Por: Eduardo Costa

Duas dezenas de equipes da NHL já deixaram em evidência o interesse. Paul Holmgren e Dave Nonis, gerentes gerais de Philadelphia Flyers e Vancouver Canucks, respectivamente, até viajaram ao Velho Continente para cortejá-lo. O Detroit Red Wings usou como relações públicas ninguém menos que Nicklas Lidstrom. Os Maple Leafs enviaram um DVD com os atrativos da cosmopolita Toronto.

Não há dúvidas que a corrida, cujo vencedor contará na próxima temporada com os serviços de Fabian Brunnström, já começou.

Mas quem, nesse mundo caótico, quente e mesquinho, é Fabian Brunnström?

Se o nobre leitor não sabe a resposta, não precisa iniciar uma seção de auto-fragelo por ineptidão. Por várias vezes os olheiros das equipes da Elitserien (divisão principal do hóquei sueco) e da Allsvenskan (segunda divisão) tampouco notaram o atacante.

Se passou despercebido aos olhares de seus compatriotas, com os observadores dos times da NHL a coisa não foi diferente. Por ter sido ignorado por turcos, gregos e troianos, Brunnström agora está mais livre do que político corrupto (pleonasmo?) em terra Brasilis.

Mas foi preciso muita força de vontade e trabalho para entrar no radar das grandes equipes da América e da Suécia.

Oh, o horror!
Há apenas dois anos, a quarta divisão era a realidade.

Na Suécia, quando um atleta sequer é considerado bom o suficiente para participar do TV-Pucken (um programa de base organizado pela federação local), é ato sábio considerar uma carreira diferente. Ciente disso, Brunnström passou a se dedicar, paralelamente, à música, em caso de um naufrágio completo no gelo — noto aqui certa semelhança com minha pessoa, já que ao mesmo tempo em que sou analista (?) desta publicação, também junto latas para sobreviver.

Entre tacos e guitarras, Brunnström iniciou sua carreira no Helsingborg, uma simplória equipe da 4.ª divisão do país nórdico. Se aquela equipe estava longe do profissionalismo desejado, pelo menos o sueco acabou dividindo o vestiário com Sergei Markov.

Inspiração russa
Obscuro, nível Suriname, Markov pelo menos possuía o DNA dos jogadores russos. Rápido, habilidoso e com grande controle do disco. Características que saltaram aos olhos de Brunnström. Mais do que um companheiro de time, Markov passou a ser uma inspiração. Logo a "imitação" começou a render mais do que o "original".

Mesmo assim as recusas continuaram. Entre elas a do Rogle, equipe quase vitalícia da segundona.

A dupla acabou se reencontrando no Jonstorps IF da 3.ª divisão, onde Brunnström se tornou um rato de rinque. Dois, três, às vezes quatro períodos de treinamento por dia. Certa vezo zelador lhe chamou e lhe deu cópias da chave da arena.

E todo este empenho acabou rendendo uma chance no Borås HC. Oportunidade dada e não desperdiçada. Seus 73 pontos em 41 jogos renderam dividendos superlativos, tanto à equipe, que acabou promovida à Allsvenskan, quanto ao atleta, que despertou, finalmente, a curiosidade de uma equipe da Elitserien.

E logo do Färjestads BK, uma das mais importantes e vitoriosas organizações de hóquei de todo o continente europeu. No período de treinamento para a atual temporada o atleta sobressaiu e ganhou seu lugar no grupo. Após um começo tímido, o jovem tomou a liga de assalto e hoje é um dos mais excitantes jogadores em ação no país, além de ser o segundo maior pontuador do time, com 33 pontos em 42 jogos — números respeitáveis para os padrões da Elitserien.

Tanto quanto sua produção é sua capacidade de improvisação e ótimo senso que despertam a cobiça geral. Aqui na redação pudemos conferir isso através dos jogos da liga sueca disponibilizados por torrentes, incluindo aí a estréia do jogador pela Seleção Sueca. O jogo em Västerås, preparatório para o já finalizado LG Hockey Games, contra a Eslováquia, acabou em derrota dos donos da casa, mas Brunnström mostrou personalidade para quem vestia pela primeira vez a camisa da seleção das três coroas.

Está certo que o ideal era enviar um correspondente a Västerås, para ver de perto todos esses predicativos e poder confirmar o que vimos à distância. Mas sequer temos verba para enviar um analista a Caxias do Sul, a fim de acompanhar um torneio de hóquei de rua...

