Você pode até não ter notado. E como notaria se, sem transmissão pela TV, tem de se contentar com a telinha do TVU Player ou programas similares para assistir aos jogos? Mas o espaço entre as pernas dos goleiros tem diminuído. Nada a ver com o aquecimento global, muito tempo na piscina ou a reeleição do Lula. Não, o motivo é bem mais simples: as proteções dos goleiros estão mais compridas.

A NHL achou que tinha resolvido o problema dos equipamentos super-desenvolvidos de boa parte de seus goleiros depois do locaute. Com a ajuda de um comitê, o pessoal de operações da liga estabeleceu restrições a todo e qualquer equipamento usado pelos goleiros durante a temporada de 2005-06. Como parte desse novo plano, a liga marcou cada peça do equipamento com um carimbo infravermelho e fez inspeções aleatórias nos estádios para ter certeza de que eram os equipamentos certificados que estavam sendo usados. Só que, por mais diligente que a liga tenha sido nesse controle, ela deixou uma brecha na regra de que alguns goleiros estão se aproveitando para ganhar uma injusta vantagem.

Está na regra que todo goleiro, não importa sua altura, pode usar uma proteção nas pernas de 96,5 centímetros. Por exemplo, os goleiros Manny Legace, dos Blues, de 1,80 metro de altura, e Antero Niittymaki, dos Flyers, de 1,85 metro, usam o tamanho GG, de 96,5 centímetros, mesmo sabendo que estaria bem protegido com proteções menores (o grande Martin Brodeur, dos Devils, que tem 1,88 metro, usa proteções de 86 centímetros). Tanto Legace como Niittymaki, como muitos outros, são adeptos do estilo borboleta, o que faz com que eles se ajoelhem e espalhem suas pernas para os lados, fechando a parte de baixo do gol. Nessa posição, proteções de pernas funcionam como portas fechando as "canetas".

Você pode até não ter notado, mas não pense que os outros goleiros não o fizeram. "Muitos caras usam proteções de pernas mais compridas para fechar a parte de baixo do gol", reclama Brodeur, o único goleiro no comitê que ajudou a liga a estabelecer os novos padrões. Mas não é só isso. O ex-goleiro do Montreal Brian Hayward, atual comentarista de TV dos Ducks, explica que o impacto não afeta só o espaço entre as pernas: "Com proteções mais compridas fechando as 'canetas', os goleiros não precisam ficar tanto tempo com o taco no gelo e podem deixá-lo encaixados no corpo junto com o cotovelo, fechando assim, o espaço abaixo do braço."

O comando da liga, determinando a aumentar a produção ofensiva, diz saber o que está acontecendo. E acham que podem ter uma solução. "Temos de personalizar o comprimento das proteções de pernas para cada goleiro", sugere Kay Whitmore, ex-goleiro que hoje trabalha no departamento de operações da NHL. "Se fizermos isso, cada um dos goleiros estará propriamente protegido, e ninguém vai levar uma vantagem injusta."

Whitmore quer que sejam estabelecidas novas restrições ao comprimento das proteções de pernas o mais rápido possível. Se ele conseguir, o espaço entre as pernas dos goleiros vai crescer de novo. E a média de gols sofridos de muitos goleiros vai crescer junto.

Pode até ser coincidência Paul Stastny, do Avalanche, ter marcado seu primeiro gol na NHL no dia (21 de outubro) em que estreou a camisa com o mesmo número de seu pai. Mas não foi por nenhuma coincidência que ele conseguiu colocar o número 26 nas costas de sua camisa.

O número era usado pelo defensor John-Michael Liles, por isso Stastny começou a temporada usando seu inverso. Mas, assim que ficou claro que o novato chegara para ficar, Liles ligou para o defensor Rob Blake, dos Kings, pedindo permissão para usar o número 4 que Blake usava em seus tempos de Avs.

Quando conseguiu o aval, Liles desistiu do número que Peter Stastny, membro do Hall da Fama, usou nas dez temporadas em que defendeu o Quebec Nordiques, time que deu origem ao Avalanche. Com isso, Paul, que, segundo o técnico Joel Quenneville, tem muito futuro como central, ficou com ele e amealhou uma bela seqüência, com nove pontos nos oito jogos seguintes.

Um grande programa para quem, como eu, adora o frio: esteja em Moscou no próximo dia 9. O ícone russo Igor Larionov vai ser o anfitrião de um jogo de hóquei ao ar livre na Praça Vermelha em prol de estrelas da antiga União Soviética. Participarão o lendário ex-técnico Scotty Bowman, os aposentados Brett Hull e Luc Robitaille, entre outros.

Isso me faz pensar em quando a NHL vai promover um novo jogo ao ar livre. Já faz três anos que o jogo entre Edmonton e Montreal atraiu mais de 57 mil pessoas. Há algum tempo, ouvi que planejavam algo parecido para a próxima temporada, mas não ouvi mais nada depois.

Todo mundo que escreveu para edição (menos o convidado Brian Cazeneuve) fez algum tipo de citação ao nosso colega Eduardo Costa. Mas eu não citei. Eu não citei!

Ou citei?


Alexandre Giesbrecht, publicitário, está fascinado pelo DVD com a única temporada de "Playmakers", seriado da ESPN (!) sobre os bastidores do futebol americano.
MATEMÁTICA Niittymaki literalmente fecha o gol quando executa a borboleta.
(Hunter Martin/Wireimage)
DE 62 A 26 Paul Stastny pôde passar a usar o número de seu pai. E desandou a marcar depois disso.
(Brian Bahr/Getty Images - 15/11/2006)
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Página publicada em 29 de novembro de 2006.