Não temos nem dez jogos na temporada, e os Flyers já apertaram o botão de pânico. Não temos nem dez jogos na temporada, e já começa a se desenhar um cenário em que os Flyers ficarão fora dos playoffs pela primeira vez desde 1994.

O time já começou 2006-07 em queda livre, com 1-6-1, seu pior início de temporada em 15 anos, incluída aí uma goleada humilhante por 9-1 frente ao Buffalo. Só isso já seria motivo de grande preocupação, mas o gerente geral Bob Clarke jogou mais lenha na fogueira ao pedir demissão, por estafa ou coisa parecida, encerrando um reinado que já durava 13 anos.

Já que as coisas estavam ruins, por que não piorar mais? O dono do time, Ed Snider, cedendo a pressões por parte de alguns jogadores, demitiu o técnico Ken Hitchcock, com a desculpa de que ele tinha perdido o controle do elenco. O mesmo Hitchcock que, em três temporadas no comando, teve uma campanha de 130-77-39, incluindo 45-26-10 na temporada passada, quando teve de lidar com nada menos que 388 jogadores/jogo de fora por contusão.

É, a culpa do mau início de 2006-07 deve mesmo ter sido dele.

Diz o central Mike Richards que o técnico estava, do banco, "reclamando" para os jogadores. É mesmo? Nenhum jogador dos Flyers tem um +/- positivo nesta temporada. Do que será que Hitchcock estava reclamando?

A verdade é que o pessoal da Filadélfia não pegou o jeito da nova NHL. Os Flyers montaram apenas uma linha atacante consistentemente ofensiva — com Peter Forsberg, Simon Gagne e Mike Knuble —, uma defesa grande, mas lenta, que não consegue fazer bem o jogo de transição para o ataque, e seus goleiros Robert Esche e Antero Nittymaki têm sido inconsistentes.

As chances de o técnico subsituto John Stevens e do GG interino Paul Holmgren recuperarem o time ainda nesta temporada, com o elenco que Clarke deixou, mesmo a 74 jogos do fim, são menores que as que as pesquisas dão a Geraldo Alckmin nas eleições de domingo. Por isso a hora é de reconstrução. Stevens treinou 11 dos atuais jogadores na AHL e prometeu ser mais tolerante do que Hitchcock. Esse não é o discurso de um técnico de time em reconstrução?

Ciente da produção ofensiva anêmica dos Flyers (1,88 gols por jogo, pior da NHL, e 4 de 55 em vantagem numérica), Stevens já deixou claro que quer que o time se solte mais, não segure tão firmemente o taco e aprenda a se divertir com o jogo de novo. Ele também pode tentar falar alguma coisa sobre jogar no seu próprio lado do gelo. Os Flyers sofreram uma média de quatro gols por jogo, a terceira pior da liga.

Claro que esses números não significam tanta coisa em outubro, ainda mais se levarmos em conta que seis dos oito primeiros jogos foram fora de casa. Agora começa uma série de cinco jogos em casa, seguidos de um fora e mais dois de volta na Filadélfia. Se tivesse a chance, será que Hitchcock teria conseguido dar um jeito no time?

Nunca saberemos, mas os precedentes indicam que sim. O cara tem campanha de 408-249-100 como técnico e nunca teve campanha negativa com time nenhum. Ele acredita em responsabilizar jogadores por seus erros e em um sistema defensivo disciplinado. Essa fórmula funciona em qualquer lugar: na velha NHL, na nova NHL, na NHL do futuro... e no próximo time que Hitchcock vier a comandar, porque ele não vai ficar desempregado por muito tempo. Mesmo que fique, não estará com muitas preocupações financeiras, pois tinha acabado de assinar uma extensão de contrato por três anos. Ou seja: enquanto não assumir um novo time, continuará recebendo normalmente dos Flyers até 2009.

Já Stevens ainda será avaliado por seu trabalho antes de saber se continuará como técnico do time laranja por muito tempo. Sempre é bom lembrar que os Flyers tiveram cinco técnicos em seis anos antes de Hitchcock ser contratado. De um jeito ou de outro, será um longo inverno na Cidade do Amor Fraternal.


Alexandre Giesbrecht, publicitário, agora vê o mundo em 8 megapixels.
RARA COMEMORAÇÃO R.J. Umberger: a média de gols pró dos Flyers não chega a dois por jogo
(Bruce Bennett/Getty Images - 11/10/2006)
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Página publicada em 25 de outubro de 2006.