Por: Thiago Leal

O atual vencedor é um goleiro. O recordista também. Saiba quantas vezes os homens debaixo dos paus levaram o Troféu Conn Smythe e se consagraram como jogador mais importante dos playoffs, mesmo que na ocasião não tenham inscrito seus nomes na Copa Stanley.

1966 Roger Crozier (24 anos), Detroit Red Wings
O Troféu Conn Smythe foi instituído em 1965 e, no seu segundo ano, já teve como campeão um goleiro. De quebra, membro do time derrotado na decisão da Copa Stanley — os Wings perderam para os Canadiens. Na temporada anterior, Crozier tinha ganho o Troféu Calder de calouro do ano. Foram seus dois únicos prêmios na NHL. Com passagens por Washington Capitals e Buffalo Sabres, Crozier nunca conquistou a Copa Stanley. Morto em 1996, ele teve foi homenageado pela NHL em 2000, com a criação do Prêmio Roger Crozier Saving Grace para o goleiro com melhor porcentagem de defesas.

1968 Glenn Hall (36 anos), St. Louis Blues
Uma das lendas entre goleiros da NHL, Glenn Hall havia ganho duas Copas Stanley na carreira, em 1959 (Detroit Red Wings) e 1961 (Chicago Black Hawks). Só em 68 veio o Conn Smythe. E no segundo prêmio de MVP para um goleiro, o ganhador mais uma vez era membro do time derrotado nas finais — desta vez os Blues perderam para os Canadiens. Hall encerrou sua carreira em 1971 e seu número 1 foi aposentado pelo Chicago Blackhawks. Aliás, 1971 foi o ano que...

1971 Ken Dryden (25 anos), Montreal Canadiens
Pela primeira vez o goleiro MVP leva junto o anel da Copa Stanley. Quem mais se não ele, Ken Dryden? O mais incrível é que aquela fora a primeira temporada de Dryden pelos Canadiens? Pera lá! Temporada? Melhor dizendo, pós-temporada. Porque Dryden entrou no time no fim da temporada regular, disputando apenas seis partidas. Com essa responsabilidade toda, foi aos playoffs e levou o time à Copa Stanley, ganhando também o prêmio de jogador mais valioso. O fato é tão curioso que na temporada seguinte, 1971-72, Dryden levou pra casa o Troféu Memorial Calder de calouro do ano. Dryden ainda ganharia mais cinco Copas e foi por cinco vezes Troféu Vezina. Seu número 29 foi aposentado pelos Canadiens.

1974 e 1975 Bernie Parent (29 e 30 anos), Philadelphia Flyers
Era a primeira vez que um jogador ganharia o Troféu Conn Smythe por dois anos seguintes. Tinha que ser um goleiro. Bernie Parent era o guardião das redes no histórico time dos Flyers dos anos 1970, liderado pelos Brigões da Rua Broad. O sucesso de Parent no gol dos Flyers foi tanto que ele foi capa da revista TIME. Nesses mesmos anos, Parent também conquistou o Troféu Vezina. A camisa #1 de Parent foi aposentada pelos Flyers.

1983 Billy Smith (32 anos), New York Islanders
Oito anos depois de Parent um goleiro voltava a levar o Conn Smythe. Foi o último ano da Dinastia dos Islanders e, desta vez, a coroa que havia passado por Bryan Trottier, Butch Goring e Mike Bossy enfim terminava com um goleiro. Em 1983 Smith também conquistou o Vezina e o Troféu William M. Jennings. Seu número 31 foi aposentado junto com os demais jogadores do Sexteto Sinistro do Islanders nos tempos da Dinastia: Denis Potvin, Clark Gillies, Bryan Trottier, Mike Bossy e Bob Nystrom. E Sexteto Sinistro é o nome de um grupo de supervilões da Marvel Comics.

1986 Patrick Roy (20 anos), Montreal Canadiens
O mais jovem ganhador do Troféu Conn Smythe. Roy era praticamente um calouro em 1986 (tinha jogado apenas uma partida pelos Canadiens na temporada anterior), mas, mesmo muito novo, já tinha sua personalidade forte e controversa, que nem sempre era usada a seu favor. Em 1986 levou também os Canadiens à Copa Stanley. Não vamos entrar em muitos detalhes da carreira de Roy... agora.

1987 Ron Hextall (23 anos), Philadelphia Flyers
Os Flyers perdem a Copa para o Edmonton Oilers, mas voltam a ter um goleiro MVP de pós-temporada. Hextall também garantiu seu único Vezina em 1987. Após passagens por Quebec Nordiques e New York Islanders, voltou para a Filadélfia, onde jogou na maior parte de sua carreira profissional. Nunca foi um goleiro extraordinário, mas teve momentos de brilho na carreira.

1990 Bill Ranford (25 anos), Edmonton Oilers
Wayne Gretzky já não estava mais nos Oilers, como em 1988, ano em que Ranford conquistara sua primeira Copa Stanley. Mas Mark Messier liderou o ataque do Edmonton rumo à sua quinta Copa e, desta vez, Ranford saiu como MVP da pós-temporada. No ano seguinte foi campeão e MVP da Copa Canadá jogando pela Seleção Canadense. Seu último prêmio pessoal veio em 1994, quando levou o Canadá a seu primeiro título mundial desde 1961 e, de quebra, saiu como MVP.

