Por: Fabiano Pereira

New Jersey Devils
2007-08: 46-29-7 (4.° no Leste, eliminado na primeira fase pelos Rangers). Quem chegou: P Brian Rolston, C Bobby Holik. Quem saiu: D Vitaly Vishnevski.

Chega de apostar contra os Devils. Toda temporada eu falo mal deles, digo que não vão a lugar algum e, de repente, lá estão eles em primeiro ou segundo. Sem Patrick Elias jogando bem, sem ninguém pontuando muito, sem um goleiro reserva decente. E daí? Eles têm Martin Brodeur no gol e uma defesa chatíssima, apesar de não contar com nomes de destaque. Foram-se os Stevens, Nidermayers e Rafalskis, sobraram Colin White, Paul Martin, Johnny Oduya, Mike Mottau. Ouvi falar, porém, que os Devils devem dar um descanso maior para seu supergoleiro. Isso eu quero ver. Na hora em que Kevin Weekes começar a mostrar seu jogo, o time deve voltar a sobrecarregar seu titular. Não acho que o ataque deva ser diferente da última temporada. O time vai continuar a depender da habilidade de Zach Parise, o grande destaque da equipe, e de vários jogadores que conseguem marcar de 10 a 30 gols, como Brian Gionta, John Madden, Danius Zubrus, Jamie Langenbrunner, Jay Pandolfo e Travis Zajac. De longe eles têm a melhor linha defensiva da liga em Madden e Pandolfo. Basta colocar alguém ali para substituir Sergei Brylin, e está tudo resolvido. As adições de Bobby Holik e do ótimo (e desvalorizado) Brian Rolston têm o intuito de melhorar o ataque. Mas, convenhamos, Holik está longe de ser aquele jogador que parava o adversário e ainda marcava seus 25 gols. Talvez jogando na terceira linha ele volte a ser um fator surpresa. Rolston é o típico central de segunda linha que marca 30 gols, mas ninguém dá atenção. Com um forte chute da linha azul e bom na defesa, deve dar nova dimensão à vantagem numérica — o defensor que mais pontuou no time, o bom Martin, acumulou apenas 32 pontos. Esperem vê-los na pós-temporada novamente, para desespero de quem continua a apostar contra.

New York Islanders
2007-08: 35-38-9 (13.° no Leste, não foi aos playoffs). Quem chegou: C Doug Weight, D Mark Streit. Quem saiu: G Wade Dubielewicz, P Miroslav Satan, C Josef Vasicek, P Ruslan Fedotenko, D Bryan Berard.

E em mais um capítulo do que é a ingerência em Long Island, Ted Nolan, o tirador de leite de pedra, foi demitido. Achei que a saída de Mike Milbury fosse adiantar alguma coisa, mas parece que Garth Snow consegue ser ainda pior, mas sem as tiradas clássicas do atual comentarista do Hockey Night In Canada. Rick DiPietro tem potencial, mas tem muitas contusões também. Se continuar assim, 15 anos de contrato parecem ser demais para quem parece não agüentar nem o curto prazo. Scott Gordon, o novo técnico, mesmo sendo o melhor do ano na AHL, vai ter muito trabalho. Mark Streit chegou, como tentativa de turbinar a equipe de vantagem numérica, mas uma coisa é jogar nos Habs, com a melhor vantagem numérica da liga; outra é jogar nos Isles, que ainda não perceberam que em Montreal não é o defensor que faz o esquema, mas o esquema que faz o jogador. Sheldon Souray é o grande exemplo disso. Por fim, ressuscitar Doug Weight, colocando-o como central de Bill Guerin, poderia funcionar dez anos atrás, mas os dois estão longe do que já foram um dia. Com as saídas de Miroslav Satan, que não jogava nada fazia tempo, e dos gols decisivos de Ruslan Fedotenko, não sobra muito. Mike Comrie? Mike Sillinger? Ao menos Kyle Okposo, com seus promissores cinco pontos em nove jogos, finalmente vai se juntar ao núcleo jovem da equipe. Ao menos Milbury não está mais por perto. Ele acharia um jeito de trocar Okposo por algum Oleg Kvasha da vida. Por isso, não tenho medo de atestar: serão ainda muitas temporadas de sofrimento na Ilha Comprida.

New York Rangers
2007-08: 42-27-13 (5.° no Leste, eliminado na segunda fase pelos Penguins). Quem chegou: C Aaron Voros, P Patrick Rissmiller, D Wade Redden, P Markus Naslund, D Dmitri Kalinin, P Nikolai Zherdev, C Dan Fritsche. Quem saiu: D Fedor Tyutin, D Christian Backman, P Ryan Hollweg, P Jaromir Jagr, C Sean Avery, P Brendan Shanahan, C Martin Straka.

