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31 de janeiro de 2003
A história completa dos mundiais de juniores

Por Eduardo Costa

1995 -- A temporada 1994-95 da NHL só foi começar em 20 de janeiro de 1995, em decorrência da famosa greve que paralisou a liga por longos 103 dias. Com isso, muitos jovens atletas que já atuavam, mesmo que esporadicamente, na NHL puderam participar do mundial júnior no início de janeiro. Entre eles o central Jason Allison, à época jogador do Washington Capitals. Allison foi um dos principais nomes da competição e ajudou o Canadá a obter pela primeira vez a campanha perfeita de sete vitórias em sete jogos. Isso frente a sua torcida em Red Deer, na província de Alberta.

Marty Murray foi recrutado em 1993, mas foi só após suas atuações na competição que o Calgary Flames viu que o central merecia uma chance na NHL. Murray, hoje jogador do Philadelphia Flyers, liderou o torneio com 15 pontos, sendo seis gols e nove assistências. E, de quebra, foi eleito o melhor atacante da competição. Allison, hoje jogador do Los Angeles Kings, teve o mesmo número de pontos, porém com apenas três gols. A terceira colocação também ficou com um jogador canadense, o defensor Bryan McCabe. O atual jogador do Toronto Maple Leafs marcou três gols e contribuiu com mais nove assistências. Com isso, também foi eleito o melhor em sua posição.

A segunda colocação ficou com os russos, que tiveram no goleiro Yevgeny Tarasov seu maior destaque individual. O bronze ficou com os suecos. A Ucrânia, que fazia sua estréia em mundiais sub-20, ficou com a lanterna.

1996 -- Para esta edição da competição houve significativas mudanças. Em vez de oito seleções jogando entre si em um só grupo, agora eram dois grupos com cinco seleções cada, com as quatro primeiras de cada grupo se classificando. As duas seleções que não obtivessem vaga nos playoffs disputariam duas partidas entre si pra definir quem iria ser rebaixado para a segunda divisão da competição.

O torneio, disputado em Boston, teve mais uma vez Canadá, Suécia e Rússia no pódio. Os canadenses conquistaram seu quarto título consecutivo.

Dois jogadores que disputaram o último Troféu Hart se sobressaíram na campanha canadense. José Théodore foi eleito o melhor goleiro e principal responsável pela excelente marca de apenas oito gols sofridos pela seleção canadense, igualando a melhor marca da história da competição, obtida pela União Soviética, em 1975, e pela Finlândia, em 1980. E o asa direita Jarome Iginla foi o artilheiro do mundial, com 12 pontos (cinco gols e sete assistências).

O alemão Florian Keller também obteve o mesmo número de pontos que Iginla e foi escolhido como o melhor atacante da competição. A Suécia ficou com a prata, ao perder a final para os canadenses por 4-1, e seu defensor Mattias Ohlund ficou com o posto de melhor em sua posição na competição. A seleção dona da casa perdeu a metade de seus seis jogos e ficou na decepcionante sexta posição. Na luta para permanecer na elite, a Suíça prevaleceu sobre a Ucrânia.

1997 -- A Suíça foi a sede em 1997. Se os Estados Unidos decepcionaram atuando em casa um ano antes, agora eles mostraram força e conquistaram a medalha de prata. Foi também a primeira final em que uma seleção européia não ficou entre as duas primeiras posições.

O Canadá conquistou seu quinto título consecutivo, sétimo em oito anos e décimo no geral com uma equipe cheia de figurinhas carimbadas, como os goleiros Marc Denis e Martin Biron; os defensores Chris Phillips, Jesse Wallin e Richard Jackman; e os atacantes Joe Thornton, Trevor Letowski, Brad Isbister, Boyd Devereaux e Daniel Briere. O treinador era o atual Mighty Ducks Mike Babcock.

Talvez tenha sido Devereaux o grande herói da conquista, ao marcar dois gols, inclusive o da vitória, sobre os russos na semifinal. Na final, disputada na Vernets Arena de Genebra, foi a vez de Denis manter sua meta intacta e vencer o duelo com o americano Brian Boucher, sendo fundamental na vitória de 2-0 (gols de Devereaux e Isbister). Denis foi eleito o melhor goleiro da competição, enquanto os Estados Unidos tiveram o defensor Joe Corvo como o melhor em sua posição.

