O San Jose Sharks chegou ao topo do Ranking da Slot desta semana por ter feito mais uma semana eficiente, mas sobretudo por conta dos vacilos dos concorrentes diretos, Buffalo Sabres e Anaheim Ducks. Entretanto vale a pena dedicar um espaço a este time, que cresce de produção cada vez mais.

Há um ano era concretizada uma das trocas mais horrendas dos últimos tempos, verdadeiro Tratado de Methuen da história recente da NHL. Dois times que vinham mal das pernas resolveram negociar. O Boston Bruins achava que seu líder Joe Thornton não era o que se esperava dele. O San Jose Sharks achava que precisava dar uma balançada no elenco. A rigor, qualquer time que ouvisse a notícia de que um jogador como Thornton estava disponível iria mexer no que fosse possível para contratá-lo. E assim os Sharks fizeram, mandando logo um trio por ele: Brad Stuart, Marco Sturm e Wayne Primeau.

É desnecessário (e até imoral) chutar cachorro morto e esculhambar novamente a gerência do Boston Bruins pela negociação. O ponto aqui é mostrar o quanto o San Jose Sharks melhorou depois que o central foi jogar lá. Thornton valia e vale mais que Brad Stuart, Marco Sturm e Wayne Primeau somados. Simplesmente porque Thornton é um jogador que pode desequilibrar e mudar a cara de uma franquia. Exatamente o que ele fez no San Jose.

Se antes da troca, os Sharks penavam pelas últimas colocações, depois eles escalaram tabela acima insistentemente até chegar ao grupo dos classificados aos playoffs. Não daqueles classificados para figuração, mas tidos como um dos mais quentes e promissores times de então. E ainda a NHL assistiu a uma das duplas mais explosivas dos últimos tempos quando juntou-se Thornton com Jonathan Cheechoo. Um foi o MVP e líder em pontos da NHL na temporada passada, outro foi o artilheiro.

Se pegarmos o exato momento da chegada de Thornton, o San Jose vinha de dez derrotas seguidas e, com o camisa 19 no gelo, venceu as cinco partidas seguintes. A equipe de vantagem numérica cresceu barbaramente com ele, de um aproveitamento menor que 15% para acima dos 20%. A média de gols marcados subiu quase 14%. Os Bruins? Seguiram a mesma trilha de Boston em que estavam antes.

Nesta temporada a dupla não anda tão explosiva quanto antes, e Cheechoo andou tendo problemas de contusão. O melhor do time até aqui tem sido o ótimo central Patrick Marleau. Sem problemas, há uma garotada que vem dando conta do recado.

Espaço aberto para os novos

A troca foi boa também para abrir portas para jogadores novatos, num movimento relativamente semelhante ao do Anaheim Ducks, conforme matéria da semana passada. Com a saída de três titulares, surgiram novatos como Milan Michalek, Matt Carle, Steve Bernier e Joe Pavelski. Na faixa dos 21-22 anos de idade, eles têm um ponto em comum: todos foram recrutados em 2003.

Esta é efetivamente a segunda temporada completa de Milan Michalek, jovem tcheco de 21 anos escolhido na primeira rodada do recrutamento de 2003. Ele costuma buscar o gol durante a partida inteira, o que se reflete nos seus 67 chutes a gol, líder do time neste quesito. Mas não apenas nisso, ele é também o líder em +/- (+13).

Matt Carle atualmente é um dos defensores novatos mais promissores da NHL. Atuando no que deverá ser sua primeira temporada completa na liga (ele esteve em 12 partidas na passada), ele vem ocupando parte do espaço aberto pela saída de Stuart, o principal defensor da equipe na época. Jogando cerca de 20 minutos por noite, este jovem que foi escolhido na segunda rodada já soma 16 pontos na temporada, líder entre defensores novatos.

Steve Bernier, outro escolhido na primeira rodada, atuou em meia temporada durante 2005-06 e esta também deve ser sua primeira completa. A linha mais produtiva do time no momento (não, não é a de Thornton!) é aquele em que ele joga, ao lado de Marleau e Michalek.

