Por: Thiago Leal

Não tem jeito. Chega a ser repetitivo. Toda temporada vinha sendo a mesma coisa, e desde o locaute em diante tem ficado cada vez pior. O Toronto Maple Leafs segue sendo a grande vergonha da NHL.

As expectativas para a temporada 2007-08 não eram das melhores. Mas eram, pelo menos, cuidadosas. Não dava para entrar a temporada acreditando que os Leafs iriam capengar novamente, como naturalmente se fez com Phoenix Coyotes, Washington Capitals ou Florida Panthers. Era de se esperar que o Toronto pudesse ter alguma reação, que em algum momento Mats Sundin, Pavel Kubina, Bryan McCabe, Vesla Toskala e o jovem Alexander Steen fizessem alguma diferença. Quando um time do tamanho do Toronto, com um jejum que já ultrapassa os 40 anos, entra numa temporada esperando pouco e consegue ainda menos... alguma coisa está cheirando muito, muito mal.

A crise dos Leafs já está instaurada. E nem o mais otimista dos torcedores azuis consegue um bom prognóstico para o time dentro da temporada atual. 2007-08 acabou em Toronto.

Talvez o jogador que melhor represente esse calvário vivido pelos Leafs seja Darcy Tucker. O ponta vive sua pior temporada na história da franquia, atualmente com 10 pontos em 38 jogos. Tucker diz não se importar com suas marcas pessoais e espera que o time possa reagir. No discurso lugar-comum de Tucker, sua vontade é de ajudar os companheiros, não de marcar pontos. Com baixo rendimento e palavras pouco criativas, o jogador tem sido responsabilizado pela crise junto com aquele que o defende, o Paul Maurice, que sempre escala Tucker variando entre as pontas esquerdas e direitas. Maurice é o único que vê "evolução" no jogo de Tucker e insiste em defender o atacante, justificando seus erros. Tudo bem, erros podem ter justificativas. Mas por que insistir neles?

Tucker não é o único que vem fazendo uma temporada ruim. Bryan McCabe, Kyle Wellwood e Pavel Kubina, que enfrentaram problemas físicos, também vêm tendo rendimento desastroso e Steen não é bem o nome que possa fazer diferença nessas ciscunstâncias. Tudo isso vem acontecendo à medida que Sundin carrega o time nas costas e Nik Antropov vem sendo o melhor entre os razoáveis.

Se nem Sundin é capaz de resolver tudo sozinho e o resto do elenco vive um colapso, o que resta para os Leafs é conseguir um gerente geral decente para arrumar a casa para a temporada seguinte.

Falando em gerente geral...

John Ferguson, gerente geral dos Leafs talvez seja o único que acredite que o time possa vencer 24 dos seus 36 jogos restantes e se classificar à pós-temporada. O acúmulo de cargos por parte do vice-presidente Ferguson tem assustado à franquia, que faz o possível para designar um novo gerente geral, e assim mandar Ferguson de volta para seus afazeres executivos e apenas executivos. A primeira escolha é Cliff "Trade" Fletcher, com quem os Leafs iniciaram conversa. A idéia é escalar Fletcher como gerente geral interino — convenhamos, Flatcher, de fato, já viveu dias melhores. Mas sem dúvida, seria melhor que deixar Ferguson mandando nas duas funções. O problema seria dar liberdade a Fletcher para sair trocando todo mundo.

O interessante é que Fletcher se encaixa junto com Tucker, Maurice e Ferguson. O homem das trocas foi tido como responsável pela "pior temporada dos Coyotes desde a mudança da franquia para Phoenix", que teria sido a temporada passada e o motivo de sua demissão do time de Wayne Gretzky. Esse é o Fletcher que vem para mudar a situação? Aliás, se é para assinar com um interino, por que pôr Fletcher na jogada? Para se juntar a Tucker e a Maurice em suas campanhas infelizes?

Essa é a ótica em Toronto. Tudo isso dá uma breve idéia do drama. A temporada tem mais 36 jogos pela frente, e se Ferguson tem a esperança que as coisas vão se resolver nesses 36 jogos, é bom o torcedor dos Leafs se preparar para uma temporada medíocre em 2008-09, porque isso é um forte indício de que nada vai mudar ao fim de mais uma campanha com gosto amargo.

O que pode acontecer para renovar o cenário numa das capitais mundiais do hóquei no gelo? Tirar Ferguson do posto de gerente geral e pôr alguém que saiba trocar e contratar? Esperar um melhor rendimento de Kubina, Steen e Tucker? Esperar que Maurice consiga extrair o melhor de cada um de seus jogadores?

Em meio a essas questões, acredito eu, sem resposta, o longo outono segue derrubando as folhas azuis da árvore dos Leafs. O que este time se tornou?

Thiago Leal escreveu um artigo sobre hóquei para a coluna Esporte Clube, voltada a esportes gerais, do site Fanático Esporte Clube.
Mark Avery/AP
Maurice e Tucker (o primeiro da direita para a esquerda): olhar para cima e vislumbrar resultados desastrosos virou rotina.
Mark Avery/AP
Vesla Toskala sofre gols a rodo e ainda ganha uma piada infame: esperando sentado por uma reação.
Mark Avery/AP
Mats Sundin é o único que escapa: Exército de um homem só.
Frank Gunn/AP
Ferguson acha que o Toronto Maple Leafs é o Boston Red Sox e afirma que "ainda acredita". Boa sorte.
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Página publicada em 16 de janeiro de 2008.