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Talvez a sorte tenha sido lançada quatro anos atrás. Talvez, nesses quatro anos desde que os suecos sofre-ram aquela inimaginável derrota para a Bielorrússia, nos jogos de Salt Lake City, em 2002, os deuses do hóquei tenham armado uma compensação para os nórdicos. Tal-vez eles tenham se arrependido de deixar um chute do adversário desviar na cabeça de Tommy Salo e entrar no gol (afinal, quais eram as chances de isso acontecer?).

No domingo de Carnaval, na final do torneio olímpico de hóquei, contra a Finlândia, quatro anos após aquela dura derrota, esta talentosa seleção sueca deu a impressão de ter mais um jogador no seu plantel: a Senhora Sorte. Ou, no mínimo, a Suécia tinha tacos que não quebravam na hora errada.

Em três lances decisivos no terceiro período da final, os jogadores fin-landeses não puderam fazer nada senão lamentar jogando seus tacos quebrados contra o gelo. Aqueles tacos quebrados acabaram se tor-nando as espadas que mataram seus sonhos de uma medalha de ouro.

Os problemas finlandeses com tacos começaram durante o faceoff inicial do terceiro período, disputado por Saku Koivu, da Finlândia, e Mats Sundin, da Suécia. O taco de Koivu, dos mais modernos e feito de apenas um pedaço, quebrou-se ao meio. Naquele momento, Koivu decidiu ir até o banco para pegar um novo taco. Provavelmente aquela não era a melhor escolha, considerando que os times estavam jogando num quatro-contra-quatro. Os talentosos suecos fizeram Koivu se arrepender da decisão.

Em apenas dez segundos, a seleção da Suécia marcou um gol que se tornaria importantíssimo. Logo depois do faceoff, Peter Forsberg — fale a verdade: você sabia que o nome dele apareceria em destaque neste jogo, não sabia? — dominou o disco na zona neutra e levou-o até a linha azul, antes de devolvê-lo para Sundin. O capitão dos Leafs vôou para a esquerda e mandou o disco de volta para a linha azul. Sem Koivu, que ainda estava tentando voltar à jogada, os finlandeses não tinham ninguém para marcar o defensor Nicklas Lidstrom, que dominou o passe e, mais importante, não teve nenhuma má sorte com o seu taco, mandando uma bomba que ainda bateu na trave antes de acabar nas redes atrás do goleiro Antero Niittymaki.

Menos de dois minutos depois, durante uma vantagem numérica, os finlandeses foram assolados por mais um taco ruim. Desta vez, a vítima foi o defensor Kimmo Timonen, que tinha aberto o placar no primeiro período. Timonen estava tentando dar um chute de primeira similar ao que originou o seu gol, quando seu taco quebrou ao meio. A rebarba sobrou para o sueco P.J. Axelsson, que tirou o disco da sua zona de defesa.

Seis minutos depois, mais um taco com defeito acabou com uma chance de gol da Finlândia. Agora, o ponta Niklas Hagman estava prestes a chutar de primeira, de dentro do círculo esquerdo, mas, ao fazer contato com o disco, algo deu errado. O chute de Hagman acabou indo para o canto, sem perigo algum. A impressão inicial era de que Hagman tinha furado, mas depois a maioria dos que observaram o lance com atenção estava convicta de que o taco tinha rachado. Não deu parar fazer uma análise detalhada do instrumento, porque o incon-formado Hagman o destruiu em pedaços logo depois do lance.

No minutos final, os finlandeses pressionaram com o que restava de suas forças o goleiro sueco Henrik Lundqvist. O disco quicou capricho-samente o tempo todo perto do gol sueco, mas não venceu Lundqvist.

Em jogos disputados como este, coisas estranhas podem determinar o resultado final. Um taco quebrado ou um "morrinho de gelo artilheiro" pode significar a diferença entre a vitória e a derrota. É a natureza do jogo. E nem poderia ser diferente, já que o local de jogo é bem escorregadio.

Mas naquele domingo de Carnaval, naquele jogo disputado, a Senhora Sorte estava vestindo a camisa azul com as três coroas. Acho que ela sentiu que estava em falta com o time.

A principal linha da Finlândia, com Koivu, Teemu Selanne e Jere Lehtinen esteve brilhante durante as Olimpíadas de Inverno. Mas, nos últimos jogos, talvez a melhor linha finlandesa tenha sido a segunda, com o central Olli Jokinen e os pontas Ville Peltonen e Jussi Jokinen.

Peltonen, que está jogando na Suíça, jogou bem no torneio, mar-cando quatro gols e cinco assistências, com um mais/menos de +4. Os mais fanáticos pela NHÇ devem se lembrar dele, que, prestes a completar 33 anos, já passou por Sharks e Predators ao longo de cinco temporadas. Ele marcou 18 gols e 60 pontos em 175 jogos.

Suas atuações nas Olimpíadas podem ter convencido algum time da NHL a investigar se ele está interessado em voltar à América do Norte na próxima temporada. Na "nova" NHL, Peltonen pode vir a ser um jogador mais produtivo. (A.G.)


Alexandre Giesbrecht, 29 anos, vai se casar no civil neste próximo sábado; o religioso é só no sábado seguinte.
SUECOS COMEMORAM Não identificamos nenhuma mensagem "100% Irene Garten" na camisa de nenhum sueco (Mike Blake/Reuters - 26/02/2006)
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Página publicada em 8 de março de 2006.