Comentários gerais sobre o fim da segunda rodada dos playoffs e observações sobre as finais de conferência.

De olho na história

O atual formato de disputa dos playoffs foi adotado pela NHL em 1987, quando a liga determinou que o caminho até a Copa Stanley teria quatro séries com sete jogos de duração.

Desde então, em 15 dos últimos 20 anos de playoffs, o campeão foi o time que disputou o menor número de jogos entre os finalistas de conferência, em média 10,5 jogos. Dos quatro sobreviventes, apenas Pittsburgh Penguins (nove) e Detroit Red Wings (dez) estão abaixo desta média. Os concorrentes Dallas Stars e Philadelphia Flyers disputaram 12 jogos cada.

A história recente aponta o Pittsburgh como favorito ao título, vencendo a final contra o Detroit. No entanto, a última vez em que o campeão não era o "menos cansado" entre os finalistas está dez anos distante, quando justamente os Red Wings conquistaram a Copa em 1998.

Pelo hóquei apresentado até aqui, Penguins e Red Wings são favoritos naturais ao título. Com a ajuda da história, o favoritismo fica ainda mais claro.

Detroit Red Wings x Colorado Avalanche
Depois do jogo 4 e os oito gols que selaram a varrida, quem irá dizer que existe rivalidade entre Detroit x Colorado?

Todo aquele sangue ficou no passado. A maior inimizade da segunda metade da década de 1990 no mundo dos esportes acabou. Ficam as belas lembranças.

Ainda sobre o Avalanche, ainda não se sabe o futuro de Joe Sakic e Peter Forsberg, dois dos maiores centrais que a NHL já viu. O capitão Sakic tem perna para mais uma temporada e os Avs agradecerão por seu talento fora de série e sua liderança essencial para o desenvolvimento dos (poucos) jovens da equipe. Já o sueco é uma aposta de risco. No lugar dele eu ficaria em casa; no lugar do gerente geral do Colorado, eu o mandaria para casa.


San Jose Sharks x Dallas Stars
San Jose e Dallas protagonizaram o maior jogo dos playoffs até então, com quatro prorrogações e um gol heróico de Brenden Morrow. Incrível como o capitão dos Stars tem sido decisivo para sua equipe. Ele jogou 20 minutos a mais que Mike Modano naquela longa noite do jogo 6.

Embora Morrow tenha decidido dois jogos a favor do Dallas na prorrogação, o jogador mais valioso da equipe na campanha é o goleiro Marty Turco. Em parte graças a ele essa foi a primeira série desde 1999 a ter quatro jogos decididos no tempo extra. Pelos Sharks Evgeni Nabokov não foi o goleiro da temporada regular, mas voltou para casa com a defesa mais incrível dos playoffs.

Agora pode-se dizer que Brian Campbell não foi a maior aquisição do dia-limite de trocas, porque os Sharks estão eliminados. Campbell teve o maior tempo de gelo no derradeiro jogo 6, mas estava no banco de penalidades cumprindo dois minutos por derrubar um adversário quando Morrow decidiu o jogo.

Campbell não é culpado pela derrota. Na verdade pode-se creditar boa parcela de culpa a Ron Wilson. Durante o intervalo de um dos jogos, Wilson escreveu os nomes de Matt Carle, Marc-Edouard Vlasic e Milan Michalek no quadro de anotações no vestiário. Apontando e batendo no quadro para dar ênfase, o treinador disse que eram aqueles jogadores que estavam deixando o San Jose cair. Prova de seu despreparo para comandar.


Montreal Canadiens x Philadelphia Flyers
Da última vez em que classificamos um time como "desenhado para os playoffs", ele foi campeão da Copa Stanley. Era o Anaheim Ducks do ano passado.

Os Flyers são desenhados para os playoffs, mas com traços um tanto imperfeitos. O mais importante é que este time saiu da última colocação para as finais de conferência e enquanto eles estiverem na disputa, é algo a ser lembrado em todas as edições desta revista. O sucesso desta temporada foi construído no ano passado, com boas trocas de veteranos por jovens talentos e a aposta em agentes livres que agora rende dividendos. Basta lembrar que Braydon Coburn é resultado da troca do inútil Alexei Zhitnik.

