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A situação em Pittsburgh parece difícil quando se ouve as palavras do dono e capitão do time, Mario Lemieux, que na semana passada disse que havia apenas "uma pequena chance" de a franquia ficar na cidade quando seu contrato com o estádio vencer, no fim da próxima temporada.

Palavras duras, mas isso não significa que já é hora de mandar fazer camisas do Houston Penguins. Ainda não, pelo menos.

Lemieux está chateado. Compreendo por quê. Ele não poderia imaginar que passar pela burocracia local e estadual seria mais frustrante que ser alvejado por cinco defensores empunhando tacos como machados na frente de um juiz deficiente visual. Mas não estou convencido de que isso não foi apenas um disparo em alto volume nesta batalha interminável.

Sim, as finanças vão mal — um prejuízo previsto para a casa dos US$ 7 milhões por temporada ainda que os Penguins cheguem à segunda fase dos playoffs. A falta de progresso no projeto de um novo estádio significa que esse prejuízo vai continuar a se amontoar por mais quatro ou cinco anos se o time ficar. Então os donos não podem ser culpados por considerar outras opções.

Mas ainda resta uma chance de manter os Pens em Pittsburgh. Apenas se a política local fizer virar a cabeça de um observador de fora como eu, mas essas pessoas entendem de dinheiro melhor que qualquer um. E, depois de sentir o impacto econômico de perder o time por uma temporada durante o locaute (alguns calculam prejuízo de até US$ 104 milhões), eles provavelmente reconhecem a importância de manter os Pens na cidade.

Como resultado, declaro Pittsburgh favorita a 2:1 para manter os Penguins.

Claro, há muitas outras cidades com a infraestrutura, a população e a base corporativa para apoiar um clube relocado. Se a situação piorar em Pittsburgh, aqui estão as favoritas:

Kansas City(5:1)
Prós: Um estádio pronto para a NHL, o Sprint Center, será inaugurado em 2007, a tempo para os Pens se mudarem. Com tantos espaços na agenda para preencher, eles provavelmente ofereceriam a Mario e seus sócios a melhor das ofertas. De acordo com fontes locais, 60 dos 72 camarotes já foram vendidos, assegurando uma fonte de receita bastante lucrativa para os proprietários do estádio. Uma franquia em KC teria uma rivalidade natural com os Blues e seria um sonho geográfico, localizado a menos de uma hora de vôo de seis times. KC também é um dos melhores mercados televisivos para a NHL entre as cidades sem times.
Contras: O hóquei já fracassou aqui antes (KC Scouts, 1974-76), com apenas 2 mil carnês de ingressos vendidos no último ano. Os Blades, da IHL, encerraram atividades em 2001 e uma tentativa de franquia na UHL fracassou abominavelmente na temporada passada.
Afinal de contas: Uma franquia em KC teria apoio corporativo e do governo, mas teria também apoio da torcida? Podemos ter a resposta a essa pergunta logo — se os Pens se mudarem, tudo indica que este é o destino mais provável.

Houston (8:1)
Prós: Como quarto maior mercado nos EUA, Houston seria a escolha da liga. Uma grande torcida em potencial, recheada de migrantes vindos do norte é promissora, assim como a receita em potencial de vendas de anúncios locais. O hóquei tem uma longa história na cidade, da WHA à IHL e à AHL. Há várias opções se os Pens quiserem envolver donos locais, incluindo Les Alexander, dono do Toyota Center. Também poderia ser desenvolvida uma rápida rivalidade com o Dallas, que pode ajudar a vender o esporte localmente.
Contras: Depois de Atlanta, este deve ser o mercado esportivo mais calmo do país. Como há tantos recém-chegados à cidade, eles tendem a não se apegar aos times locais. Mais importante, o hóquei tem tido altos e baixos no sul.
Afinal de contas: Houston tem os meios, o apoio e a população, tornando-se a segunda melhor aposta.

Milwaukee (25:1)
Prós: Como Minnesota, Wisconsin é um estado do hóquei. Provavelmente apoiaria um time profissional em Milwaukee do mesmo jeito que St. Paul abraçou o Wild. Este é um mercado entre os 20 maiores e tem o Bradley Center, cuja capacidade para jogos de hóquei é de mais de 17 mil pessoas, pronto para ocupação imediata.
Contras: Uma suavidade geral sugere que acabaríamos com uma nova versão do que ocorreu em Pittsburgh.
Afinal de contas: Como não há um burburinho real por lá a respeito da mudança dos Penguins, Milwaukee deve estar confortável como cidade de liga menor.

