Por: Thiago Leal

Jogo das Estrelas é uma coisa complicada e não é a primeira vez que dizemos isso. O evento promove integração entre atletas, diverte os torcedores que comparecem à arena, que trocam cartas, que assistem às exibições de habilidades, mas geram grande desinteresse por quem não está in loco. Tanto é que não damos muito cartaz a esse acontecimento.

A Major League Baseball arrumou uma fórmula de tornar o Jogo das Estrelas mais disputado e interessante: seu resultado influencia diretamente na Série Mundial. No caso, a Liga vencedora do Jogo das Estrelas de beisebol terá seu time como mandante de campo da grande final do campeonato. Logo, após a exibição e competição de home runs — equivalente à nossa competição de habilidades, resta, na partida em si, algo a ser disputado.

O formato não funcionaria na NHL. Por quê? Simples. A MLB é dividida em duas Ligas (e não em duas Conferências, como a NHL). A Liga Americana e a Liga Nacional. E, diferentemente das Conferências Leste e Oeste na NHL, cujas equipes se enfrentam constantemente, os times de ligas distintas na MLB praticamente não jogam entre si. As poucas partidas realizadas entre franquias das duas ligas acontece no curto período chamado Interligas, totalizando em certa de 15, 16 jogos no máximo. Também tem o fato de que as Ligas têm números de times diferentes: 14 na Americana, 16 na Nacional. Obviamente, não há como determinar a "melhor campanha da MLB" para ter mando de campo na Série Mundial. Por isso a fórmula do Jogo das Estrelas na MLB é, mais que oportunista, necessária.

Mas na NHL o formato permite que analisemos, entre as franquias finalistas da Copa Stanley, aquela que tenha melhor campanha na temporada regular. Claro, há controvérsias, resalvas, há um certo desequilíbrio entre Divisões — como comparar, por exemplo, Sudeste e Central? Mas de qualquer forma, a melhor campanha acaba tendo, realmente, um peso de destaque.

Isso faz com que nosso Jogo das Estrelas seja apenas uma festa, como tem que ser. No final das contas, quem gosta da brincadeira, que aproveite. Quem não gosta... evite. Para o grande evento Jogo das Estrelas temos a Competição de Habilidades, o Jogo das Jovens Estrelas, disputado entre calouros e segundo-anistas, e o Jogo das Estrelas em si.

Para a Competição de Habilidades, disputa-se Patinador Mais Rápido; Chute Mais Forte; Melhor Pontaria; e Desafio Um-contra-Um, onde um patinador desafia um goleiro na tentativa de marcar o gol — vence o patinador que mais marcar gols ou o goleiro que mais evitá-los. Até a temporada passada disputava-se Controle de Disco. Andrew Cogliano venceu o Patinador Mais Rápido. Zdeno Chara garantiu seu tricampeonato de Chute Mais Forte. Evgeni Malkin levou a Pontaria. Alexander Ovechkin venceu o Um-contra-Um e no Desafio de Penalidades, Shane Doan foi o campeão.

O jogo das Jovens Estrelas teve os seguinte times:

Calouros
Goleiro — Pekka Rinne (Nashville Predatores).
Defensores — Drew Doughty (Los Angeles Kings); Luke Schenn (Toronto Maple Leafs).
Atacantes — Patrik Berglund (St. Louis Blues); Mikkel Boedker (Phoenix Coyotes); Michael Frolik (Florida Panthers); James Neal (Dallas Stars); Steven Stamkos (Tampa Bay Lightning); Kris Versteeg (Chicago Blackhawks); Blake Wheeler (Boston Bruins).
Técnico — Luc Robitaille.

Segundo-anistas
Goleiro — Carey Price (Montreal Canadiens)
Defensores — Kris Letang (Pittsburgh Penguins); Marc Staal (New York Rangers).
Atacantes — Andrew Cogliano (Edmonton Oilers); Brandon Dubinsky (New York Rangers); Bryan Little (Atlanta Thrashers); David Perron (St. Louis Blues); Mason Raymond (Vancouver Canucks); Devin Setoguchi (San Jose Sharks).
Técnico — Pete Mahovlich.

Os Calouros venceram por 9-5, com destaque para Wheeler, que marcou quatro gols e uma assistência.

Agora vamos ao que interessa (ou não): as Estrelas Maiores, ou seja, o Jogo das Estrelas de fato, dividido entre time da Conferência Leste, treinado por Claude Julien do Boston Bruins com Guy Carbonneau do Montreal Canadiens como Assistente, e time da Conferência Oeste, treinado por Todd McLellan do San Jose Sharks e Mike Babcock do Detroit Red Wings.