Fossem cinco temporada atrás, as chegadas de Markus Naslund e Wade Redden seriam fantásticas para os Rangers. Mas, pelo que vimos deles em 2007-08, os Rangers que se preparem. A equipe de Nova York cansou-se da "República Tcheca" que foi instaurada no Madison Square Garden. Com as saídas de Jaromir Jagr e Martin Straka, os Rangers dão força a Chris Drury, que deverá ser o novo capitão, e principalmente Scott Gomez, que nunca se entrosara com Jagr. A chegada de Nikolai Zherdev dá uma nova dimensão ao ataque, mas sabemos que, além do potencial, ele traz muita incerteza. Abrir mão de dois bons defensores como Fedor Tyutin e Christian Backman por ele e Dan Fritsche não pareceu a melhor opção, ainda que este possa vir surpreender na quarta linha. Os Rangers ainda trouxeram o bom defensor Dmitri Kalinin dos Sabres, talvez até prevendo a perda do ainda melhor Tyutin, que deixa a equipe sem ninguém na linha azul para fazer o trabalho sujo. Porém, considero que o grande potencial dos Rangers é contar com ótimos jogadores de sua equipe menor, o Harford Wolf Pack. Isso significa que jogadores como Lauri Korpikoski, Artem Anisimov, Pierre Parenteau e Bobby Sanguinetti juntam-se aos talentosos Ryan Callahan, Daniel Girardi, Hugh Jessiman, Nigel Dawes e o futuro capitão da equipe, Brandon Dubinsky. Inicialmente achei que a equipe havia piorado com tantas saídas e a possibilidade da volta de Petr Nedved (sem contar a vaga na ponta esquerda que Brendan Shanahan tomaria), mas acredito que haja motivos para a torcida sorrir. Afinal, no gol está um dos melhores e menos apreciados goleiros da liga, Henrik Lundqvist.

Philadelphia Flyers
2007-08: 42-29-11 (6.° no Leste, eliminado nas finais de conferência pelos Penguins). Quem chegou: C Glen Metropolit, D Ossi Vaananen, P Arron Asham, G Jean-Sebastien Aubin. Quem saiu: D Denis Gauthier, P R. J. Umberger, C Vaclav Prospal, D Jaroslav Modry, D Jason Smith, C Jim Dowd.

O núcleo jovem e a rápida mudança orquestrada pela gerência fizeram os Flyers tornar-se uma potência no Leste. Mike Richards talvez seja o melhor jogador ofensivo e defensivo da liga, além de um líder nato. Não por acaso, o agora capitão foi um dos jogadores que tiveram o contrato renovado por anos a perder de vista, como quase todas as jovens estrelas da liga. Além dele, Jeff Carter, Danny Brière, Joffrey Lupul, Scott Hartnell e Scottie Upshall compõem este novo time sem veteranos caros como Eric Lindros, Jeremy Roenick ou Keith Primeau. Somando a base jovem ao esforçado Mike Knuble e a Simon Gagné, que, apesar de relativamente jovem, tem a durabilidade questionada, o time está preparado para rivalizar com os Penguins. A defesa, apesar da perda de Jason Smith, conta com Ossi Vaananen (talvez um dos nomes mais legais de se pronunciar na NHL), Steve Eminger, Braydon Coburn, Randy Jones e o sempre desvalorizado Kimmo Timonen, para mim um dos melhores da liga no quesito defensor-às-vezes-ponta-esquerda-quase-sempre. Só fico na dúvida se Derian Hatcher ainda tem algum espaço na assim chamada "Nova NHL", em que velocidade é fundamental. E, bem, Hatcher está para velocidade tanto quanto o Fiat 147 do Cláudio (perguntem diretamente ao nosso colunista). Hatcher já foi temido na liga, mas, ao contrário do também poste Hal Gill, dos Pens, não consegue mais acompanhar ninguém. Por fim, finalmente os Flyers encontraram alguém para jogar no gol: Martin Biron, após anos tentando com Ron Hextall (sou fã dele), John Vanbiesbrouck (não jogou nada depois que deixou os Panthers), Garth Snow, Brian Boucher e o fantástico Roman Cechmanek.

Pittsburgh Penguins
2007-08: 47-27-8 (2.° no Leste, perdeu a final da Copa Stanley para os Red Wings). Quem chegou: P Matt Cooke, P Miroslav Satan, P Ruslan Fedotenko, P Eric Godard. Quem saiu: P Gary Roberts, G Ty Conklin, P Marian Hossa, P Jarkko Ruutu, P Adam Hall, P Georges Laraque, P Ryan Malone.

Os atuais vice-campeões perderam Marian Hossa, mas e daí? Eles ainda contam com Sidney Crosby e Evgeni Malkin — apesar de rumores bizarros sobre Malkin ter perdido seu visto de trabalho e não poder jogar esta temporada. Com a chegada de Miroslav Satan e Ruslan Fedotenko, além de Petr Sykora e a possível promoção de Jordan Staal para jogar de ponta na linha de Malkin, de repente os Pens têm duas linhas com alto poder de fogo. Não adianta, não existem mais aqueles jogadores que conseguem transformar os outros em pontuadores prolíficos, à Mario Lemieux (Warren Young, alguém?), por isso cada vez mais as equipes precisam povoar suas principais linhas com jogadores de talento. Na teoria, é tudo ótimo. Cheguei a ler na temporada passada uma previsão em que um analista dizia: "Primeiro jogador a atingir 30 gols: Petr Sykora." Aí vai de cada um. Prefiro apenas dizer que, mesmo com as mudanças, o ataque tem tudo para continuar dominante. Sai o cão de guarda Georges Laraque, chega a peste Matt Cooke. Com as perdas de Sergei Gonchar e Ryan Whitney por contusão, os defensores Brooks Orpik e Hal Gill terão que liderar um grupo nada especial na linha azul. Os Penguins perdem em habilidade, mas ainda dominam o jogo físico. Pena apenas para Gill, que perdeu sua função. Como ele era conhecido como "Anulador de Jagr" e o tcheco vai jogar na Rússia, ele vai precisar aprender a anular outrém. Mesmo com a emergência do goleiro Marc-André Fleury, a disputa na Divisão do Atlântico parece estar mais aberta após as baixas dos Penguins.

Fabiano Pereira é colunista de TheSlot.com.br.
Número 203
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Página publicada em 8 de outubro de 2008.