Oklahoma City (30:1)
Prós: Esta é uma cidade prestes a ser de uma liga importante. OKC tem um estádio construído pronto para a NHL (o Ford Center) e está no topo da lista de relocação da liga profissional de basquete, graças à recepção que a cidade deu ao flagelado New Orleans Hornets. E ainda tem um histórico de grande apoio aos Blazers, da CHL.
Contras: Pequena população (1,1 milhão) e reputação de liga menor.
Afinal de contas: Alguma liga vai arriscar nesta cidade e se dar bem. Só que há opções mais viáveis para os Pens considerarem.

Winnipeg (45:1)
Prós: Fanática por hóquei, a cidade esgotaria os ingressos para todos os jogos cerca de cinco minutos depois de começadas as vendas. O teto salarial resolve a maioria dos problemas que levaram à partida dos Jets em 1996.
Contras: O MTS Centre, aberto no ano passado, tem capacidade de apenas 15 mil pessoas em jogos de hóquei e apenas 46 camarotes, muito pouco para um clube moderno na NHL. A falta de patrocinadores corporativos viáveis também é um problema.
Afinal de contas: Seria maravilhoso ver a NHL de volta a Winnipeg, mas os políticos locais arruinaram as chances ao construir um estádio de calibre de liga menor.

Portland (50:1)
Prós: Uma arena do calibra da NHL como o Rose Garden e apenas um time (os Trail Blazers, de basquete) para competir pela atenção local.
Contras: De fora, parece um belo mercado, mas alguém já detectou algum vestígio de interesse por parte da população?
Afinal de contas: Uma das cidades dos sonhos da NHL desde que Gary Bettman assumiu, mas Portland já não atendeu ao chamado antes. Provavelmente há uma boa razão para isso.

Quebec City (75:1)
Prós: Uma cidade cujo orgulho foi ferido pela despedida dos Nordiques adoraria mais uma chance de ter a NHL. Políticos locais ofereceriam inúmeras cortesias para atrair uma franquia de mudança.
Contras: O estádio ultrapassado foi um dos motivos por que os Nordiques partiram em 1995 e ele não ficou melhor por um passe de mágica nesse ínterim. Adicione o pequeno tamanho do mercado e tem-se uma candidatura natimorta.
Afinal de contas: Uma escolha romântica facilmente apoiada pelo coração, mas que seria fuzilada pelo cérebro.

Toronto (100:1)
Prós: Se uma estufa como Los Angeles pode agüentar dois times, por que não Toronto? A cidade tem tudo de que um time precisa, incluindo torcida em potencial, atenção da mídia e oportunidades corporativas.
Contras: Leafs e Sabres bloqueram cada tentativa anterior de se colocar um time em Hamilton, Ontário. Não há por que acreditar que eles deixariam este time — especialmente um que tem o ímã de manchetes Sidney Crosby — se instalar no quintal local. Mesmo que deixassem, é difícil acreditar que a torcida dos Leafs, talvez a mais apaixonada do hóquei, amaria de verdade outro time, ainda que os ingressos deste fossem mais fáceis de se adquirir.
Afinal de contas: Imagine que estamos no Dia de São Nunca, e Sabres e Leafs aprovem a mudança. Ainda não há um estádio viável nem chance alguma de financiamento público para construir um.

Hamilton (100:1)
Ver Toronto.

Las Vegas (-)
Prós: Cidade em crescimento acelerado, que ama esportes e tem espírito empreendedor, recheada de habitantes jovens e ativos — exatamente o tipo de população que apoiaria um time profissional. Há um estádio paliativo pronto (o Thomas & Mack Center), que seria apropriado para um período de transição, mas é bom destacar que essa cidade é bastante empreendedora. Provavelmente, os locais poderiam fechar negócio e construir um estádio preparado para a NHL, com todo o conforto, mais rápido que um jogo de caça-níqueis.
Contras: Muita competição por parte de outras formas de entretenimento podem tornar o hóquei difícil de vender. Mais importante, o Comitê Gestor da liga nunca aprovaria uma mudança para cá. A influência do jogo é uma grande preocupação.
Afinal de contas: É possível que um dia a NHL aprove uma franquia aqui, mas nunca antes de outra liga profissional abrir um precedente. Então, ao menos aqui as apostas estão fechadas.


Alan Muir escreve para o site SI.com. Texto traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 21 de dezembro de 2005.