Conferência Leste
Goleiros — Carey Price* (Montreal Canadiens); Henrik Lundqvist (New York Rangers); Tim Thomas (Boston Bruins).
Defensores — Mike Komisarek* (Montreal Canadiens); Andrei Markov* (Montreal Canadiens); Jay Bouwmeester (Florida Panthers); Zdeno Chara (Boston Bruins); Tomas Kaberle (Toronto Maple Leafs); Mark Streit (New York Islanders).
Atacantes — Alexei Kovalev*, C (Montreal Canadiens); Vicent Lecavalier (Tampa Bay Lightning); Evgeni Malkin (Pittsburgh Penguins); Jeff Carter (Philadelphia Flyers); Dany Heatley (Ottawa Senators); Ilya Kovalchuk (Atlanta Thrashers); Alexander Ovechkin (Washington Capitals); Zach Parise (New Jersey Devils); Marc Savard (Boston Bruins); Martin St. Louis (Tampa Bay Lightning); Eric Staal (Carolina Hurricanes); Thomas Vanek (Buffalo Sabres).

Conferência Oeste
Goleiros — Jean-Sebastien Giguere* (Anaheim Ducks); Niklas Backstrom (Minnesota Wild); Roberto Luongo (Vancouver Canucks).
Defensores — Brian Campbell* (Chicago Blackhawks); Scott Niedermayer* (Anaheim Ducks); Dan Boyle (San Jose Sharks); Stephane Robidas (Dallas Stars); Sheldon Souray (Edmonton Oilers); Shea Weber (Nashville Predators).
Atacantes — Dustin Brown (Los Angeles Kings); Shane Doan (Phoenix Coyotes); Milan Hejduk (Colorado Avalanche); Jarome Iginla (Calgary Flames); Patrick Marleau (San Jose Sharks); Mike Modano (Dallas Stars); Joe Thornton, C (San Jose Sharks); Keith Tkachuk (St. Louis Blues).


O jogo, naturalmente menos pegado e disputado que as partidas normais de temporada regular (de pós-temporada então nem se fala), começou com gol do Oeste por Tkachuk. E em seqüência veio um massacre por parte do Leste: Ovechkin, Staal, Kovalev e Markov marcaram. Marleau diminuiu e a primeira etapa fechou em 4-2 para o Leste.

A diferença aumentou no segundo período — o melhor do jogo. St. Louis e Parise levaram o jogo para 6-2. Suray e Boyle diminuíram para 6-4. Malkin ampliou a vantagem novamente. Nash, Hedjuk e Souray empataram a partida. Kovalev devolveu a liderança ao Leste mas Iginla voltou a empatar.

O terceiro e último período viu a virada do Oeste por Doan, e uma grande alternância de placar. Heatley empatou. Toews pôs o Oeste na frente e foi a vez de St. Louis buscar o empate. Kane marcou o 11º gol do Oeste e, com Bouwmeester, o Leste levou o jogo para uma prorrogação sem gols.

Vincent Lecavalier e Shane Doan perderam pênaltis. Kovalev marcou o primeiro na disputa; Nash foi mais um a perder e Ovechkin marcou o gol vencedor do Leste. Foi a segunda vez na história que o Jogo das Estrelas foi decidido nos pênaltis. Kovalev ficou com o título de Jogador Mais Valioso da partida.

E foi só. Não há muito o que se dizer sobre uma partida festiva onde a integração é mais importante que o resultado. Por um lado, podemos ver habilidades sem a interferência de trancos e jogadas violentas, o que é divertido. Por outro, qual a graça em ver um jogo onde ninguém está muito preocupado em ganhar ou perder? Talvez quem goste de ver alguns craques de franquias diferentes jogando num mesmo time. Não dá pra dizer que esse Jogo das Estrelas teve o mesmo impacto que o Jogo das Estrelas da KHL, uma vez que este foi ao ar livre. Mas, entre fãs de hóquei, você sempre encontra quem tem motivos para curtir a festa: ter mais jogadores do que o time rival de divisão; uma pequena rivalidade entre conferências; um show daquele jogador que você gosta...

Jogo das Estrelas é isso. Um momento de diversão num esporte que só ganha divulgação em massa quando acontece algo de violento. Não tem porque achar ruim ou bom. Cabe a quem gosta aproveitar.

O evento só retorna daqui a duas temporadas — em 2010 temos Jogos Olímpicos. Que, cá entre nós, é um pouco mais interessante.

Thiago Leal gosta de filmes cult e recomenda Gummo de Harmony Korine e Kids de Larry Clark.
AP
Roberto Luongo e Tim Thomas se cumprimentam: a tal da integração entre os jogadores.
(25/01/2009)

Richard Wolowicz/Getty Images
Alexander Ovechkin marca o gol-vencedor para o Leste, nos pênaltis.
(25/01/2009)

Phillip MacCallum/Getty Images
Simple Plan fez o show do evento: só isso já é motivo suficiente... para NÃO se assistir ao jogo.
(25/01/2009)
Dave Sandford/Getty Images
Alex Kovalev não tem grana para comprar um carro. Mas o MVP resolveu seu problema...
(25/01/2009)
Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Contato
© 2002-08 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 28 de janeiro de 2009.