Por: Humberto Fernandes

Em algum momento nas próximas três semanas, Sean Avery será jogador da NHL novamente. As fotos à direita dão uma pista do seu mais provável destino.

Há vários dias o New York Rangers discute internamente a possibilidade de trazer Avery de volta para o time. Gerentes, técnicos e jogadores discutem o custo/benefício do investimento no mais polêmico jogador da história recente da NHL. A decisão do "conselho", a favor do retorno de Avery, foi o sinal verde para o gerente Glen Sather começar a se mexer.

Sather acompanhou o time para Dallas, onde os Rangers enfrentaram os Stars na sexta-feira — ou melhor, onde eles não enfrentaram os Stars, porque em um jogo que termina com placar de 10-2 definitivamente não há dois times se enfrentando. O objetivo do gerente era oferecer ao co-gestor do Dallas, Les Jackson, uma vaga para Avery no Hartford Wolf Pack, equipe afiliada dos Rangers na AHL, porque os Stars não têm um time afiliado nesta temporada, sendo obrigados a espalhar seus prospectos (e seus dejetos, neste caso) por diversas equipes.

A jogada de Sather confirmou oficialmente o interesse da equipe, que se juntou com a vontade do Dallas de despachar Avery em definitivo. Desde o seu derradeiro incidente, em 2 de dezembro, os Stars declararam que o jogador nunca mais faria parte da equipe, sequer para treinar.

Liberado pela liga após cumprir terapia para controlar sua raiva, Avery foi colocado na Desistência, ritual obrigatório no caminho para a liga menor. Para a surpresa de ninguém, nenhuma equipe se interessou em adquiri-lo.

Aos Stars sobraram duas opções: recolocá-lo na Desistência, o que na prática seria o mesmo que oferecê-lo aos demais times da liga a troco de nada e pela metade de seu contrato, ou negociá-lo, hipótese mais vantajosa para a equipe mas que provavelmente não atrairá interessados em assumir os mais de US$ 11 milhões restantes do contrato pelos próximos três anos.

É aqui que entram os Rangers. Eles podem trocar um saco de discos usados por Avery ou tentar adquiri-lo via segundo turno da Desistência, mas correndo o risco de perdê-lo para um dos 20 times piores colocados na classificação — porque, no recrutamento de Desistência, a prioridade de escolha segue a ordem invertida da classificação.

Avery disputou 86 jogos de temporada regular pelos Rangers entre o começo da temporada 2006-07 e os playoffs de 2008. A equipe conquistou 66% dos pontos nos jogos em que ele esteve no gelo e apenas 42% quando Avery esteve ausente. Não há motivação maior do que essa para enxergar no estagiário de moda e cliente de manicure uma salvação para a temporada atual. Os Rangers estão a caminho de marcar 96 pontos, o suficiente para garantir a sexta colocação na Conferência Leste, mas a campanha é marcada pelos altos e baixos, como o ótimo começo de temporada, quando venceram dez de 13 jogos, e a sequência atual de cinco derrotas consecutivas.

Ou a goleada de dois dígitos sofrida para os Stars, em que o adversário marcou sete gols seguidos, sendo seis no terceiro período.

Os Rangers precisam de algo, ou alguém, que dê a ignição no time. Eles precisam disso. Vindo do segundo turno da Desistência, pela metade do contrato, Avery é uma opção viável. Se ele for novamente um problema, os Rangers podem despejá-lo na AHL pelos próximos três anos — e se alguém tem dinheiro extra para queimar em um jogador de segunda divisão, é o time de Nova York.

O problema, para os Rangers, é que há pelo menos outros quatro times interessados em Avery, segundo seu empresário, Pat Morris. E não se pode subestimar o desespero de algumas equipes que a cada jogo enxergam os campos de golfe mais próximos do que os rinques de hóquei. Prevalecendo a vontade do jogador, Avery retornará a Nova York, principalmente depois que Morris fez declarações públicas desencorajando os demais interessados.

Em Hartford, no primeiro contato com a imprensa, Avery afirmou ter mudado, ao virar uma página de sua vida. Aquele jogador que falava bobagens agora conversa como se recitasse frases de livros de auto-ajuda.

"Apenas sentir que eu sou uma pessoa melhor e me sentir melhor comigo mesmo é a coisa mais importante," disse Avery. "O que me preocupa agora é o hoje e eu estou concentrado em mim hoje, e no jogo de hóquei. É tudo sobre o que eu posso falar agora."

Pelo menos ainda é mais interessante que entrevista de jogador de futebol.

Humberto Fernandes ganhou uma camisa do Detroit Red Wings, presente do amigo Eduardo Costa.

New York Post
Sean Avery e a camisa do New York Rangers, no passado, o mesmo azul, branco e vermelho de um futuro bem próximo.

Arquivo TheSlot.com.br
Avery liderou a NHL em minutos de penalidade nas temporadas 2003-04 e 2005-06. Em 402 jogos, marcou 68 gols e 177 pontos, com +14 e 1.144 PIM.
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Estagiário de moda, usuário de esmalte, reconhecido gosto por cavar penalidades, inimigo dos baços fissurados e do goleiro do New Jersey, o homem que já foi onde Dion Phaneuf está indo hoje.
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Página publicada em 11 de fevereiro de 2009.