Por: Marcelo Constantino

A série entre Detroit Red Wings e San Jose Sharks está se saindo próximo do esperado. Os Sharks têm sido melhores, mas não tem sido fácil passar pelos Wings.

Com exceção de um mau começo no jogo 1 e de um inacreditavelmente pavoroso começo no jogo 2, os Wings conseguiram equilibrar as forças durante boa parte da série. Protagonizaram inclusive uma sólida virada na segunda partida, algo incomum em se tratando dos últimos playoffs do time. Porém, de um modo geral, os Sharks vêm dominando. Não apenas porque estão vencendo por 2-1, mas sobretudo mantêm as rédeas nas mãos na maior parte dos jogos.

A batalha física está longe de ser aquela preconizada dos grandes-dos-Sharks-esmagam-os-pequenos-dos-Wings. Os Sharks são realmente bem maiores e mais fortes, mas os pequenos Wings não se deixam abater e eventualmente até desferem trancos nos maiores. Mas isso não tem sido fator determinante da série.

O que certamente pesou contra os Wings, especialmente nos dois primeiros jogos (e, mais especialmente ainda, nos começos desses dois jogos) foi a quantidade assustadora de discos que seus jogadores entregavam aos adversários. Os famosos giveaways. Foram 27 no primeiro (contra 5 dos Sharks) e mais 24 (contra 12) no segundo.

Num breve histórico da série podemos dizer que o San Jose aproveitou-se de um mau começo do Detroit no jogo 1, meteu dois gols com relativa rapidez e facilidade, e administrou a vitória até o fim (sim, esqueça a avalanche de disparos dos Wings após os gols, a maioria expressiva foi inofensiva).

No jogo 2 o começo do Detroit foi ainda pior, foi podre. Mal começou e eles levaram um gol. Passou algum tempo e Dominik Hasek entregou outro. Ainda assim eles conseguiram se safar sofrendo apenas esses dois gols. Num lance de relativa sorte, já perto do fim do período e no que era apenas o segundo disparo do time a gol, a equipe de Michigan conseguiu marcar e diminuir o placar. A partir daí o jogo foi equilibrado e os Wings não apenas conseguiram conter o ímpeto dos Sharks como também conseguiram empatar e virar a partida. Um lance errado do time de vantagem numérica (VN) dos Sharks deu a Dan Cleary o disco para marcar o gol de empate e, quando tudo indicava que teríamos prorrogação, Pavel Datsyuk aproveitou um rebote para fazer o eletrizante gol da vitória a menos de dois minutos do fim do terceiro período.

O jogo 3 foi o melhor da série, o mais equilibrado. Os Wings começaram em ritmo claramente superior, como em nenhum outro momento da série. E, ainda assim, marcaram apenas uma vez, graças a um disparo daqueles do meio da rua de Nicklas Lidstrom, que foi direto no ângulo esquerdo de Evgeni Nabokov. Os Sharks foram equilibrando o jogo e empataram, e depois massacraram os Wings no último período até conseguir o gol da vitória, num belo lance de calma e frieza de Jonathan Cheechoo.

Ambos os times de vantagem numérica não são bons. Já não eram antes da série e mantêm-se deficientes durante a mesma. O que eventualmente impressiona é a ofensividade do time de matar penalidades dos Wings, que já conseguiu três gols em nove jogos até aqui.

Outro fator que impressiona, também em favor dos Sharks, é a quantidade de chutes que os jogadores bloqueiam. O defensor Mathieu Schneider não conseguiu chutar a gol nos dois primeiros jogos, mas não pense que ele não tentou. Tentou sim, como de hábito. Aliás, é uma das mais manjadas jogadas de VN do Detroit. O que ele não conseguia era fazer o disco chegar ao gol de Nabokov, e isso porque os jogadores dos Sharks bloqueiam muitos discos. E sem precisar se atirar no chão.

Os jogadores mais importantes para cada time na série têm sido Joe Thornton e Nicklas Lidstrom. Não tem adiantado vigiar e tentar parar Thornton, que geralmente produz boas jogadas para o San Jose, mesmo que seu marcador seja o principal e melhor jogador adversário, Lidstrom. O camisa 19 tem sido desafiado na série e tem respondido bem.

Embora os Wings realmente sejam um outro time, diferente daqueles eliminados nos últimos playoffs, os Sharks são superiores. Isso não quer dizer que uma vitória do Detroit na série seja algo impensável, porque não é. Cada jogo tem sua história (aliás, nesta série cada período tem sua história) e, se o técnico Mike Babcock conseguir imprimir no time um ritmo constante igual ao demonstrado no começo do jogo 3, as chances são boas. Por enquanto o San Jose é quem manda.

Marcelo Constantino recomenda "O cheiro do ralo" e "É proibido proibir", os dois melhores filmes a que assistiu neste ano.

Marcio Jose Sanchez/AP
Joe Thornton é sempre um jogador a ser monitorado. De seu taco surgem grandes jogadas e passes precisos para gols decisivos e seu porte o torna difícil de ser contido fisicamente. Já a linha de Kris Draper ascendeu à segunda do time, devido em boa parte à inoperância da linha de Robert Lang, mas também pela combatividade que a velha grind line sempre proporciona.

Paul Sakuma/AP
Com muita calma e sob iminente pressão avassaladora dos defensores dos Wings que estavam logo atrás, Jonathan Cheechoo desliza o disco para a sua esquerda para driblar Dominik Hasek e marcar o gol que seria o da vitória do jogo 3.
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Página publicada em 2 de maio de 2007.