Por: Bob Smizik

Não há embalo no hóquei. E nada de Copa Stanley para os Penguins.

O embalo do mágico jogo 5 apareceu muito tarde no jogo de quarta-feira, na Mellon Arena. O esperado ímpeto da vitória em três prorrogações duas noites antes foi engolido pela superioridade do Detroit tanto quanto por qualquer coisa que os Penguins tenham feito errado.

O Detroit marcou os dois primeiros gols do jogo, que venceu por 3-2, e levou a série melhor-de-sete em seis jogos.

Condizente com a bravura dos Penguins, o desfecho do jogo esteve em dúvida até os segundos finais. Marián Hossa pegou um rebote com o relógio se aproximando do zero e, com uma mão, mandou o disco pela boca do gol. Infelizmente para os Penguins, Hossa estava quase sem ângulo e não pôde fazer mais do que direcionar o disco em linha reta. Devagar e zombeteiro, o disco vagou paralelo à linha de gol enquanto o tempo se esgotava.

Os Penguins jogaram bem. Este jogo não foi uma repetição dos dois primeiros, quando os Red Wings venceram por shutout. Mas o que ficou claro, o que estes seis jogos provaram, é que os Red Wings levaram vantagem sobre os Penguins em quase todas as categorias. Ninguém gosta de ouvir isto, mas o melhor time ganhou a Copa Stanley.

Isso nunca foi mais evidente do que no meio do primeiro período, quando so Red Wings tiveram os Penguins onde queriam: com dois patinadores a mais por um minuto e 33 segundos. Com dois jogadores dos Red Wings no banco de penalidades e um talento de primeira linha como Sidney Crosby, Evgeni Malkin, Sergei Gonchar, Ryan Malone e Hossa no gelo por boa parte desses 93 segundos, os Penguins deveriam ter marcado. Não marcaram.

Foi um golpe duro, tanto quanto no terceiro período do jogo 4, quando os Penguins tiveram outra vantagem de cinco-contra-três por 1:26 e não marcaram.

O gol de Max Talbot, a 35 segundos do fim do tempo normal no jogo 5, será lembrado como o ponto alto desta série para os Penguins. O ponto mais baixo será o fracasso do time em tirar vantagem de vantagens numéricas de dois homens. Pela necessidade de um gol em vantagem numérica, os Penguins vacilaram e perderam.

Mas esta não é hora de dissecar a estratégia da vantagem numérica. Nem de reclamar nem de ser amargo.

Os Penguins são um time em ascensão. Eles chegaram aos playoffs na temporada passada depois de terminar no último lugar de sua divisão por quatro temporadas seguidas. Por outro lado, os Red Wings são um dos gigantes da NHL. Eles marcaram mais de cem pontos em cada uma das cinco últimas temporadas e lideraram a liga em quatro desses cinco anos.

A diferença de talento entre os times foi mínima. A experiência fez a diferença. As jovens pernas dos Penguins não puderam superar a experiência dos Red Wings.

Defensivamente, os Penguins simplesmente não têm na frente do goleiro Marc-André Fleury os jogadores que o Detroit tinha à frente de Chris Osgood.

"Uma das coisas que falamos que tínhamos de fazer era anular o ataque deles", contou o capitão do Detroit, Nicklas Lidström. "Sabíamos que tínhamos de limitar as chances de gol deles, especialmente das duas primeiras linhas."

O fato de os Penguins terem marcado dez gol nos seis jogos é prova do sucesso dessa tática.

Os Red Wings também não foram fracos no ataque. Apesar de todo o brilho das jovens superestrelas dos Penguins, o melhor jogador no gelo ao longo da série — e o ganhador do Troféu Conn Smythe — foi Henrik Zetterberg, dos Red Wings, que alcançou um nível excepcional dos dois lados do gelo e marcou um gol e uma assistência na quarta-feira. Zetterberg e Crosby empataram na artilharia dos playoffs, com 27 pontos.

Tradicionalmente, quando o time da casa perde um jogo decisivo — especialmente em Pittsburgh — um dilúvio de dedos aponta para todos os lados. Não deveria haver nada disso para este time. Não há motivo para jogadores ou treinadores baixarem a cabeça e absolutamente nenhum motivo para ninguém culpar ninguém. Às vezes, o motivo para uma derrota é tão simples como a superioridade adversária. Esse foi o caso nesta série.

"Não tenho palavras", lamentou o técnico Michel Therrien. "É duro. Estávamos perto. É muito duro, porque este grupo deu tudo o que podia. Eles merecem muito respeito."

Os Penguins fizeram o que se poderia esperar deles nesta temporada. Eles superaram uma adversidade gigantesca na temporada regular — contusões longas de Crosby e Fleury — e ganharam sua divisão, terminando em segundo na Conferência Leste. Eles passaram facilmente pelas três primeiras fases, claramente demonstrando que eram os melhores no Leste.

Com o Detroit foi diferente.

"Achei que aprendemos rápido, porque depois do jogo 3 começamos a jogar nosso jogo", disse Therrien. "Foram jogos apertados, que poderiam ser vencidos por qualquer um dos times. [Na quarta-feira], foi a mesma coisa."

Poderia, mas não foi. Foi um fim decepcionante para uma temporada excepcionalmente bem-sucedida.

Bob Smizik é jornalista do jornal Pittsburgh Post-Gazette. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 8 de junho de 2008.