Já Joel Pavelski foi escavado na sétima rodada do recrutamento e atuou em apenas seis partidas na NHL, todas nesta temporada. Parece pouco? Pode ser, mas ele já disse a que veio: disparou 22 vezes a gol e marcou quatro vezes nesses jogos — dois deles em vantagem numérica, um deles o da vitória, como ainda veremos abaixo. E sabem como ele veio parar na NHL? Quando Cheechoo se machucou e foi colocado na reserva (injury reserve), ele foi chamado para compor elenco. Quem não quer um substituto assim?

Enquanto isso, Stuart e Sturm sofrem com contusões e com o próprio time pavoroso dos Bruins.

Vitória sob êxtase
No último sábado os Sharks conseguiram uma daquelas vitórias pouco críveis, essencialmente emocionantes para a sua torcida. Faltavam uns cinco minutos para o jogo acabar, os Wings venciam por 2-1. Aqui, na redação da TheSlot.com.br, os colunistas Humberto Fernandes e Marco Aurélio Lopes acompanhavam o jogo à distância. Vale a pena reproduzir o breve diálogo:

Humberto: "Wings 2-1 ainda?"
Marco: "Sim."
Humberto: "Tem o tempo aí?"
Marco: "Faltam 4:48."
Humberto: "Ah, ainda dá tempo dos Sharks virarem."

Nosso destruidor de qualquer gerente ou técnico dos Wings é também um profeta. O San Jose efetivamente empatou e virou o jogo.

O gol de empate veio aos 16:29 com Mark Bell. E o gol da vitória chegou quando restavam apenas seis segundos para o fim, num lance infeliz de Dan Cleary, que não conseguiu dominar o disco na zona de defesa, e o deixou livre para os atacantes dos Sharks, que ainda estavam no ataque, recuperarem e fuzilarem a gol. Quem foi o felizardo? Um daqueles novatos que citamos, o encantado Joe Pavelski.

O número 2 do Oeste
No momento em que comecei a escrever esta matéria o time havia emendado uma seqüência de cinco vitórias e estava a seis pontos dos Ducks. Aí veio aquela conhecida "Maldição da Slot", que fez com que o time perdesse de 1-0 para o Dallas Stars na segunda-feira, numa partida em que eles tiveram vantagem numérica nos 47 segundos finais — o que, na prática, lhes dava dois homens a mais, e um goleiro a menos. Tudo bem, nada que apague o brilho da equipe até aqui.

Até o momento, eu só vejo o San Jose Sharks como possível candidato a fazer frente ao Anaheim Ducks no Oeste. Não tem Dallas, Calgary, Nashville, Detroit ou Edmonton.


Marcelo Constantino é consumidor de leite condensado e recomenda um café da manhã saudável regado a ovo frito com bacon e queijo, na manteiga.
 
JOE THORNTON Um ano depois de ser negociado para o San Jose, Thornton e os Sharks ainda colhem os bons frutos da mudança.
(Dave Sandford/Getty Images - 02/12/2006)
GEORGE PARROS X SCOTT PARKER Quem aqui se recorda de Scott Parker? Escolha de primeira rodada dos Avs, era um trunfo que Bob Hartley guardava para meter medo nos jogadores do Detroit em algumas partidas nos playoffs. Dentro do gelo ele não assustava a ninguém, a não ser ao disco. O tempo passou e mostrou que Parker não era nada além daquilo.
(Robert Laberge/Getty Images - 21/11/2006)
BELA SACADA Uma bela foto do jogo de sábado contra os Red Wings, antes de um face-off.
(Dave Sandford/Getty Images - 02/12/2006)
A VITÓRIA NO FIM Joe Pavelski marca o gol da vitória sobre o goleiro Joey MacDonald, quando faltavam seis segundos para o fim do jogo.
(Dave Sandford/Getty Images - 02/12/2006)
 
 
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Página publicada em 6 de dezembro de 2006.