NOTAS e FOTOS • Por: Humberto Fernandes e Thiago Leal

Na semana passada Anaheim Ducks e St. Louis Blues realizaram a primeira troca relevante da temporada — em dezembro! Os Ducks enviaram o central Andy McDonald em troca do também central Doug Weight. A negociação definitivamente se encaixa na categoria "trocas do novo acordo coletivo de trabalho", porque os Ducks trocaram um jogador de 30 anos, que nas duas últimas temporadas marcou 61 gols e 163 pontos, por outro seis anos mais velho e 167 mil dólares mais caro, que no mesmo período produziu 31 gols e 116 pontos. No entanto, o gerente geral do Anaheim, Brian Burke, não foi engabelado. É que os Ducks precisavam abrir espaço em sua folha salarial da próxima temporada para comportar o retorno do ex-capitão Scott Niedermayer. Na era do teto salarial não é possível comparar as trocas apenas analisando os jogadores envolvidos, há outros fatores relevantes escondidos nos detalhes, como espaço na folha de pagamento. Livre do salário de McDonald na próxima temporada, o Anaheim possibilitou o retorno de Niedermayer e abriu a contagem para a renovação de contrato com Corey Perry, goleador da equipe no ano. Para os Blues, a troca foi extremamente vantajosa, mesmo que McDonald esteja em má fase.

Na temporada passada, aos 37 anos, Joe Sakic marcou exatos cem pontos, alcançando pela sexta vez em sua carreira os três dígitos, o que não acontecia desde 2001. Em se tratando de Sakic, não existem surpresas: ele ainda é capaz de causar impacto no Colorado Avalanche tanto como jogador decisivo como durável, mesmo próximo dos 40. De 2001 em diante, o capitão dos Avs disputou 467 dos 492 jogos de sua equipe. No entanto, neste momento Sakic se recupera de uma contusão na virilha, que o afasta do gelo desde o fim de novembro. Graças a esta limitação o jogador está a caminho de marcar seu menor número de gols desde a reduzida temporada de 1995. Em 24 jogos na temporada, Sakic anotou 22 pontos. Com 1.611 pontos em sua carreira e 209 após o locaute, ele parecia em forma para tomar de Mario Lemieux (1.723) a sétima posição na artilharia de todos os tempos da NHL e ainda ameaçar Steve Yzerman (1.755) e Marcel Dionne (1.771). Sakic não é um dos jogadores mais fortes do mundo e ainda leva porrada nas bordas, mas apesar de ser alvo dos adversários, sempre mostrou sua durabilidade. Ele tem apenas um ano de contrato com os Avs, que pode ser o último de sua carreira, embora pareça improvável que se aposente ao fim da temporada, enquanto ainda tem combustível para queimar.
Na quinta-feira, dia 13, o Philadelphia Flyers confirmou o rumor que ganhava força ao redor da liga e renovou o contrato do central Mike Richards por 12 anos, pela bagatela de US$ 69 milhões, o que faz do jogador o grande nome da equipe para o futuro e o segundo maior contrato da história da NHL. Em sua quarta temporada, Richards lidera os Flyers em todos os quesitos, exceto +/- e gols em vantagem numérica. O central ultrapassou a marca dos cem pontos recentemente e já estabeleceu seu recorde pessoal de gols e pontos no ano. Apesar do exagero na duração do contrato, o acordo não chega a assustar, porque Richards é um raro jogador completo, bom tanto no ataque quanto na defesa e que lidera pelo exemplo. Se ele mantiver o desenvolvimento natural de seu jogo, no longo prazo os Flyers terão cometido um "roubo", porque a tendência de inflação dos salários e aumento do teto salarial condenariam a equipe a desembolsar mais do que US$ 5,75 milhões por temporada.
Você já ouviu falar na Copa Spengler? Eu nunca. Nem mesmo a histórica Edição dos Campeões desta publicação cita o torneio. Pois o veterano goleiro Curtis Joseph, aos 40 anos de idade, sem emprego na NHL, conhecerá esta nada nobre competição. A edição deste ano da Copa Spengler será disputada por cinco equipes: Seleção Canadense, HC Davos (Suíça, anfitriã), Adler Mannheim (Alemanha), HC Moeller Pardubice (República Tcheca) e Salavat Yulaev (Rússia). O elenco canadense é composto basicamente por jogadores nascidos no país mas que atuam na Europa, como Hnat Domenichelli, Marty Murray e Serge Aubin, todos com passagens pela NHL, além de prospectos da grande liga cedidos por seus times. CuJo é o mais famoso no elenco, junto com o assistente de treinador Doug Gilmour. O goleiro pretende usar a competição como trampolim para retornar à NHL. É preciso dizer que as chances dele não são muito maiores que as minhas?