Mas sabem quem tem capital para tanto? Sim, eles mesmos, os ignóbeis da The Hockey News! Eles foram lá e gostaram do que viram. E como se fosse pouco ainda falaram com o mitológico Hakan Loob, hoje gerente geral do Färjestads. Reproduzimos aqui palavras de sabedoria do Sr. Loob. Por favor, não contem para a alta cúpula da THN que roubamos material deles.

"Ele veio praticamente do nada," disse o ex-artilheiro do Calgary Flames. "Mentalmente, ele cresceu muito no último ano e tem potencial para se tornar ainda mais forte nesta área. Ele faz parecer como se já estivesse na Elitserien há algumas temporadas devido à forma como patina, move o disco e coisas do gênero."

Apesar dos elogios Hakan mostra-se preocupado com tanta repercussão e com a possibilidade do seu comandado já estar na América no próximo mês de setembro.

"Se eles (NHL) tratarem Brunnström da forma correta, acredito que ele terá um grande futuro por lá," disse Loob. "Mas se ele for 'jogado' na NHL de qualquer forma, ele pode acabar não realizando nada de válido".

Mas, pelo que parece, Loob já pode ir se despedindo de seu atleta. De acordo com o novo acordo coletivo, Brunnström é considerado agente livre irrestrito e, como já foi dito, já existem muitos times seguindo a sombra do que muitos consideram um dos três prospectos de ouro do velho continente no momento.

Com tanta gente querendo o sueco, ele pode se dar ao luxo de fazer sua lista de exigências e preferências:

- Nada de ligas menores para adaptação;
- Negociações iniciadas apenas com cinco times, de acordo com sua preferência;
- Vaga em uma das duas principais linhas;
- A máxima quantidade de Heinekens que um ser humano pode agüentar;
- Elisha Cuthbert.

Ok, excetuando as últimas duas, muito bacanas por sinal, as outras aparentemente são reais e vieram à tona através de seu agente.

E quais seriam as cinco equipes preferidas de Brunnström? TheSlot.com.br especula — nem tanto — e chega até elas.

Detroit Red Wings — Uma organização de sucesso dentro e fora do gelo e que possui um forte sotaque sueco. Não há, fora da Suécia, evidentemente, um time com maior contingente de jogadores daquele país do que a agremiação de Michigan. Nicklas Lidstrom, o mais ilustre dos sete compatriotas de Brunnström, chegou a falar com o jovem sobre o real interesse dos Wings em sua contratação. Fator negativo: conseguir uma vaga em uma das principais linhas dos Wings é uma tarefa árdua.

Toronto Maple Leafs — Assim como Detroit, Toronto tem tradição com jogadores suecos. Do passado podemos citar o defensor Börje Salming. Atualmente — até quando? — é Mats Sundin quem dá as cartas na maior cidade canadense. Tempo de gelo não parece ser problema, já que o elenco do time não é dos mais poderosos. Mas esse último fator também pesa contra. Ao contrário do concorrente vermelho, o azul está longe de ser considerado um sucesso no gelo — apesar de ter vencido o mais recente duelo entre eles.

Vancouver Canucks — Seria um belo complemento para os gêmeos Sedin, por isso Dave Nonis não vem poupando esforços para seduzir o jogador. Assim como Toronto, Vancouver também usa sua pluralidade cultural como arma de conquista. O que pesa contra os Canucks? O time parece bem distante de uma Copa Stanley.

Philadelphia Flyers — Assim como o GG dos Canucks, o dos Flyers, Paul Holmgren, foi pessoalmente conversar com Brunnström. Pesa contra o fato de atuarem em estilo deveras antagônico ao europeu.

Anaheim Ducks — Atuais campeões e novamente na corrida pelo título. Fontes suecas também colocam os Ducks no páreo. Assim como os Wings, o time da Califórnia possui mentes privilegiadas atuando nos bastidores, e elas estão bem interessadas no jogador.

Muito barulho em torno de um atleta que "apareceu" há menos de um ano? Pode ser, mas pelo que estamos vendo de Fabian Brunnström, podemos nos dar o direito de esperar que mais uma jóia européia brilhe nos gelos norte-americanos em um futuro bem próximo.

Youtube: Muy Bueno!
Youtube é um bom amigo, com ajuda dele separamos alguns vídeos onde podemos ver o sujeito principal desta coluna em ação. Pela madrugada, o cara é rápido:
Vídeo 1       Vídeo 2       Vídeo 3.

Eduardo Costa simpatiza (?) com o Djurgårdens IF na SEL.
Arquivo TheSlot.com.br
Vinte times da NHL de olho nele: belo leque de escolhas para o hábil e veloz Fabian Brunnström.
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Página publicada em 13 de fevereiro de 2008.