Por: Marcelo Constantino
Não fosse o critério de conceder uma cabeça-de-chave nos playoffs para cada líder de divisão, atualmente (lembre-se, esta matéria está sendo fechada na segunda-feira) os dois primeiros colocados da Conferência Oeste seriam Nashville Predators e Detroit Red Wings. Apenas um ponto separa os dois times, que brigam pela liderança da Divisão Central e, conseqüentemente, pela liderança da Conferência.

Para uma temporada em que até o fim do ano passado o Buffalo Sabres e o Anaheim Ducks sobravam em suas conferências, essa não é uma mera mudança de percurso. É bem verdade que os Sabres seguem liderando a Conferência Leste, mas o progresso de times como o New Jersey Devils e o Ottawa Senators é sólido e constante. Já no Oeste a história é outra.

Meses atrás a Divisão do Pacífico era indicada como uma das mais fortes, porque continha três times com grandes chances de brigar pela liderança da Conferência: Anaheim, Dallas e San Jose. O Dallas esfriou primeiro, mas o San Jose chegou a ameaçar a soberania dos Ducks. Até que esfriou também. Enquanto isso, o Anaheim caiu de produção desde as contusões de jogadores chave, como Chris Pronger e Jean Sebastien Giguere, perdeu a liderança absoluta da liga e da conferência para os Predators, e agora assistimos à briga de dois times de outra divisão pela liderança do Oeste.

Se a Divisão do Pacífico tem dois times fracos, a Central tem três, o que certamente facilita a vida da dupla Nashville e Detroit. Ainda que o St. Louis atualmente esteja numa boa fase, até umas semanas atrás era mais um saco de pancadas, tal qual Chicago e Columbus. O maior beneficiado talvez seja o Nashville, time que detém o maior número de vitórias (15) na liga contra adversários da mesma divisão na temporada. Os Wings venceram 12. Ambos venceram adversários da mesma conferência por 29 vezes, líderes da liga nesse aspecto ao lado de Senators e Sharks.

Mas, ainda com números, há uma predominância de cada time que os diferencia dos demais: os Preds têm o melhor saldo de gols da NHL (50, um a mais que os Sabres) e os Wings têm o maior número de vitórias no jogo (ou seja, sem contar a disputa de pênaltis), com 35.

O fator primordial que elevou o padrão de jogo dos Red Wings e que os recolocou no topo da liga na temporada é a dupla Pavel Datsyuk e Henrik Zetterberg. Os dois estão jogando como música e pegando fogo há algumas semanas, e isso, apenas isso, foi praticamente suficiente para mudar o panorama da equipe de Detroit. Sim, porque Nicklas Lidstrom segue jogando um hóquei classe A toda santa noite. O restante do corpo defensivo e os demais jogadores de ataque que não jogam com a citada dupla seguem no mesmo padrão de antes. Dominik Hasek idem, até se machucar recentemente. A diferença dos Wings de antes — meros futuros classificados para os playoffs — para os de agora — candidatos (mais uma vez) a líderes da conferência — é o estado explosivo da dupla.

Se o fogo vai permanecer por mais algumas semanas e, melhor, se esse fogo vai arder também nos playoffs, se eles farão esse time finalmente passar ao menos da segunda fase, essa é outra história. É precisamente a história que interessa, claro. E antevejo que não será nada fácil, já que os Wings não são mais um time de rolar quatro linhas, como nos tempos de Yzerman, Shanahan, Fedorov, Larionov, Hull & cia. Não, hoje a linha que efetivamente mete medo é a de Dats e Zetta, acrescida do eterna e extremamente útil Tomas Holmstrom. A segunda linha, de Robert Lang, não é confiável. A terceira é a antiga e ótima Grind, com Johan Franzen completando um trio essencialmente defensivo. A quarta é meio que a linha da sobra, dos garotos, dos novatos.

Se a gerência conseguir trazer um atacante de impacto (se algum leitor pensou seriamente em Keith Tkachuk nesse momento, por favor inscreva-se na Sessão do Descarrego mais próxima) até o dia-limite de trocas, o panorama melhora, claro. Mas não haverá nada de quatro linhas rolando. Nada daquilo de antes, de não saber de qual das linhas virá a explosão ofensiva da noite. Aliás, nenhum time na NHL de hoje em dia tem isso.

Já os Predators atualmente estão num tropeço. Depois de alçar a liderança da liga, eles tiveram uma semana ruim, com uma vitória em três jogos, e agora têm os Wings na cola. Todos os times que despontam passam por tropeços ao longo da temporada (vide Buffalo, Anaheim e San Jose, outrora badaladíssimos) e acabam encontrando seu nicho. Todos eles eram e continuam sendo fortes candidatos ao título, inclusive os Predators, claro.

Atualmente o time enfrenta problemas de disciplina dentro do gelo, com seus jogadores tendo alguma compulsão por cometer penalidades. Ainda bem que a equipe sabe matá-las como poucas, o que ameniza o efeito imediato.

Em comparação com os Wings, os Preds não têm um corpo defensivo tão estelar e sólido, mas, liderado pelos subvalorizados Kimmo Timonen e Marek Zidlicky (ainda que este não consiga repetir a produção de sua temporada de estréia), dá conta do recado. A dupla de goleiros é das melhores da liga atualmente: Tomas Vokoun é goleiro já reconhecido como um dos grandes, e Chris Mason é talvez a mais grata revelação (sim, revelação aos 30 anos de idade!) da temporada entre goleiros. Durante uma longa contusão de Vokoun, Mason parecia até melhor que o titular. Já as linhas de ataque são mais fortes, mais distribuídas. Steve Sullivan, Jason Arnott, David Legwand e Paul Kariya se espalham por duas linhas e a terceira ainda tem o utilíssimo Scott Hartnell e o garoto prodígio Alexander Radulov. São duas linhas respeitáveis e uma que pode surpreender.

Para melhorar ainda mais o elenco, apostando nos playoffs e buscando reforçar o setor defensivo, a gerência já mexeu pauzinhos, e mexeu muito bem. Como Josef Vasicek não estava rendendo, a gerência negociou-o de volta à sua equipe anterior pelo central Eric Belanger, um reforço que seria para as linhas mais baixas, mas acabou como moeda de troca para uma negociação ainda melhor: a contratação do defensor Vitaly Vishnevski. Excelente negócio. Depois do erro de negociar Scott Walker antes da temporada, agora a redenção. Vishnevski é um defensor experiente que pune adversários, ou seja, tem estilo de playoffs.
Marcelo Constantino recomenda Rocky Balboa, um retorno triunfal e magnífico à simplicidade do primeiro (e até então único e realmente bom) filme da série.
Rick Scuteri/AP
O Nashville Predators anda tropeçando depois de alçar a liderança da Conferência Oeste, o que é normal; afinal, historicamente é mais fácil chegar à liderança do que mantê-la.
Chris McGrath/Getty Images
A explosiva primeira linha dos Red Wings, com Pavel Datsyuk, Henrik Zetterberg e Tomas Holmstrom tem garantido a ascensão do time.
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Página publicada em 14 de fevereiro de 2007.