Por: Humberto Fernandes

É louvável o esforço do New York Rangers para enfrentar (e superar) o Buffalo Sabres, Jaromir Jagr está se entregando ao time como jamais se viu antes, a capa dessa edição de TheSlot.com.br está maravilhosa, mas é preciso que se esclareça o que houve no jogo 4.

Os Rangers venciam o jogo por 2-1 quando, faltando 17 segundos para o fim, Daniel Briere marcou o gol de empate. O escritório da liga em Toronto revisou a jogada, procurando por uma imagem conclusiva de que o disco havia cruzado a linha e supostamente não a encontrou. Com todas as câmeras e imagens e ângulos disponíveis eles não provaram a validade do gol. Com uma única imagem da TSN, pela Internet, vários torcedores brasileiros viram o que eles em Toronto não quiseram ver. Será que alguém no escritório esperava que o disco erguesse os braços e gritasse "Eu estou aqui!"?

Por mais que eu queira descrever a jogada dizendo que "o disco entrou uns dois quilômetros pra dentro da rede", seria mais justo dizer que ele entrou o suficiente. O goleiro Henrik Lundqvist defendeu o chute com a perna, dentro do gol. Nitidamente se percebe que no final da jogada o disco fica preso após a linha. Não é preciso usar o bom senso aqui, basta usar o senso comum: foi gol.

Não fosse o erro, o jogo 4 iria para a prorrogação, com o momentum a favor dos Sabres. O ex-jogador em atividade Jeremy Roenick, comentarista da TSN, soltou uma de suas pérolas ao ser perguntado sobre a validade do gol: "E colocar os Rangers à beira da eliminação?"

Este é apenas mais um capítulo onde a arbitragem favorece os Rangers. E também apenas outro em que prejudica o Buffalo: o gol irregular de Brett Hull no jogo 6 da Copa Stanley de 1999, o gol de John Leclair nos playoffs do ano seguinte em que o disco passou por fora da rede, e agora o gol de Briere que entrou mas não valeu.

Talvez a decisão dos oficiais da NHL tenha sido influenciada pelo jogo anterior, graças à famosa teoria da compensação. No jogo 3, o gol de Karel Rachunek foi anulado após os árbitros afirmarem que ele havia chutado propositalmente o disco para a rede. Briere, capitão dos Sabres, afirmou que o gol dos Rangers foi legal.

Foi o quinto gol revisado nos playoffs envolvendo o Buffalo e o primeiro em que a decisão não lhe é favorável.

Polêmicas à parte, os Rangers aproveitaram as duas partidas em casa para empatar a série, jogando toda a pressão para o vencedor do Troféu dos Presidentes. Os camisas azuis merecem todos os méritos por parar o ataque dos Sabres, que marcou apenas cinco gols nos últimos três jogos e à exceção do jogo 1 sempre entrou no terceiro período atrás no placar.

O Buffalo ainda é favorito, mas os Rangers mostram a cada jogo que não chegaram até aqui por acaso.

Anaheim Ducks e Ottawa Senators caminham rumo às finais de conferência.

Os Ducks venceram as duas partidas em Vancouver e Chris Pronger consolida-se como eventual vencedor do Troféu Conn Smythe, concedido ao jogador mais importante dos playoffs. É impressionante como Pronger domina as ações na pós-temporada. No ano passado o defensor guiou o improvável Edmonton Oilers ao jogo 7 da Copa Stanley.

Roberto Luongo, sozinho e com apenas uma das mãos, é capaz de derrotar o Homem-Aranha, mas não de parar o time dos Ducks.

De John Buccigross, da ESPN: "Se os Devils falharem em vender todos os ingressos de outro jogo de playoffs, eles deveriam imediatamente se mudar para Winnipeg após essa temporada. Se esse time não consegue lotar a arena um jogo sequer, então talvez New Jersey não mereça um time".

Os Senators crescem a cada jogo e Ray Emery se mostra seguro e confiável. E após ter pesadelos com o trio de ases do Tampa Bay Lightning, Martin Brodeur não dorme sem pensar em Dany Heatley, Jason Spezza e Daniel Alfredsson. Será que ele já se esqueceu da falha no gol de Tom Preissing, que decidiu o jogo 3? Ou do chute despretensioso de Heatley, que ele aceitou no jogo 4?

Apesar dos erros do goleiro, o lema dos Devils é: "Brodeur por todos e ninguém pra ver".

A NHL divulgou a lista dos finalistas aos troféus da temporada. Em negrito, as minhas apostas para os ganhadores.

Troféu Hart (jogador mais valioso para seu time):
Martin Brodeur, Sidney Crosby e Roberto Luongo.

Prêmio Lester B. Pearson (melhor jogador, na escolha dos jogadores):
Sidney Crosby, Vincent Lecavalier e Roberto Luongo.

Troféu Calder (calouro do ano):
Evgeni Malkin, Jordan Staal e Paul Stastny.

Troféu Selke (melhor atacante defensivo):
Rod Brind'Amour, Samuel Pahlsson e Jay Pandolfo.

Prêmio Jack Adams (melhor treinador):
Lindy Ruff, Michel Therrien e Alain Vigneault.

Troféu Norris (melhor defensor):
Nicklas Lidstrom, Scott Niedermayer e Chris Pronger.

Troféu Lady Byng (boa conduta):
Pavel Datsyuk, Joe Sakic e Martin St. Louis.

Troféu Vezina (melhor goleiro):
Martin Brodeur, Miikka Kiprusoff, Henrik Lundqvist e Roberto Luongo.

Humberto Fernandes sabia que os americanos eram estúpidos, mas não a nível executivo!

• Capa
• Editorial
• Como os Ducks estão dominando os Canucks
• Questão de sobrevivência
• Uma série para a história
• Rússia em busca da glória perdida
• Eles não viram, mas nós vimos!
• Detroit x San Jose: Shaks são melhores
• Os irmaõs "faz-tudo" da NHL
• Patinhos de borracha

Mike Stobe/Getty Images Henrik Lundqvist tem visto praticamente todos os discos do Buffalo Sabres. Mas o chute de Daniel Briere ele não viu — nem os juízes e os oficiais em Toronto. (01/05/2007)

Frank Franklin II/AP Apesar do bolsa-juiz, o New York Rangers mereceu o empate na série, empurrado por sua torcida no Madison Square Garden. (01/05/2007)

Tom Hanson/AP Cena comum nesses playoffs: Martin Brodeur desolado após sofrer gol. O time não ajuda, o treinador não ajuda, a torcida não ajuda... (02/05/2007)

Jonathan Hayward/AP Em Ottawa a torcida é só felicidade com seu goleiro Ray Emery e a atuação dos jogadores nas vitórias sobre o New Jersey Devils. (02/05/2007)

Jeff Vinnick/Getty Images Roberto Luongo tem se mostrado um herói, mas nem mesmo seus super poderes são capazes de parar o poderoso Anaheim Ducks. (01/05/2007)