Por: Eduardo Costa

Trocar de time pela quinta vez em três temporadas não estava nos planos de Brad Stuart, embora ele, intimamente, esperasse por isso.

Só que dessa vez, foi uma mudança das mais agradáveis.

No dia-limite de trocas ele deixou o Los Angeles Kings, na época o time com pior aproveitamento na NHL, para aportar em um que estava no topo da tabela.

Poucos meses depois, enquanto Kopitar e cia praticavam atividades recreativas, Brad Stuart erguia a Copa Stanley no centro da Mellon Arena.

"É uma oportunidade excitante", ele afirmou quando os Kings o enviaram para Detroit em troca de duas escolhas no próximo recrutamento. "Você sempre começa a temporada com otimismo, mas nunca sucede", depois completa. "Tudo que desejava era ir para algum lugar com uma atmosfera vencedora. Ter impacto e conquistar coisas grandes, mas não foi o caso em LA."

Os Kings possuem talento jovem em boa quantidade para ser uma equipe forte mais para a frente e esse plano de reconstrução não incluía Stuart, apesar dele não se enquadrar na categoria "veteranos".

"Conversamos sobre uma extensão contratual, mas não avançou. Eles estão olhando mais para um futuro mais distante do que eu visualizava."

Em Detroit Stuart virou parte do presente e conheceu uma atmosfera vencedora rara de se encontrar nesse universo que habitamos. Se ele queria um time com reais chances de brigar pela Copa e os Wings buscavam um defensor físico e de bons recursos técnicos para formar um quarteto inigualável dentro da atual NHL, junto a Nicklas Lidström, Niklas Kronwall e Brian Rafalski, ambas as partes triunfaram em seus anseios.

Stuart chegou em um momento em que a linha azul do time de Michigan vivia uma maré de azar impressionante, com desfalques novos a cada semana. Holland temeu que a sequência de contusões se arrastasse pós-temporada adentro. Como nos playoffs de 2007, quando perderam peças chaves pouco antes, e durante os playoffs.

Ao contrário do penúltimo dia-limite de trocas, dessa vez Holland não cometeu exageros. Em 2007 a organização mandou o ótimo prospecto Shawn Matthias para o Florida Panthers em troca do intragável Todd Bertuzzi. Mesmo se Stuart não permanecer na organização, terá custado duas escolhas, e nenhuma delas de 1.ª rodada — embora isso não faça diferença para Detroit.

O retorno com a chegada de Stuart já foi pago com sobras. Apenas Henrik Zetterberg e Kronwall tiveram um +/- superior na pós-temporada, com +16 e +15. O ex-Kings esteve no gelo durante a maior parte dos gols marcados pelo time, quando esse não estava em situação de vantagem numérica.

A sociedade com Kronwall foi uma das grandes sacadas de Babcock. Funcionou perfeitamente. Além de serem excelentes no confronto físico, sempre que a oportunidade surgia um dois subia ao ataque e acabava contribuindo.

Kronwall ficou entre os dez maiores artilheiros dos playoffs e Stuart conseguiu até mesmo uma sequência de cinco partidas pontuando. Ela durou do jogo 6 contra o Dallas Stars até o jogo 4 contra os Penguins.

Brad esteve no gelo nos três gols dos Wings no jogo 2, inclusive marcando o tento inicial, que acabou sendo o da vitória. Mas a contribuição mais importante foi a do jogo 4, quando os Red Wings quebraram a longa invencibilidade do Pittsburgh na Mellon Arena. Por duas vezes ele evitou que o disco saísse da zona defensiva dos Penguins. Seu esforço acabou gerando o gol vitorioso de Jiri Hudler. Isso acabou aliviando a falha cometida no jogo anterior, quando errou um passe que acabou gerando um importante gol para os Pens.

Já no jogo 6 ele elegeu Sidney Crosby com vítima. O fênomeno canadense chegou a encurtar um turno, indo cambaleante pro banco, após um tranco poderoso do defensor.

Entre os fatores para a boa produção do linha azul, estava a divisão de tarefas. "Como cada um tem sua função, você busca fazer o que lhe foi pedido, sem tentar ir muito além disso." Nos Sharks, equipe que o recrutou com uma escolha alta, existia a pressão para que ele fosse um defensor mais colaborador ofensivamente. Como ele não se enquadra fielmente nesse rótulo, ele acabou sendo considerado um desperdício em San Jose.

Em Detroit todos aprovaram o que Stuart trouxe para o grupo. Entre eles Mister Norris: "Podemos colocá-lo contra a mais poderosa linha do adversário, ele tem a presença física que tanto precisávamos para fazer esse trabalho."

Com a felicidade típica de quem acabou de conquistar a Copa Stanley, Stuart deixa claro que teve muita estrela pela mudança de ares e que está grato pela oportunidade dada pelos Red Wings.

A torcida, no entanto, espera que essa gratidão se tranforme em desconto.

Ele se tornará um agente livre irrestrito em 1.º de julho e poderá escolher o seu destino. Após a breve estadia com os Wings, boas propostas não vão faltar para o linha azul, que recebeu US$ 3,5 milhões nessa temporada.

Após tantas trocas de camisa, existe a chance de ele continuar em Detroit. A equipe, para infelicidade dos outros 29 times da liga, possui uma boa folga no teto salarial, que poderá ser aliviado ainda mais se Dominik Hasek tomar a correta atitude de se aposentar e a diretiva mandar Andreas Lilja pastar.

Mike Babcock já deixou claro que espera uma decisão correta de Stuart. Um pedido não acima de US$ 4 milhões poderá significar a manutenção do atleta em HockeyTown. Muitos já aceitaram receber menos do que faturariam em outros time para permanecer na organização. E é esperado que o defensor faça o mesmo.

Porém, existem rumores que a esposa de Stuart não pode deixar o estado da Califórnia, sob o risco de perder a custódia dos filhos de um matrimônio anterior. O que significaria um retorno ao estado por parte do jogador.

Até que ponto isso é verdade ainda não sabemos, mas se a decisão for apenas baseada pelo que pode conseguir dentro de um rinque de hóquei, basta Stuart lembrar do que aconteceu há menos de uma semana para tomar a melhor decisão possível.

Eduardo Costa parabeniza o editor-chefe Alexandre Giesbrecht pelas belíssimas capas de TheSlot.com.br.
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Página publicada em 8 de junho de 2008.