Ao Montreal de Guy Carbonneau restou a lição: se você troca o goleiro nos playoffs, tem que insistir no reserva até o fim. Carbonneau abriu mão de Carey Price no jogo 4 e Jaroslav Halak não foi nada melhor. Os Habs perderam com Halak e Price recebeu outra oportunidade, mas àquela altura sem qualquer confiança do treinador, dos companheiros e da torcida. Inexperiente e com o peso de dois jogos atrás na série, Price nada pôde fazer no jogo 5.

O que o treinador poderia fazer? Confiar em Price e mantê-lo como titular ou desistir de vez nele e seguir com Halak. O resultado seria diferente? Possivelmente não, mas era o certo a se fazer.

Fica a lição para Carbonneau: nunca barrar o goleiro titular, a menos que seu reserva seja Chris Osgood.


Pittsburgh Penguins x New York Rangers
O sucesso dos Penguins não surpreende, mas a forma como os Rangers perderam causa certo espanto.

Os Penguins entraram na cabeça dos Rangers enquanto deveria ser o contrário, pergunte a Jaromir Jagr. O intimidador Jarkko Ruutu perturbou o Tcheco Maravilha enquanto Sean Avery era levado com urgência para o hospital.

Não gosto de comentar arbitragem e justificar resultados por influência dos árbitros, mas a onda de choradeira ao redor da liga em relação ao Pittsburgh pode ter certa razão. No jogo 5, Chris Drury foi atingido por um taco alto que lhe causou um corte no rosto, necessitando de 15 pontos para fechá-lo. Nem mesmo todo o sangue em sua camisa branca foi suficiente para dar ciência aos árbitros: taco alto mais contusão é igual a quatro minutos de penalidades. Nada foi marcado.

Minutos mais tarde, Drury acertou um taco alto em Ryan Malone que também provocou ferimento. Adivinhe: o jogador dos Rangers foi passar quatro minutos no banco cumprindo seu castigo.

Nada disso tira o mérito dos Penguins de Marian Hossa. Quem são Erik Christensen e Colby Armstrong?


Rapidinhas
.:. Entre os quatro finalistas, o Dallas é o líder em trancos (34,9 por jogo), enquanto o Detroit é o lanterna (21,2). Ninguém bloqueou mais chutes que o Philadelphia (20,8) e menos que o Detroit (8,7). O Dallas erra menos chutes a gol (9,8) e o Detroit erra mais (13,1). E mais Dallas, líderes em discos roubados (11,0) e discos perdidos (14,4), enquanto o Pittsburgh é o que menos rouba (7,8) e o que menos perde (5,9). Para a torcida do Detroit não desistir de vez por conta dos números, ninguém vence mais faceoffs que os Red Wings (52,3%), mas a equipe tem o pior aproveitamento de chutes (9,67%). O Pittsburgh é o último em faceoffs (46,3%) e o Philadelphia tem a melhor pontaria (11,44%).

.:. O Toronto Star perguntou a Mats Sundin se ele se arrependeu de recusar alguma negociação no dia-limite de trocas. Sundin respondeu: "Eu poderia ter ido para Vancouver e onde eu estaria agora? Fora dos playoffs. Ou Ottawa, e onde eu estaria agora? Ou Anaheim, e onde eu estaria agora?"

É um bom ponto, porém o desempenho destas equipes certamente seria diferente com Sundin no gelo. Talvez não o suficiente para mudar o destino.

.:. Finalmente Paul Maurice foi demitido do Toronto Maple Leafs. O retranqueiro treinador perdeu seu espaço com a troca de gerentes, mesmo que o atual seja interino. Especula-se que Dave Nonis é o nome da vez em Toronto para assumir a gerência da equipe. Aquele mesmo que foi demitido do Vancouver Canucks há poucos dias. Tem gente que não aprende.

.:. Não é a Daniela Cicarelli, tampouco o vídeo é tão caliente, mas vale a pena conferir os amassos de Dion Phaneuf e a lindíssima Elisha Cuthbert. O defensor do Calgary Flames pediu dispensa da Seleção Canadense para se recuperar de uma duríssima série contra os Sharks. Pelo vídeo percebemos que ele tem passado ótimos dias de descanso. E cuidado com a onda, Cuthberth!

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• Editorial
• Faltou goleiro ao Montreal
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• Restam quatro
• Seis pontos sobre esses playoffs
• Os dias em que o mundo congelou
• Finais de conferência: Palpites