A divisão que até há pouco era esculhambada como a pior da NHL tem nada menos que os dois últimos campeões. Retrato da renovação geral, e também da boa gestão das franquias do Tampa Bay e do Carolina. Com o Washington ainda com seus melhores anos pela frente, a grande dúvida deverá ser se o Atlanta e o Florida têm fôlego para chegar aos playoffs.

Carolina Hurricanes
Uma nova corrida pelo título? Claro que sim, esse será o objetivo, ainda que seja muito difícil reunir todos os fatores da conquista. Nomes de peso no elenco saíram (Doug Weight, Mark Recchi, Aaron Ward), interessantes, porém menores, contratações chegaram (Brad Isbister, Scott Walker, Trevor Letowski). A esperada linha principal da equipe — Erik Cole, Eric Staal e Justin Williams — terá de dar um grande passo à frente para compensar a perda de Weight e Recchi, assim como a provável queda na produção de Rod Brind'Amour. No gol, depois da vergonha nos playoffs passados, Martin Gerber se mandou para o Ottawa e deixou o peso com Cam Ward, o novato-sensação que levou o Conn Smythe pra casa e que agora tem o desafio de manter o nível. Para lhe fazer sombra, a gerência trouxe John Grahame, fracassado em sua empreitada como goleiro principal do Tampa Bay. O time deve se reforçar automaticamente em algum ponto da temporada, com a volta dos contundidos Cory Stillman e Frant Kaberle, mas uma nova e séria corrida ao título demandará ao menos uma aquisição/aluguel de impacto ao longo da temporada. Em resumo, este é um time cujos jovens talentos devem estar ainda melhores nessa temporada. Staal, por exemplo, tem tudo para se tornar um dos maiores pontuadores da liga. A dúvida será quanto à dosagem necessária de experiência na equipe para uma nova corrida ao título.

Atlanta Thrashers
Será esse o ano dos playoffs? Aposto que sim, apesar dos problemas passados permanecerem, especialmente a falta de um defensor número 1 que saiba atacar com desenvoltura. Na defesa o jeito será apelar para o jogo bruto e os trancos espetaculares de Garnet Exelby. No gol, esta finalmente deverá ser a temporada de estouro de Kari Lehtonen. A onda em cima do jovem goleiro já era grande na temporada passada, mas uma contusão acabou postergando a propalada rebentação. Vamos ver agora se ele é mesmo tudo isso que dizem ser. A saída de Marc Savard deixa o time com menos uma baita opção ofensiva, mas a provável ascensão de Bobby Holik à linha principal deve dar a responsabilidade defensiva que praticamente inexistia. Em caso negativo, a gerência trouxe outra tentativa: Steve Rucchin, aquele que nunca conseguiu ser o central que a dupla Selanne-Kariya precisava nos tempos de Anaheim, vai tentar ser o central que a dupla Kovalchuk-Hossa precisa. Aguardem sentados. Curiosidade para os torcedores do Detroit, que certamente se lembram de Jason Krog: ele voltou, só que agora está no Atlanta!

Tampa Bay Lightning
Chegar aos playoffs ou ser campeão? Chegar à pós-temporada já estará de bom tamanho para o Tampa, mas o exemplo dos Oilers de 2006 colocou por água abaixo essa falsa dualidade. A competição pelos playoffs no Leste já é grande o suficiente para que um classificado tenha plenas chances de ir até o fim, e o Tampa é um time de qualidade. Quando foram campeões em 2004, eles não impunham muito medo antes da temporada começar, tal qual o time atual. Capitaneada pelo experiente, porém insosso, Tim Taylor, a equipe perdeu defensores do quilate de Darryl Sydor e Pavel Kubina e tentou repor com o bom Filip Kuba e o largado Andy Delmore. Ou seja, piorou. No gol, com a saída de John Grahame, a tentativa agora é com uma antiga promessa, Marc Denis. É uma ótima aposta. No ataque, a saída de Frederik Modin em nada deverá melhorar o cambaleante time de vantagem numérica. Ou seja, é trabalho para o treinador, que ainda tem nas mãos um punhado de grandes atacantes, que combinam velocidade, força e habilidade. O problema é o mesmo da temporada passada: falta profundidade ao time, especialmente na terceira e quarta linhas. Mesmo com toda eficiência de alguns coadjuvantes (principalmente Vaclav Prospal), a dependência em relação ao trio Martin St. Louis, Vincent Lecavalier e Brad Richards ainda é muito grande — pudera, o trio custa cerca de US$ 20 milhões aos cofres da franquia. O jeito talvez seja apostar nas novidades, entre eles o jovem Ryan Craig.

Florida Panthers
Todd Bertuzzi pode colocar o time nos playoffs? Sozinho, não. Ao lado de Olli Jokinen, quem sabe? Bertuzzi tem agora a chance de se refazer da catástrofe toda que ele próprio provocou na carreira. Outro time, outro país, outra temperatura, os ingredientes para a mudança estão postos, falta ver como será no gelo. É ótimo para Jokinen, que finalmente terá alguém com quem jogar, e será melhor ainda para quem jogar ao lado da dupla. Nas últimas de suas carreiras, Gary Roberts (até conseguir ser negociado) e Joe Nieuwendyk deverão servir mais de professores aos jovens da equipe, que conta ainda com os eficientes veteranos Martin Gelinas, Chris Gratton e Josef Stumpel para as linhas de baixo. Outra novidade é que Miami é o destino do longevo Ed Belfour, que chega para ser o reserva de Alex Auld, que veio dos Canucks na troca envolvendo Bertuzzi e Luongo. O bom corpo defensivo da equipe será liderado pelos cada vez melhores Jay Bouwmeester e Mike Van Ryn, mas esta temporada será outra para estes: não há mais Luongo atrás, ou seja, nada disso de deixar vazar 40 chutes por noite. Talvez esse seja o grande desafio do time na temporada.

Washington Capitals
Quando será a temporada de briga pelos playoffs? Ainda não será nesta e a dúvida é quando. Que Alexander Ovechkin é jogador de carregar um time nas costas, disso não há dúvidas. Que os Capitals devem planejar seus próximos anos e construir um time em torno dele, todos sabemos. As dúvidas maiores são duas: 1) quanto tempo isso levará e 2) os coadjuvantes são realmente capazes de ajudar a estrela do time? Lembrem-se, Mario Lemieux ganhou duas Copas para os Penguins no começo dos anos 90, mas ele tinha coadjuvantes de qualidade ao redor, ainda que ele tenha "feito" a carreira de muita gente. O horizonte atual dos Caps é Ovechkin mais um bando de outros, sem querer ser injusto com jogadores como Danius Zubrus, por exemplo. A boa nova é que, com o ogro Donald Brashear no elenco, todos deverão pensar duas vezes antes de alvejar a estrela do time. Olaf Kolzig renovou por mais dois anos e parece que vai mesmo encerrar sua carreira na equipe. Bom sinal, afinal, por mais decadente que esteja, ainda é muito superior aos demais do elenco. Acredito que a grande meta do time nesta temporada deva ser não ficar em último, ou melhor, não competir novamente pela lanterna com os rivais Penguins. Ou será que não? Será que veremos um Ovechkin ainda mais arrasador, que literalmente faça milagre e leve esse time aos playoffs? Haja sonhos.


Marcelo Constantino é colunista da TheSlot.com.br.
 
 
 
 
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Página publicada em 6 de outubro de 2006.