Por: Marcelo Constantino

Amigos, eu não vi. Pela primeira vez em vários anos, talvez desde que me conheço por entusiasta do hóquei, perdi inteiramente a primeira fase dos playoffs da NHL. A direção de TheSlot.com.br é anárquica, então me concedeu férias justamente nesse período supostamente proibitivo. Coisas estranhas (ao menos para mim, de longe e sem nada ver nem ler) ocorreram no período. A fácil vitória do Philadelphia Flyers foi a maior para mim. A histórica vitória do Montreal Canadiens foi daquelas coisas que pareciam crescer com o tempo (do tipo “os Caps ainda não fecharam a série?”). Confesso que eu tinha algumas dúvidas quanto ao Buffalo, mas tinha ainda mais quanto ao Boston.

Enfim, não vi nada desde poucos dias antes do fim da temporada.

Ou melhor, vi alguma coisa sim: consegui assistir a dois jogos do Detroit Red Wings contra o Phoenix Coyotes, em dois domingos. O Phoenix venceu ambos. Retornei ao batente no último domingo a ponto de assistir (além de alguns compactos de jogos diversos passados) ao jogo 2 das semifinais de conferência entre Detroit e San Jose Sharks. Nova derrota do Detroit. Assisti ao jogo 3 ontem, nova derrota do Detroit e virtual eliminação dos playoffs. Ou seja, quando eu assisto aos jogos do Detroit nesses playoffs, o time perde (ok, é verdade que o time perdeu também os jogos 1, que eu não assisti).

Como a série passada já é história -- e a atual está em vias de ser também -- o que vale é o que vi nesses jogos. E é bastante claro para mim: trata-se de reprise de um filme já muito conhecido por quem acompanhou esta temporada do Detroit, e já destacado aqui meses atrás: são as já tradicionais insustentáveis vantagens. Escrevi em março sobre o sério problema do time em conseguir manter as vantagens obtidas nos jogos, problema esse que vem desde o começo da temporada. Ainda que o Detroit tenha emendado uma boa sequência pós-Olimpíadas, parece é muito mais de uma característica do time do que apenas um deslize ocasional. Esse Detroit, ao menos o desta temporada, temsérias dificuldades em manter uma vantagem, sobretudo quando chega ao terceiro período.

Foi assim nos jogos 2 e 3 da série contra o San Jose. No jogo 2 o Detroit entrou no 3º período em vantagem, 3-2. Permitiu o empate e a virada. No jogo 3 a história foi ainda pior: com a vantagem de 3-1 entrando no terceiro período, os Wings não resistiram á pressão e cederam o empate. E perderam logo a seguir na prorrogação.

Para quem esperava mais uma amarelada dos tubarões, Joe Thornton e Patrick Marleau -- dois dos mais criticados sob esse aspecto da amarelada -- mandaram lembranças na prorrogação do jogo 3. O defensor Jonathan Ericksson lançou-se ao ataque, o disco voou longe e propiciou o contra-ataque mortal dos Sharks. Um belo e certeiro passe de Thornton para Marleau empurrar o disco na direção certa do gol.

Joe Pavelski

Vale aplaudir também Joe Pavelski, o grande nome dos Sharks nesses playoffs até aqui. Bastam os seguintes lances:

1) Jogo 2 contra o Colorado Avalanche, os Sharks perdiam por 5-4 e já haviam perdido o jogo 1. Uma nuvem amarela pairava no ar de todas as cabeças. Pavelski empatou o jogo a 30 segundos do fim, e os Sharks venceram na prorrogação.

2) Jogo 4 contra os Avs, que venciam a série por 2-1. Nuvem amarela no ar. Placar de 1-1, prorrogação. Pavelski marcou o gol da vitória dos Sharks na prorrogação.

3) Jogo 6 contra os Avs, o que selaria a classificação para a fase seguinte. Pavelski marcou duas vezes: o que abriu o placar e o que assegurou a vitória do San Jose.

4) Jogo 1 contra o Detroit. Pavelski marcou duas vezes novamente, e novamente abrindo o placar e marcando o gol da vitória.

5) Jogo 2 contra o Detroit. Pavelski marcou duas vezes mais uma vez. Um deles foi o gol que empatou o jogo no terceiro período. O último jogador a marcar duas vezes nos playoffs em três jogos foi Mario Lemieux em 1992.

Desnecessário dizer mais.

Adeus, Detroit

De nada adiantam as lamúrias a respeito de arbitragem, das falhas de Jimmy Howard ou de supostos sumiços de alguns dos principais jogadores do time. O San Jose é mais time que o Detroit. A chance do Detroit -- e eram chances reais, a bem da verdade -- era a conjunção de dois fatores: nova amarelada dos Sharks + fim dos apagões do Detroit. Os Sharks não amarelaram, o Detroit segue com apagões (individuais e coletivos) temporários, e logo o San Jose passará á próxima fase. Dependendo de quando esta edição for publicada, isso pode até já ter acontecido.

Entretanto, não vejo esses playoffs como uma vergonha, ou mesmo uma decepção para o Detroit. Longe disso. Até há poucas semanas do fim da temporada, o time corria sério risco de não se classificar. Conseguiu emendar uma bela reta final, uma tremenda campanha pós-Olimpíadas, e chegou aos playoffs em quinto lugar. Conseguiu passar da primeira fase em sete jogos, encarando a maior sensação da temporada. E foi superado por um time melhor na fase seguinte, quando os apagões voltaram a surgir de forma letal. Não é um histórico ruim para o que se esperava da equipe na temporada.

Marcelo Constantino escreveu esta matéria sob a tensão prévia da Taça Libertadores de quarta-feira.

Doug Pensinger/Getty Images
Joe Pavelski, um mostro nesses playoffs
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Página publicada em 5 de maio de 2010.