1993 Patrick Roy (27 anos), Montreal Canadiens
Ele de novo. Entre 1986 e 1993, Roy havia ganho três Troféus Vezina (1989, 1990 e 1992), quatro William M. Jennings (1987, 1988, 1989 e 1992) jogado em cinco Jogos das Estrelas. 1993 foi o ano da sua segunda Copa Stanley (a última conquistada por um time canadense até aqui) e seu segundo Troféu Conn Smythe. E por enquanto é só.

1997 Mike Vernon (34 anos), Detroit Red Wings
O símbolo da demorada e sonhada conquista dos Wings ao lado de Darren McCarty. Vernon ganhou a cara de Hockeytown quando se pôs no meio do caminho de Roy, que havia abandonado sua meta para ajudar Claude Lemieux (então tomando uma surra de McCarty). Vernon e Roy protagonizaram uma histórica briga de goleiros e, vencedores (do jogo), os Wings arrancaram numa campanha histórica rumo à Copa Stanley. Vernon, que já havia conquistado a Copa em 1989 com o Calgary Flames, ganhou seu segundo campeonato, desta vez levando também o Conn Smythe. Detentor de vários recordes de franquia em Calgary, Vernon teve seu número 30 aposentado por lá.

2001 Patrick Roy (35 anos), Colorado Avalanche
Depois de sua terceira Copa Stanley em 1996, a primeira com o Colorado, onde viu o Troféu Conn Smythe ir para Joe Sakic, Roy conquistou mais um campeonato e mais um prêmio de MVP. O terceiro Troféu Conn Smythe fez de Patrick Roy o maior vencedor do prêmio. Em 2002 ele ganharia seu último prêmio individual, mais um William M. Jennings, e encerraria sua vitoriosa carreira em 2003, durante a corrida dos playoffs. Seu número 33 foi aposentado por Colorado Avalanche e Montreal Canadiens. Até 2009, manteve recorde de vitórias na NHL, quando enfim foi superado por Martin Brodeur.

2003 Jean-Sebastien Giguere (26 anos), Mighty Ducks of Anaheims
Com partidas de pós-temporada onde superava facilmente a marca de 50, 60 defeas, Giguere foi o símbolo da campanha de Cinderella, digna de filme da Disney, protagonizada pelos Ducks em 2003. É irônico que um goleiro tenha sido o responsável pelas varridas históricas em favoritos como o Detroit Red Wings e o Dallas Stars, mas foram as defesas de Giguere e não os escassos gols de Paul Kariya ou Steve Rucchin que permitiram aos Ducks chegar à decisão da Copa Stanley. Na finalíssima o New Jersey Devils acabou ficando com o campeonato, mas Giguere já tinha decidido o Conn Smythe a seu favor desde a conquista do Troféu Clarence Campbell. Em 2007, enfim, veio a Copa Stanley, quando o MVP foi para Scott Niedermayer. Daí pra frente a carreira de Giguere tem sido irregular. Giguere foi até aqui o último MVP do time perdedor.

2006 Cam Ward (22 anos), Carolina Hurricanes
Particularmente, acho que o Conn Smythe de 2006 deveria ter ido para Cory Stillman. Que seja, Ward acabou escolhido para o prêmio, que no final das contas ficou em boas mãos. Tinha sido o último goleiro a conquistar a honra até aqui. Seguro e muitas vezes decisivo, Ward não ganhou mais prêmios individuais até então (leve-se em conta que a NHL vive uma boa safra de goleiros e as premiações são concorridas), mas teve uma grande participação na série contra o New Jersey Devils, playoffs da temporada 2008-09. Defendeu o Canadá em dois Campeonatos Mundiais, ganhando medalha de ouro em 2007 e prata em 2008.

2011 Tim Thomas (37 anos), Boston Bruins
Quebra o recorde de goleiro e jogador mais velho a levar o Conn Smythe pra casa. Também é o primeiro goleiro estadunidense (aliás, o primeiro não-canadense) a sair das finais com prêmio de MVP. A conquista valorizou a curta, mas bela carreira deste goleiro que, aos 37 anos de idade, só havia disputado seis temporadas na NHL. Quando muitos começam aos 20, 21 e não conquistam nada, Thomas começou aos 31, a tempo de adicionar no currículo um Vezina, o recorde de porcentagem de defesas, uma Copa Stanley e o Troféu Conn Smythe. Alguém duvida que ele leve seu segundo Vezina em 22 de junho?

Thiago Leal muitas vezes jogou como goleiro... de futebol. E tinha Zetti como ídolo, mesmo sendo corintiano.

LegendsOfHockey.net
Evitando o surgimento de qualquer tabu, Crozier foi o primeiro goleiro e primeiro membro de time derrotado na Copa Stanley a levar o Troféu Conn Smythe, em 1966, segundo ano de disputa do prêmio de MVP das finais.
Arquivo TheSlot.com.br
O goleiro Bernie Parent foi o primeiro jogador a conquistar dois Conn Smythe seguidos. De quebra, também levou dois Troféus Vezina consecutivos.
Arquivo TheSlot.com.br
Cara lisa: aos 20 anos de idade, Patrick Roy não poderia usar barba de playoff mesmo que quisesse. Mesmo assim, foi o jogador mais jovem a ganhar o Conn Smythe. Ganharia mais dois, tornando-se recordista do prêmio.
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Página publicada em 19 de junho de 2011.