Por: Michael Rosenberg

Estes Red Wings têm velocidade e habilidade. São agressivos e disciplinados. Eles têm tudo que você poderia querer em um time de hóquei, mas, até a noite de segunda-feira, eles ainda não provaram ter um importante elemento necessário à busca pela Copa Stanley:

Medo.

Sabe aquilo que você sentiu esta manhã? O estômago embrulhado, a garganta seca, a dor de cabeça constante? Deve ter acontecido àqueles que beberam muito ou aos fãs de hóquei mais comuns. Talvez os dois. Foi um longo jogo.

Os torcedores dos Red Wings chegaram para uma coroação. No fim do primeiro período, eles se perguntavam se o rei estava nu — na verdade, ele não tinha dentes. Os Wings estavam atrás por 2-0, e até mesmo o mais otimista já estava preocupado.

"E se os Wings... bem... perdessem aquele jogo? Eles teriam que ir a Pittsburgh, onde os Penguins não perdem desde a primeira aposentadoria de Mario Lemieux (exceto pela vitória dos Wings outro dia). E quando — quer dizer, se — eles perdessem, encarariam um jogo 7 em casa, com direito àqueles colunistas idiotas perguntando se eles iriam amarelar novamente!"

Esse temor tornou-se realidade no terceiro período da prorrogação. E o sentimento mais comum para um fã de hóquei — o nervosismo constante — voltou a fazer parte do cardápio da torcida dos Wings pela primeira vez desde a primeira rodada dos playoffs diante do Nashville.

Entrando nas finais, nem os Wings e nem os Penguins estiveram atrás em uma das séries. Isso foi estranho. Os Wings deram aos seus fãs apenas um ou dois dias de preocupação — durante a série contra o Nashville, quando perderam duas vezes fora de casa e precisaram de uma prorrogação para vencer o jogo 5.

O jogo 5 destas finais foi parecido com aquele da série contra os Preds. Naquele jogo, Chris Osgood permitiu o gol de empate quando faltavam apenas 44 segundos para o fim. Na última segunda-feira, após os Wings virarem o placar para 3-2, Osgood cedeu o gol empate com apenas 34 segundos restando para o final.

Aquele gol levou o jogo para a prorrogação e deixou os torcedores dos Wings (perfeitamente normal) em (totalmente racional) pânico. Isso prova como os Wings foram bem nestes playoffs: eles desafiaram o hóquei.

Não é justo dizer que o hóquei é um esporte de azar; em uma série de sete jogos normalmente vence o melhor time. Mas há mais elementos de sorte no hóquei do que em outros esportes. E o jogo 5 mostrou isso mais uma vez.

O segundo gol do Pittsburgh foi marcado por Niklas Kronwall, um jogador que que não marca muitos gols, e quando o faz normalmente é contra o seu próprio. Kronwall estava de frente ao gol dos Wings e tentou se livrar do disco. Ao invés disso, o disco acertou um jogador do Pittsburgh e passou por Osgood. Kronwall poderia tentar umas 100 vezes que nunca faria algo parecido novamente.

Mais tarde no jogo, Pavel Datsyuk deixou Marc-Andre Fleury para trás na corrida e soltou um daqueles chutes acrobáticos que eu nunca tentei, mesmo estando em cima de um tapete e em frente ao espelho. Datsyuk fez tudo certo naquela jogada. Ele fez do jeito certo algumas coisas que eu nem sabia que era possível fazer do jeito certo.

A luz vermelha acendeu e soou a sirene, talvez porque Datsyuk merecesse aquele gol. Só que o disco acertou a trave. Não foi gol.

O hóquei pode ser assim. E novamente: em uma série de sete jogos normalmente prevalece o talento, não a sorte. Mas existem alguns momentos de azar, até mesmo para os melhores times.

Pegue os Wings de 2002. Nós geralmente pensamos naqueles Wings como os inevitáveis campeões — eles eram o time mais badalado no verão de 2001, os favoritos na pré-temporada, dominaram a liga durante todo o inverno e acabaram de fato levando a Copa. Mas há muita coisas das quais não lembramos. Aqueles Wings ficaram em desvantagem em três de suas quatro séries.

Se você é um torcedor dos Wings, precisa ter esperança que seu time jogue como jogou durante as tantas partidas de segunda-feira à noite desta temporada. Os Wings chutaram mais a gol do que os Penguins, 27-6, no terceiro período e na primeira prorrogação. Os Penguins podem justificar que no terceiro período, por estarem na liderança do marcador, acabaram relaxando defensivamente. Mas isso não explica a prorrogação.

Os Wings saíram de campo com a derrota. E nós precisamos juntar mais evidências de que eles são de fato o melhor time. Agora, eles têm que jogar mais duas partidas — e esperar que a sorte fique pelo menos neutra, se não estiver do lado deles.

Michael Rosenberg é colunista do jornal Detroit Free Press. O artigo original foi traduzido por Igor Veiga.
Amy Leang/Detroit Free Press
Pavel Datsyuk, Henrik Zetterberg e Tomas Holmström comemoram o gol de empate de Datsyuk no jogo 5 das finais da Copa Stanley, na Joe Louis Arena, em Detroit.
(02/06/2008)
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Página publicada em 3 de junho de 2008.