O mundial da Suíça não foi rico em gols, por isso os maiores pontuadores obtiveram apenas nove pontos cada: o eslovaco Radoslav Pavlikovsky, o americano Erik Rasmussen e o finlandês Tommi Kallio. A Rússia ficou com o bronze, mas a equipe tinha jogadores bons o suficiente para ter ido mais longe. Alexei Morozov foi eleito o melhor atacante do sub-20. Além dele, Oleg Kvasha, Sergei Samsonov e Alexei Kolkunin formavam um grupo de atacantes de respeito.

1998 -- Quem poderia imaginar que o Canadá, que conquistara os cinco títulos anteriores amargaria sua pior colocação na história do torneio? Pois é, os canadenses amargaram uma deprimente oitava posição, ficando atrás até mesmo do estreante Cazaquistão, após perder para os mesmos por 6-3 na "disputa" pela sétima colocação. O time sentiu a falta do capitão Jesse Wallin, que não participou das últimas três partidas da equipe, com um pé quebrado, mas, mesmo assim, contava com Roberto Luongo, Eric Brewer, Vincent Lecavalier e Alex Tanguay, entre outros.

A anfitriã Finlândia venceu sua segunda medalha de ouro em mundiais sub-20, mas, para muitos, foi a primeira, já que a anterior foi conquistada devido à batalha entre soviéticos e canadenses em 1987. A Finlândia, terceira colocada na oportunidade, "herdou" a conquista após a IIHF suspender as seleções brigonas.

A conquista de 1998 veio após uma tensa final contra os russos, disputada frente a fanáticos 13.550 espectadores na Hartwall Arena em Helsinque. Dimitri Vlasenkov abriu o placar a favor dos russos no segundo período. O defensor Pasi Puistola empatou ao marcar o único gol do terceiro período. Pela primeira vez uma final sub-20 ia para a prorrogação. Olli Jokinen mandou um chute que desviou no defensor russo Alexei Tezikov e, por último, no finlandês Niklas Hagman, antes de vencer o goleiro Denis Khlopotnov. Hagman e Jokinen, que atualmente jogam no Florida Panthers, foram os destaques ofensivos da Finlândia no torneio; no gol, Mika Noronen (Buffalo Sabres) também foi decisivo. No banco, o treinador era Hannu Kapanen, pai de Sami Kapanen, jogador dos Hurricanes. Com a derrota, os russos amargavam sua maior seca, com seis anos sem a medalha de ouro.

A medalha de bronze foi para a maior zebra do torneio. Quem acompanhou as matérias anteriores sobre os mundiais sub-20 viu que a Suíça foi o saco de pancadas histórico da competição. A redenção veio em 1998. Com quatro vitórias em sete jogos, apenas 14 gols sofridos e uma soberba participação do goleiro David Aebischer, os suíços obtiveram a medalha de bronze ao derrotar a República Tcheca de Ales Kotalik e Patrik Stefan em uma partida decidida nos pênaltis. Terminaram na frente de seleções tradicionais, como Suécia e Canadá.

A artilharia do torneio ficou com o americano Jeff Farkas e com Olli Jokinen, cada um com dez pontos. Jokinen também foi eleito o melhor atacante do torneio. O defensor tcheco Pavel Skrbek foi eleito o melhor de sua posição. Após sete torneios figurando entre a elite, a Alemanha finalmente foi rebaixada.

Na próxima e última parte da história dos mundiais sub-20, veremos o renascimento da hegemonia russa no torneio. Além de Maxim Afinogenov, Ilya Kovalchuk e os gêmeos Sedin. E também a República Tcheca finalmente conquistando um lugar de destaque no torneio. Até lá.

Colaboraram para essa matéria: Humberto Fernandes e Heiko Lundvall.

Eduardo Costa agradece aos leitores que tiveram a paciência de ler essa série de matérias sobre o campeonato mundial sub-20.
GARANTINDO O OURO Marc Denis defende um chute de Joseph Corvo durante o primeiro período da final do WJHC de 1997. A vitória de 2-0 deu ao Canadá o quinto título consecutivo (CP - 1997)
 
A HISTÓRIA DOS MUNDIAIS DE JUNIORES
Parte I (edição 28)
Parte II (edição 29)
Parte III (edição 30)
Parte IV (edição 31)
Parte V (edição 32)
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Página publicada em 29 de janeiro de 2003.