Christian Petersen/Getty Images
"Eu voltei, e agora é pra ficar!"
Depois de sua hibernação de quase seis meses, Scott Niedermayer finalmente decidiu voltar aos rinques. O que fez Nieds durante este período? Buscou o sentido da vida? Percorreu as vinículas da Califórnia enchendo a cara no melhor estilo Sideways — Entre Umas e Outras? Foi ao Tibet encontrar o Dalai Lama? Ou apenas ficou sentado na poltrona de sua mansão assistindo ao Bob Esponja enquanto o Anaheim se matava no gelo com uma campanha irregular? Não se sabe. Talvez todas essas opções juntas, talvez apenas tenha "ponderado sobre seu futuro", como declarou. O fato é que Niedermayer voltou de seu exílio, onde quer que tenha sido, para organizar a bagunçada cozinha do Anaheim. Em sua reestréia, derrota para os Sharks nos pênaltis. Mas o defensor se redimiu na partida seguinte e, com uma assistência, ajudou os Ducks a bater os mesmos Sharks por 2-0. Niedermayer, a nova velha cara dos Ducks. (18/12/2007)
Se tudo correr bem, a NHL terá uma liga rival a partir de setembro de 2008. A TSN.ca noticiou que Alex Medvedev, um porralouca russo com dinheiro suficiente para comprar todo o complexo de TheSlot.com.br, está por trás da empreitada, ao lado de seu grupo de apoio formado por Igor Larionov, ex-jogador, e Bob Goodenow, ex-diretor da Associação dos Jogadores da NHL. A liga contaria, a princípio, com equipes do leste europeu, em cidades como Moscou e São Petersburgo, na Rússia, Kiev, na Ucrânia e Helsinki, na Finlândia. Dito isso, é sabido que a Federação Internacional de Hóquei no Gelo quer discutir o acordo para transferência de jogadores europeus para a NHL. A reunião acontecerá em Nova York, no dia 16 de janeiro, contando com representantes das seis nações, exceto a Rússia. O acordo atual tem quatro anos de duração (2007-2011) e prevê indenização de US$ 200 mil por jogador transferido. No entanto, se as partes não se acertarem no novo encontro, o acordo não terá validade após esta temporada. Segura essa, Gary Bettman! A NHL que se cuide, porque as ameaças do Oriente são reais. Se os russos já são capazes de pagar aos jovens jogadores o dobro do que eles receberiam na América, vide exemplo de Alexander Perezhogin, imagine o que eles poderiam fazer com uma liga ainda mais forte e rica que a local. E não seriam apenas os russos, mas também os tchecos, suecos, finlandeses, alemães...

Ao mesmo tempo em que se acirram os ânimos entre NHL e o resto do mundo, é observado um declínio no número de jogadores europeus na liga. Em 2001-02 os europeus representavam mais de 30% dos patinadores, mas desde então o percentual está na descendente. Na última temporada a participação já era de 27%. Esta queda é explicada principalmente pelo locaute e pela falta de acordo de transferência com os russos. Paralelamente, o número de goleiros europeus explodiu entre 2000 e 2002, quase triplicando sua participação. Porém, mesmo com os eventuais problemas, na temporada passada 30% dos goleiros (25, em números absolutos) vieram do velho continente, um recorde, com a ajuda de nomes como Miikka Kiprusoff e Henrik Lundqvist. Em relação ao recrutamento, o Detroit Red Wings foi a equipe que mais recrutou europeus nos últimos 15 anos, com 44,7% de suas escolhas, enquanto o Carolina Hurricanes recrutou menos, 15,1%. No mesmo período, o Ottawa Senators é a franquia que teve maior percentual de gols marcado por europeus, com 50,2%. Mas nos últimos anos as equipes têm evitado recrutar europeus: se por volta de 2001 mais de 40% dos prospectos vinham da Europa, no último recrutamento o valor esteve abaixo dos 20%, atingindo o nível do começo dos anos 1990. O que é uma pena.
