Por: Marcelo Constantino

Na quinta-feira passada o Washington Capitals anunciou que estava renovando contrato com Alexander Ovechkin. As cifras e o prazo são astronômicos: Treze anos e US$ 124 milhões, cerca de US$ 9,5 milhões por ano, na média.

Ao término do contrato, em 2020-21, o russo milhardário da NHL terá 35 anos de idade. O Brasil deverá estar no terceiro mandato presidencial após o atual. Três Copas do Mundo já terão se passado. Quem nascer este ano já será adolescente. Eu estarei com 47 anos de idade. É muito tempo.

Mas quem não gostaria de ter um jovem craque do quilate de Alexander Ovechkin assegurado até os 35 anos de idade? Pergunte isso aos torcedores do Pittsburgh Penguins, especificamente em relação a Sidney Crosby.

Parece muito tempo, pode incutir o tal "risco de desmotivação pelo tempo", é um valor muito próximo do máximo (e, novamente, por muito tempo), mas a verdade é que, se pudesse, uma fila de outros times cobriria a mega-oferta. Simplesmente porque Ovechkin vale isso.

Desde que colocaram os pés nos rinques de gelo da NHL, Crosby e Ovechkin são aclamados como os grandes da nova geração. A verdade é que eles seriam os grandes da próxima geração, mas ambos já são tão bons — ainda que muito jovens — que já se pode dizer que são dois dos maiores jogadores de hóquei do planeta na atualidade — senão os dois maiores.

Sendo assim, o valor da renovação não deveria gerar surpresa, o prazo talvez sim. Porém, contratos de longa duração parecem estar cada vez mais comuns na NHL atual.

Um mês atrás o Philadelphia Flyers havia assinado com Mike Richards — central que faz uma bela temporada, atendendo às expectativas criadas — por 12 anos e US$ 69 milhões. Em 2006 o New York Islanders assegurou o goleiro Rick DiPietro por 15 anos e US$ 67,5 milhões.

A montanha de dinheiro certamente "compra", durante algum tempo, a infelicidade atual e do futuro próximo de Ovechkin por estar no Washington Capitals, time que parece fadado a fracassar, apesar de grandes lances — lembre-se, foram eles que assinaram aquele vultuoso e belo contrato com Jaromir Jagr (US$ 77 milhões por sete anos, em 2001).

O próprio jogador imediatamente saiu declarando que estava feliz em Washington, que gosta de lá, gosta do time, gosta da torcida, que é seu segundo lar, que quer vencer a Copa Stanley por lá, blablablá, etc. Enfim, tudo conforme o roteiro.

Mas o contrato certamente não "compra" isso por muito tempo. Quem consegue imaginar Ovechkin mantendo todo esse gosto pelos Capitals se o time prosseguir decepcionando ano após ano, sem sequer chegar aos playoffs?

Isso de forma alguma diminui a grande tacada dos Caps, de assegurar o russo por tanto tempo. Sim, porque, caso o time realmente mantenha-se estagnado e caso o russo mantenha seu altíssimo valor de mercado, aquela velha fila de times interessados vai estar lá, no mesmo lugar, esperando pela oferta.

Existe o risco Alexei Yashin? Talvez. Pode parece heresia colocar os dois na mesma frase, mas entendo que há uma baita diferença: embora promissor, Yashin não tinha — nem de perto — o status que Ovechkin tem. Yashin era projetado para ser um grande jogador, mas só mesmo um destruidor de elencos como Mike Milbury para oferecer ao problemático jogador aqueles US$ 87,5 milhões por 10 anos de contrato.

O que efetivamente pode prejudicar o jogador é uma eventual tendência à acomodação. Longa duração de contrato e independência financeira com direito a requinte podem acabar acarretando num relaxamento natural — ainda mais se isso for agregado a novos fracassos e àquela sensação de "ah, esse time é assim mesmo".

Enfim, o que irá acontecer é pura conjectura e pouco interessa no momento. O fato é que a tacada foi boa e correta para hoje. O próximo passo cabe à gerência (e à comissão técnica): construir um time decente, que eleve o nível progressivamente.

A parte de Ovechkin vem sendo paulatinamente cumprida, independentemente de renovação. Atualmente ele projeta terminar a temporada na faixa dos 100 pontos e com mais de 60 gols. Será mais uma temporada espetacular — mas será em vão.

Marcelo Constantino faz pizza no microondas.
Jim McIsaac/Getty Images
Alex Ovechkin: Sim, o mundo a seus pés — ao menos em termos de dólares na NHL.
Jim McIsaac/Getty Images
Ele deve seguir fazendo temporadas sensacionais, como a atual e as duas anteriores, mas será que os Caps serão um time competitivo em breve?.
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Página publicada em 16 de janeiro de 2008.