Por: Alexandre Giesbrecht

Vi muita revolta de torcedores dos Capitals a respeito do gol que tiveram anulado contra os Canadiens, na partida que poderia ter marcado a vitória de número 15 na sequência do time da capital norte-americana. Boa parte dos argumentos reside no fato de um gol similar de Sami Kapanen, então nos Flyers, ter sido validado contra os mesmos Capitals em um jogo 7 nos playoffs de 2008.

É um argumento válido à primeira vista. Especialmente quando se lembra que a explicação oficial da liga foi de que nenhum jogador dos Flyers teve contato com o goleiro dos Caps. Foi exatamente isso que aconteceu na última quarta-feira. Mas, se seguirmos a regra 69.6 da NHL, a decisão correta foi a tomada agora em 2010, não a de dois anos antes — que venham os conspiracionistas com suas teorias.

O que foi doloroso para a torcida dos Capitals foi ver sua sequência ser interrompida quando faltava tão pouco para igualar o recorde de todos os tempos, que ainda pertence aos Penguins (o que certamente torna a situação ainda mais amarga), que venceram 17 jogos seguidos em 1992-93. Ainda que, se eles meramente igualassem o recorde, este fosse vir acompanhado de um asterisco, já que a primeira vitória da sequência mais recente veio nos pênaltis, alternativa que os Penguins não tinham dezessete anos atrás. Nada que não fosse resolvido com uma sequência de pelo menos 19 vitórias, sem mais nenhuma nos pênaltis.

Essa rivalidade entre Pens e Caps, aliás, teve um novo capítulo no último fim de semana, em um jogo que provavelmente não deveria ter acontecido. Neste embate, os Penguins abriram uma vantagem de três gols que fez parecer que a sequência de vitórias do adversário seria encerrada um jogo mais cedo do que acabou sendo. Mas os 4-1 no placar não intimidaram o time de Alex Ovechkin, que tirou da cartola um hat trick, ajudando a levar o jogo para a prorrogação, encerrada pouco depois da metade com um gol de Mike Knuble com assistência do russo, que só não fez chover porque havia uma senhora nevasca do lado de fora.

Apesar da derrota no jogo seguinte, a sequência de vitórias dos Caps foi o bastante para catapultar o time para a liderança mais que isolada do Leste, catorze pontos à frente dos segundos colocados Devils. E dois pontos à frente dos Sharks, líderes do Oeste, o que coloca o Washington como atual favorito para o Troféu dos Presidentes.

Todo esse sucesso leva à especulação de qual será o futuro desse time nos playoffs. Se temos exemplos de times que levaram essa taça com facilidade e depois ainda beberam da Copa Stanley, como os Rangers de 1993-94, os Stars de 1998-99 e os Wings de 2001-02, também temos de lembrar que times com campanhas dominantes durante a temporada regular sofreram grandes vexames na hora do mata-mata. Estão aí os Penguins de 1992-93 (119 pontos, aquele mesmo time da sequência de 17 vitórias), os Red Wings de 1995-96 (131 pontos) e de 2005-06 (124 pontos) e os Blues de 1999-2000, que não me deixam mentir. Lembremos ainda que nas últimas seis temporadas apenas um time levou os dois canecos para casa, os Red Wings em 2007-08.

E não se pode dizer que nenhum desses times tinha estrela da magnitude de Ovechkin: os Penguins tinham Mario Lemieux, os Wings tinham Steve Yzerman nas duas campanhas citadas (e na de 2001-02 também) e os Blues tinham Chris Pronger, certamente o menos brilhante dos três, mas que naquela temporada teve um ano inesquecível, arrebatando os troféus Hart e Norris, além de ter o melhor mais/menos da liga.

O time dos Capitals é jovem, e isso depõe contra si nos playoffs, mas por outro lado pode-se dizer o mesmo dos Penguins do ano passado, ainda os detentores atuais da Copa Stanley. A juventude pode ser neutralizada pelo talento, mas isso desce pelo ralo em caso de instabilidades emocionais, como, aliás, as que têm sido a marca dos confrontos entre Capitals e Penguins. Vimos isso nos playoffs passados, e vimos novamente nos dois encontros entre as equipes nesta temporada.

Na temporada regular não importa muito. Lá na frente é que a coisa, se esquentar, pode fugir do controle, ainda mais se considerarmos que uma repetição do confronto é uma grande possibilidade. Esse seria o confronto definitivo para provar que os Capitals "já chegaram", como quis indicar o dono do time, Ted Leonsis, em postagem em seu blog. Os Pens nem são o time mais forte que os Caps podem ter pela frente, mas são um adversário que, se vencido, dará mais moral que qualquer outro para o jovem time de vermelho.

Alexandre Giesbrecht, publicitário, trocaria Ilya Kovalchuk (na situação dos Thrashers).
Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Página no Facebook | Contato
© 2002-10 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 11 de fevereiro de 2010.