Alguém se surpreendeu com a suspensão de Chris Simon, a maior de toda a história da NHL? Simon foi suspenso por 30 jogos após derrubar e pisar em Jarkko Ruutu do Pittsburgh Penguins, na derrota do New York Islanders no sábado. Os Isles buscavam o empate quando o ignorante Simon agrediu Ruutu e foi expulso da partida, enquanto sua equipe permaneceu em desvantagem numérica por cinco minutos. O intimidador também é dono da segunda maior suspensão de todos os tempos, 25 jogos, conquistada em março passado quando atacou a cabeça de Ryan Hollweg com seu taco. Especialista no assunto, é sua sétima punição ao longo da carreira. Por que ele ainda não foi banido do esporte? Hóquei não é esporte para imbecis. Se você quer acertar um adversário, faça como Kyle McLaren, neste lindo tranco sobre Francois Beauchemin. Isso é hóquei! Marcar seis gols e dez pontos na mesma partida também não é nada mau, um recorde que pertencerá eternamente a Darryl Sittler. Leia mais sobre a noite mágica de Sittler.
Que o calendário da NHL não é justo, nós já suspeitamos desde o princípio. Um olhar profundo ilustra o tamanho do desequilíbrio. Enquanto o Vancouver Canucks percorrerá 87,4 mil quilômetros em suas 58 viagens ao longo da temporada, o New Jersey Devils viajará apenas 44% desta distância. Fosse no Brasil seria muito pior, com o caos nos aeroportos e as estradas em péssimas condições — em tempo, a sigla BR é a abreviatura de buraco! —, mas mesmo nos Estados Unidos e no Canadá, uma hora ou cem quilômetros a mais dentro de ônibus e aviões gera cansaço. Imagine os Canucks viajando, em média, 1.508 Km em cada viagem, enquanto o New York Islanders passeia 628 Km. Claro que isso não serve de desculpas para insucessos na temporada, como "Nós perdemos o jogo de hoje porque viajamos três vezes mais que o adversário nos últimos sete dias", mas não deixa de ter seu fundo de verdade. Após os Canucks, as três equipes que percorrem as maiores distâncias na temporada também são da Divisão Noroeste: Edmonton Oilers, Colorado Avalanche e Calgary Flames, nesta ordem. As 14 equipes líderes em quilometragem são da Conferência Oeste. O Detroit Red Wings, a ovelha desgarrada, é o 18.º.
Ryan Remiorz/AP
Está confortável? O árbitro Vaughan Rody fez o "teste do sofá" sobre Sergei Kostitsyn e confere o quão macio é o equipamento de jogo do bielorusso do Montreal Canadiens.
(15/12/2007)
Ryan Remiorz/AP
"Todo mundo junto agora! O último a entrar dentro do gol é a mulher do padre!" Então essa é a grande rivalidade entre Montreal Canadiens e Toronto Maple Leafs?
(15/12/2007)
Paul Sakuma/AP
Fã incondicional de Zinedine Zidane, o defensor Rob Davison do San Jose Sharks aproveita a oportunidade única de se igualar ao ídolo e tenta desferir uma cabeçada em George Parros do Anaheim Ducks.
(18/12/2007)
Jim McIsaac/Getty Images
O goleiro Curtis Sanford, do Vancouver Canucks, flagrado nesta seção semana passada, deu início a uma nova onda que assola a NHL: o roubo de squeezes. Veja Mike Sillinger, do New York Islanders, em sua participação criminosa. Fãs de TheSlot.com.br, mantenham os olhos abertos e nos informem em caso de roubo de squeezes!
(15/12/2007)
Jim McIsaac/Getty Images
O olhar vazio de Wayne Gretzky denuncia. Ou The Great One se pergunta por que diabos foi aceitar o cargo de técnico dos Coyotes ou viu um vendedor de cachorro quente do outro lado da arena. Ou então...
(18/12/2007)
Matt Rourke/AP
... ele viu a chance de voltar a uma época (não tão) goloriosa: "Volta para Nova York, Wayne!", imploram os desesperados torcedores dos Rangers, oferecendo-lhe a tradicional camisa 99 azul.
(18/12/2007)
Bruce Bennett/Getty Images
Sob os banners de Scott Stevens e Ken Daneyko, garotos disputam um jogo de exibição entre o 2.º e o 3.º períodos da partida entre New Jersey Devils e Phoenix Coyotes. E, sim, a torcida pôde constatar: as crianças jogam mais que os Coyotes!
(15/12/2007)
Jim McIsaac/Getty Images
Miroslav Satan patina no jogo de luz e sombra. Só uma bela foto? Dificilmente. Leia nas entrelinhas e perceba a mensagem subliminar. TheSlot.com.br acaba de provar, como ficou bem claro na imagem, que Satan é mesmo o Senhor das Trevas!
(19/12/2007)
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Página publicada em 20 de dezembro de 2007.