Há cerca de um mês, publiquei o artigo "Posicionamento é a chave", uma crítica à falta de planejamento da gerência do Detroit Red Wings para essa temporada, questionando suas indiferenças e contradições.

Àquela época, os Wings somavam três vitórias e cinco derrotas, ocupando a 13.ª posição na conferência.

No dia em que a crítica foi publicada, a equipe quebrou sua sequência de três derrotas consecutivas. Mais do que isso: venceu nove jogos seguidos, igualando o recorde histórico da franquia, estabelecido outras cinco vezes ao longo de 80 anos de muita tradição.

Em TheSlot.com.br é assim: quando queremos mudar o rumo de um time, basta escrever sobre ele. Quem está bem, cai repentinamente; quem está mal, ganha vários jogos seguidos.

Os Red Wings pós-crítica têm campanha de 9-1-1, com 19 pontos conquistados em 22 possíveis. Seis vitórias por um gol de diferença e três de goleada, duas por shutout. Triunfos contra Blues, Blackhawks e Blue Jackets, é verdade, mas essa lista também traz Sharks, Stars e Predators.

Para o novo Detroit, o melhor ataque é a defesa, responsável pela nova identidade do time. É assim que os Wings, de defesa excelente e ataque inconsistente, tem vencido seus jogos.

A excelência defensiva é tamanha a ponto de permitir que Dominik Hasek seja líder da liga em média de gols sofridos por partida e em shutouts. E o ex-Dominador não precisou se esforçar muito para atingir tais números, afinal seus companheiros são responsáveis pela melhor defesa da liga, com média de 2,00 gols sofridos por noite.

Em dois de seus shutouts na temporada, Hasek declarou que nunca teve noite tão tranquila. Para quem tem tantos anos de estrada, é um comentário ao qual se deve dar valor.

A primeira linha de defesa, formada por Nicklas Lidstrom e Danny Markov, tem beirado a perfeição. O sueco lidera a liga em mais/menos, enquanto o russo é o quarto colocado. Esse número ganha ainda mais significado ao se conhecer os adversários que a dupla enfrenta. Quando Markus Naslund, Joe Thornton, Jarome Iginla, Ryan Smyth ou qualquer outro jogador desse nível está no gelo, os Wings enviam o que há de melhor para combatê-lo, ou seja, a primeira linha.

Essa parceria tem dado certo porque as características dos jogadores se completam. Lidstrom é fenomenal em tudo que faz, seu posicionamento é perfeito, ataca muito e defende com maestria. Markov joga duro, é o cão de guarda e gosta de distribuir trancos — que o diga Ethan Moreau e seu ombro operado. O sueco pode se mandar para o ataque, sabendo que seu companheiro está lá para garantir a retaguarda.

Pelo talento e pela confiança, Lidstrom adora jogar ao lado do russo. "Danny tem sido um bom parceiro," disse o capitão. "Não é apenas por sua presença física. Ele fica mais atrás do que eu, então posso atacar um pouco mais".

A recíproca também é verdadeira. "Nick é um dos melhores defensores do mundo, então estou muito feliz", declarou Markov. "Ele é um defensor de alto nível porque joga bem ofensivamente, bem defensivamente, sabe se posicionar — é muito fácil jogar com ele."

Inspirado pelo sucesso de sua principal dupla, o treinador Mike Babcock repete a fórmula nas demais linhas: um defensor ofensivo ao lado de um defensivo.

Assim, Mathieu Schneider e Niklas Kronwall também se completam. O primeiro é, sem dúvida, a melhor aquisição dos Wings nos últimos anos. Joga com o coração e tem uma habilidade incomparável, além do chute devastador. O sueco, por sua vez, é muito veloz, patina muito bem e adora parar os adversários usando a força de seus trancos — pergunte a J. Thornton.

Fechando a melhor defesa da liga na atualidade estão o veteraníssimo Chris Chelios e o garoto Brett Lebda. Aos 44 anos, dizem que Chelios não aparenta mais do que 35 e que nesse ritmo ele poderia jogar até os 50. Exageros à parte, as atuações do jogador têm sido mais elogiadas que criticadas, principalmente na sequência de vitórias da equipe. Vinte anos mais jovem, Lebda é a uma grata surpresa da temporada passada, um defensor que sabe atacar e defender, responsável o suficiente para jogar simples e objetivamente, sem erros.

Errado é ainda insistir em Andreas Lilja, cuja diferença para você ou eu, no quesito talento como jogador de hóquei, é insignificante. Lilja é geralmente comparado a um cone do Detran.

Durante as nove vitórias consecutivas os Wings sofreram apenas 12 gols, pouco mais de um por partida. Ganhando tantos jogos pela vantagem mínima, evitar os chutes adversários tornou-se fator determinante de sucesso. Esse tem sido o grande diferencial do time: a média de chutes sofridos por noite é de 20,9, cinco a menos do que os Canucks, segundo colocado.

Cinco chutes seriam suficientes para, por exemplo, Patrick Marleau, Alexander Frolov, Maxim Afinogenov ou Thomas Vanek marcarem um gol, possivelmente de empate, que roubaria do Detroit a vitória e um ponto na classificação.

Na acirrada Divisão Central, qualquer ponto é importante na luta pelo título. É conveniente lembrar, entretanto, que se passaram apenas 25% da temporada regular. O que importa ainda está longe.

Nota: após essas observações positivas sobre a defesa dos Red Wings, responsável por elevar o time da 13.ª para a 6.ª posição na conferência, não duvide da responsabilidade de TheSlot.com.br caso a equipe caia em desgraça novamente.


Humberto Fernandes escreveu esse artigo gripado e com febre, graças ao intrigante clima de Viçosa-MG, no qual você experimenta as quatro estações do ano em menos de 24 horas.
MURO DE CONTENÇÃO Danny Markov tem sido o defensor que faltou aos Wings nas últimas temporadas: bruto, agressivo e talentoso.
(Dave Sandford/Getty Images - 25/10/2006)
 
PASSAGEM PROIBIDA Chris Chelios deve ser "gato ao contrário": ao invés dos 44 anos de sua carteira de identidade, deve ter no máximo uns 35.
(Dave Sandford/Getty Images - 10/11/2006)
 
ELE MERECE Na foto Nicklas Lidstrom cumprimenta Dominik Hasek, mas na verdade quem merece os aplausos é o defensor e seus companheiros de defesa, que têm facilitado o trabalho do goleiro.
(Richard Lam/AP - 14/11/2006)
 
INSUPERÁVEL Somente o melhor é bom o bastante: Nicklas Lidstrom. Agora como capitão.
(Jeff McIntosh/AP - 17/11/2006)
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Página publicada em 22 de novembro de 2006.