A série entre Detroit Red Wings e San Jose Sharks está se saindo próximo
do esperado. Os Sharks têm sido melhores, mas não tem sido fácil passar
pelos Wings.
Com exceção de um mau começo no jogo 1 e de um inacreditavelmente pavoroso
começo no jogo 2, os Wings conseguiram equilibrar as forças durante
boa parte da série. Protagonizaram inclusive uma sólida virada na segunda
partida, algo incomum em se tratando dos últimos playoffs do time. Porém,
de um modo geral, os Sharks vêm dominando. Não apenas porque estão vencendo
por 2-1, mas sobretudo mantêm as rédeas nas mãos na maior parte dos
jogos.
A batalha física está longe de ser aquela preconizada dos grandes-dos-Sharks-esmagam-os-pequenos-dos-Wings.
Os Sharks são realmente bem maiores e mais fortes, mas os pequenos Wings
não se deixam abater e eventualmente até desferem trancos nos maiores.
Mas isso não tem sido fator determinante da série.
O que certamente pesou contra os Wings, especialmente nos dois primeiros
jogos (e, mais especialmente ainda, nos começos desses dois jogos) foi
a quantidade assustadora de discos que seus jogadores entregavam aos
adversários. Os famosos giveaways. Foram 27 no primeiro (contra
5 dos Sharks) e mais 24 (contra 12) no segundo.
Num breve histórico da série podemos dizer que o San Jose aproveitou-se
de um mau começo do Detroit no jogo 1, meteu dois gols com relativa
rapidez e facilidade, e administrou a vitória até o fim (sim, esqueça
a avalanche de disparos dos Wings após os gols, a maioria expressiva
foi inofensiva).
No jogo 2 o começo do Detroit foi ainda pior, foi podre. Mal começou
e eles levaram um gol. Passou algum tempo e Dominik Hasek entregou outro.
Ainda assim eles conseguiram se safar sofrendo apenas esses dois gols.
Num lance de relativa sorte, já perto do fim do período e no que era
apenas o segundo disparo do time a gol, a equipe de Michigan conseguiu
marcar e diminuir o placar. A partir daí o jogo foi equilibrado e os
Wings não apenas conseguiram conter o ímpeto dos Sharks como também
conseguiram empatar e virar a partida. Um lance errado do time de vantagem
numérica (VN) dos Sharks deu a Dan Cleary o disco para marcar o gol
de empate e, quando tudo indicava que teríamos prorrogação, Pavel Datsyuk
aproveitou um rebote para fazer o eletrizante gol da vitória a menos
de dois minutos do fim do terceiro período.
O jogo 3 foi o melhor da série, o mais equilibrado. Os Wings começaram
em ritmo claramente superior, como em nenhum outro momento da série.
E, ainda assim, marcaram apenas uma vez, graças a um disparo daqueles
do meio da rua de Nicklas Lidstrom, que foi direto no ângulo esquerdo
de Evgeni Nabokov. Os Sharks foram equilibrando o jogo e empataram,
e depois massacraram os Wings no último período até conseguir o gol
da vitória, num belo lance de calma e frieza de Jonathan Cheechoo.
Ambos os times de vantagem numérica não são bons. Já não eram antes
da série e mantêm-se deficientes durante a mesma. O que eventualmente
impressiona é a ofensividade do time de matar penalidades dos Wings,
que já conseguiu três gols em nove jogos até aqui.
Outro fator que impressiona, também em favor dos Sharks, é a quantidade
de chutes que os jogadores bloqueiam. O defensor Mathieu Schneider não
conseguiu chutar a gol nos dois primeiros jogos, mas não pense que ele
não tentou. Tentou sim, como de hábito. Aliás, é uma das mais manjadas
jogadas de VN do Detroit. O que ele não conseguia era fazer o disco
chegar ao gol de Nabokov, e isso porque os jogadores dos Sharks bloqueiam
muitos discos. E sem precisar se atirar no chão.
Os jogadores mais importantes para cada time na série têm sido Joe Thornton
e Nicklas Lidstrom. Não tem adiantado vigiar e tentar parar Thornton,
que geralmente produz boas jogadas para o San Jose, mesmo que seu marcador
seja o principal e melhor jogador adversário, Lidstrom. O camisa 19
tem sido desafiado na série e tem respondido bem.
Embora os Wings realmente sejam um outro time, diferente daqueles eliminados
nos últimos playoffs, os Sharks são superiores. Isso não quer dizer
que uma vitória do Detroit na série seja algo impensável, porque não
é. Cada jogo tem sua história (aliás, nesta série cada período tem sua
história) e, se o técnico Mike Babcock conseguir imprimir no time um
ritmo constante igual ao demonstrado no começo do jogo 3, as chances
são boas. Por enquanto o San Jose é quem manda.
Marcio Jose Sanchez/AP |
Paul Sakuma/AP Com muita calma e sob iminente pressão avassaladora dos defensores dos Wings que estavam logo atrás, Jonathan Cheechoo desliza o disco para a sua esquerda para driblar Dominik Hasek e marcar o gol que seria o da vitória do jogo 3. |