente em grande momento. Richards é o atual líder do time, não apenas em pontos, mas um líder natural no gelo mesmo.

Os Stars ainda conta com grande desempenho de Mike Ribeiro e Loui Eriksson. A defesa, no entanto, assim como nos demais rivais de divisão, não inspira confiança. Um detalhe que chama atenção em sua campanha é a divisão bem-definida de papéis: atacante marca gols, defensor se preocupa em proteger. Os líderes do time são todos centrais e pontas enquanto seus principais defensores mantém melhores índices +/-. Apesar da liderança e consistência na ponta do Pacífico, o Dallas Stars vem de três derrotas consecutivas.

O Dallas tem dois Troféu dos Presidentes (1998 e 1999), uma Copa Stanley (1999), dois Troféus Clarence Campbell (1999 e 2000) e sete títulos de divisão.

San Jose Sharks, 2º lugar no Pacífico, 5º lugar no Oeste, 62 pontos
Depois de fazer uma primeira metade de temporada 2010-11 patética o San Jose Sharks corrige, aos poucos, seu rumo. Com uma sequência de três vitórias consecutivas já é o segundo colocado na sua divisão e briga pare chegar na parte de cima do Oeste, a dos quatro primeiros colocados, aquela que dá direito a mando de gelo na primeira rodada dos playoffs.

Joe Thornton faz uma boa temporada regular, o que é normal, e Dany Heatley e Ryane Clowe fazem excelente papel complementar. Patrick Marleau vem deixando a desejar, mas já melhorou bastante seu rendimento. Dan Boyle é o principal defensor do time até aqui, mas quem vem surpreendendo é Logan Couture e sua veia decisiva: sete gols vencedores. Ele lidera a liga em números de gols decisivos. A vantagem dos Sharks é que, dentre os times de sua divisão, é o que menos depende quase que exclusivamente de seu goleiro titular, Antti Niemi. Seu conterrâneo Antero Niittymaki responde com competência quando é chamado à responsabilidade.

O San Jose Sharks tem sido o time mais polêmico da NHL de 2004 pra cá. Fez um grande papel nos playoffs daquele ano, "revelou" Patrick Marleau e Jonathan Cheechoo, trouxe Joe Thornton, Dany Heatley, tornou-se favorito a ganhar a Copa Stanley e até agora nada aconteceu.

O San Jose tem um Troféu dos Presidentes (2009) e cinco títulos de divisão.

Anaheim Ducks, 3º lugar no Pacífico, 6º lugar no Oeste, 62 pontos
Junto com o Dallas Stars é o time mais consistente no Pacífico, mas de um jeito bizarro. Enquanto os Stars são consistentes em permanecer na ponta, os Ducks são consistentes em ser inconsistentes: desde o começo da temporada alternam sequências boas e ruins e vacilam entre o meio e a ponta de baixo da tabela, como tem sido tradição recente na franquia.

Com Ryan Getzlaf machucado, Corey Perry tem se tornado o principal jogador do time. Teemu Selanne ainda tem papel primordial, apesar da idade, Bobby Ryan vem evoluindo e os defensores Lubomir Visnovsky e Cam Folwer emulam Chris Pronger e Scott Niedermayer (guardadas as devidas proporções) no papel de defensores com presença no ataque. O ponto negativo do time é sua baixa média de gols. A inconsistência, portanto, deve ser mantida até o fim da temporada regular.

O Anaheim tem uma Copa Stanley (2007), dois Troféus Clarence Campbell (2003 e 2007) e um título de Divisão (2007).

Phoenix Coyotes, 4º lugar no Pacífico, 7º lugar no Oeste, 61 pontos
Desde que sua permanência no Arizona tornou-se questionável, os Coyotes resolveram surpreender e passaram a jogar com uma fome que ninguém pode matar. O resultado disso foi a classificação aos playoffs na temporada passada, êxito que briga para repetir na temporada atual. A média de público em Glendale ainda não é das melhores e, enquanto a polêmica resiste, o Phoenix faz seu papel. O curioso é que talvez a ausência de uma torcida mais quente habituou os Coyotes a jogarem em condições não tão favoráveis, tanto é que eles têm um belo desempenho fora de casa, o melhor no Pacífico.

Com um elenco limitado e dividindo responsabilidades, o Phoenix Coyotes vem sendo liderado por Keith Yandle, Ray Whitney e pelo capitão Shane Doan. Mas a razão pelo relativo sucesso talvez se deva a outros três atacantes: Lee Stempniak, Taylor Pyatt e Martin Hanzall.

Também é comum que os Coyotes resolvam seus jogos em tempo regulamentar, o que nem sempre é bom. Se você partir do princípio que nas últimas dez partidas foram quatro vitórias e seis derrotas, seria melhor levar dois desses resultados negativos pelo menos à prorrogação.

O Phoenix não tem nenhum título no currículo.

Los Angeles Kings, 5º lugar no pacífico, 8º lugar no Oeste, 60 pontos
O mais tradicional (ou o único tradicional) time desta divisão, o veterano Los Angeles Kings, que começou com uma temporada regular surpreendente, deu pinta de que seria campeão de divisão, até cair vertiginosamente e agora brigar na parte de baixo. Mas nem tudo está perdido ainda. Os Kings detém melhor saldo de gols da Divisão do Pacífico, possui uma das melhores defesas da liga (no Oeste só perte para Vancouver e Nashville) e vem de uma sequência relativamente animadora. As esperanças de playoffs continuam.

Anze Kopitar é o líder do time em todos os sentidos. Capitão alternativo, melhor jogador da franquia, líder em pontos, é o cara a quem é chamada a responsabilidade em vantagem numérica... só não tem feito muita coisa em desvantagem numérica, mas aí é um problema coletivo dos Kings. Talvez se Justin Williams e Dustin Brown, que vem fazendo uma boa temporada, consguissem ser tão espetacular quanto o esloveno, as coisas tivessem melhor. Ryan Smyth continua um goleador consistente, embora não tenha o mesmo vigor de outrora, mas deveria ser mais presente no ataque para ajudar os garotos. Drew Doughty e Rob Scuderi (um defensor quase que exclusivamente defensivo) são pulmões numa defesa que tem como destaque Jack Johnson. Mas é notável a falta de um finalizador.

A campanha não é tão ruim quanto parece. Talvez se os Kings não tivessem passado por uma fase tão decadente recentemente, e se tivesse alguém para ajudar Kopitar a decidir jogos, como o San Jose tem em Couture, talvez a fé da torcida fosse maior.

O Los Angeles tem um Troféu Clarence Campbell (1993) e um título de divisão (1991).

Thiago Leal infelizmente não vai assistir ao Super Bowl (ou não assistiu, dependendo de quado você ler este artigo).
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Página publicada em 6 de fevereiro de 2010.