E aquele que era talvez o central mais desejado do mercado, Doug Weight, finalmente foi negociado. Todos na NHL sabiam que ele não terminaria a temporada fazendo figuração naquele time dos Blues que, por sua vez, sabia que poderia conseguir algum bom lucro por ele. Bastava ele topar desistir da cláusula que impedia sua troca, e era claro que ele desistiria. Afinal, Weight sabia do valor que tinha no mercado e que havia uma fila de pretendentes que eram reais candidatos à Copa Stanley.

E tudo se realizou.

O Carolina Hurricanes, líder da NHL no momento, foi o vencedor. Consta que passaram a frente dos Senators, Predators e outros pretendentes menos incisivos. Se o time já era o líder, imaginem como deverá ficar agora com um central do peso de Weight.

Mandaram Jesse Boulerice, Mike Zigomanis e o prospecto Magnus Kahnberg, além de outras três escolhas — uma delas de primeira rodada (que no entanto deverá ser baixa) — por Weight e um contra-peso, Erkki Rajamaki. Não pagaram barato. Do salário de US$ 5,7 milhões, ainda arcarão com US$ 2,3 milhões restantes.

Os Hurricanes já tinham um central n.º 1 no elenco, o rejuvenescido Rod Brind'Amour, um dos favoritos desta coluna. E agora têm dois centrais com características de liderar um time. Para um time tido como de elenco mediano, é um reforço e tanto.

Aos 35 anos de idade, Doug Weight é o tipo de jogador que faz de tudo. É um líder no gelo, marca gols, arma jogadas, joga fisicamente e ainda bate quando necessário. É um dos centrais de elite da NHL.

E o Carolina é um bom time para o próprio Weight. Em qual outro ele teria certeza de desempenhar um grande papel, atuando por mais de 20 minutos por jogo? No máximo pelos Predators. Porém, pesando na balança, o central deve ter entendido que as chances de conquistar a Copa com a camisa vermelha são maiores nesta temporada. E isso pesa na decisão de qualquer jogador na situação dele.

Porém, alto lá. Não é sempre que as peças se encaixam, e nem sempre é automático. Embora improvável, é possível que a chegada de Weight não renda os esperado, que ele não agregue a qualidade prevista. É difícil imaginar que ele não seja o líder que foi nos Oilers e nos Blues, mas pode haver algum tempo de adaptação, ou mesmo pode não haver adaptação perfeita. O próximo passo agora é justamente esse, encaixar uma nova peça no quebra-cabeça já montado.

A contratação — que pode ser um mero aluguel, já que a gerência dos Carolina não negocia contratos durante a temporada — demonstra que os Hurricanes estão realmente de olho numa corrida ao título. No que têm toda razão. Afinal, o que falta a eles?

Olhando para o elenco no papel, o primeiro ponto supostamente fraco que salta aos olhos é o corpo defensivo. "Falta um defensor experiente e de qualidade", "falta experiência", "falta tarimba em playoffs", pode-se dizer. Faltava isso tudo ao Lightning no ano passado também e eles foram campeões, enquanto sobrava isso tudo em Detroit e Colorado, por exemplo. Tudo o que os 'Canes precisam é manter o foco, fazer Weight se adaptar bem ao time e mirar ao longe. Na Copa Stanley.

Os Senators, até há pouco tidos como imbatíveis na corrida pelo título, já arrefeceram. Mas que ninguém se iluda: há talento transbordando em Ottawa e esses momentos de sobressalto são perfeitamente normais ao longo de uma maratona de 82 jogos na temporada normal. E ainda Flyers, Wings, Flames, Stars, todos são times de ponta que têm suas chances de chegarem lá. Assim como os 'Canes, que não tidos como time de ponta, mas que estão na ponta atualmente.

E os Blues? Bem, os Blues fazem o que se espera deles. Com um time fazendo apenas figuração, estão se livrando do que possui valor. Antes de Weight eles mandaram Mike Sillinger para o Nashville Predators. Falta apenas encontrar algum trouxa interessado em Keith Tkachuk.

Marcelo Constantino recomenda “Paradise Now” nos cinemas.