Por: Charlie Gillis

Um jovem morre no gelo. Um pai espera por mudanças. Por que a NHL não está ouvindo?

"Você nunca vai se livrar disso totalmente."

Michael Sanderson proferiu estas palavras para praticamente qualquer pessoa que iria ouvir, no dia seguinte da morte do seu filho Donald. E em uma nação sentindo uma quantidade não pequena de culpa devido a uma perda sem sentido, elas foram recebidas como a absolvição. Nas profundezas do seu desgosto, este homem realmente conseguiu, disseram os auto intitulados puristas.

Ele jogou o esporte. Ele sabe que brigar faz parte do mesmo esporte. Ele não usará a morte do seu filho de apenas 21 anos de idade, universalmente de longe o melhor filho que você poderia conhecer, como um púlpito para levá-lo contra aquilo que divide o jogo. "Outras pessoas não entenderão isso," disse Don Cherry à sua audiência de costa a costa no Canadá após comparecer ao funeral do jovem em Port Perry, Ontário, Canadá. "Mas Mike é um cara do hóquei".

Mas ainda sobre este assunto, mais do que sobre qualquer outro, nós canadenses não prestamos muita atenção. Ou nós ouvimos apenas o que nos interessa. Portanto, se você tem reunido informações sobre essa controvérsia do Coach's Corner, talvez você se surpreenda com o fato de que Michael Sanderson adoraria ver as brigas definitivamente banidas do esporte. Talvez você fique até chocado em saber que ele apóia medidas destinadas a eliminar essa prática. Ejeção automática? Determinar que os jogadores deveriam manter seus capacetes e visores durante uma briga? "Ótimo. Quem sabe eles sabendo que vão bater em plástico duro com suas próprias mãos eles não resolvam, eventualmente, deixar de brigar".

Em relação à parte de "nunca se livrar disso", bem, os que advogam em favor das brigas parecem não ter entendido nada da mensagem de Sanderson. Faz parte do seu argumento que eliminar jogadores de partidas e multá-los por participar de brigas durante os jogos acabaria limitando as brigas a eventos muito casuais, a verdadeiros incidentes, e que poderiam então ser severamente punidos. Ele cita como exemplos o futebol americano, beisebol e basquetebol como esportes em que as regras de eliminação automática fizeram com que as brigas se tornassem "malditamente ridículas". "Eles têm uma briga de vez em quando," ele diz. "Eu quero dizer, isso vai acontecer. Mas a maioria dos caras não se preocupa com isso". Ah, e mais uma coisa, ele não é amigo de Don Cherry, por quem ele declara ter "restrições". "Ele disse que nós nos sentamos no funeral do meu filho como se fôssemos amigos. Bem, eu diria que não foi isso que aconteceu", disse Sanderson.

Não são companheiros, nem colegas de viagem, nem muito menos amigos lutando juntos na retarguarda de uma ação contra o sofrimento. Para dizer a verdade, Michael Sanderson compartilha da visão de uma crescente parcela de canadenses que sentiram o chão sumir após 2 de janeiro, quando ocorre a morte de Donald Sanderson causada pelo impacto de sua cabeça no gelo depois que o seu capacete caiu da cabeça durante uma briga. Ele jogava por diversão com um time de nível sênior em Whitby, Ontário, na folga de suas aulas na Universidade de York. Mas para qualquer um que tenha discutido hóquei mesmo que de forma superficial, isso sempre foi um temor que acabou se tornando realidade. Algum dia alguém vai acabar morrendo nisso, nós tínhamos alertados a nós mesmos. E agora que alguém realmente morreu, pareceu hipócrita simplesmente não agir. Nos dias seguintes à morte de Sanderson, 60% das pessoas que responderam a uma pesquisa da Leger/Sun Media disseram ser a favor de banir as brigas de todo o hóquei amador. A Liga de Hóquei de Ontário, a principal liga júnior da província, no entanto, proibiu seus jogadores de retirar o capacete durante uma briga.

Quando a discussão chegou à NHL — o último e mais influente bastião a manter as brigas vivas durante os jogos —, ela foi contra a velha imobilidade da liga. É certo que algumas mentes mais progressistas perguntaram em voz alta se já não seria tempo da liga discutir o assunto — Colin Campbell, diretor de operações de hóquei da NHL prometeu levantar o assunto no próximo mês, durante a reunião dos gerentes gerais; Ken Holland, gerente geral do Detroit Red Wings, aplaudiu a decisão. Mas, em geral, os colegas de Holland se mantiveram firmes. Apenas dois dos 18 entrevistados pela TSN apóiam medidas mais duras contra os brigões, enquanto a resposta da liga em geral à proposta de Campbell pode ser resumida na opinião de Brian Burke do Toronto Maple Leafs: "Eu acho que vai ser uma discussão muito curta. Eu não sou a favor dela [a proposta de Campbell]," disse Burke.

A importância dessa resistência é óbvia. Mais do que meros profissionais exercendo a liberdade de se engajarem em brigas ocasionais, os jogadores da NHL são jovens balizas quando o jogo começa. Mas ao invés de mudar, os jogadores, seus patrões e a mídia esportiva têm girado em torno de argumentos duvidosos para manter o "status quo". Brigar protege os jogadores talentosos de jogadas desleais, segundo eles. Serve como válvula de escape para as emoções. Os fãs adoram, e por aí vai. Existe uma variedade de razões para questionar essas idéias — começando pela simples noção de que brigar é a maneira errada para resolver nossas diferenças. Mas assim como os verdadeiros sentimentos de Michael Sanderson, essas razões acabam se afogando em um tumulto patriótico. Chegou a hora de gritar um pouco mais alto.

É difícil discordar que brigar faz parte do DNA do hóquei. Se diz que o primeiro jogo disputado em um ambiente fechado e sob regras definidas acabou em uma briga enorme, quando jogadores na Universidade de McGill em Montreal acabaram aos tapas com membros de um clube de patinação que queria utilizar o gelo. Isso foi em 1875, e vários incidentes se seguiram desde então com relatos de brigas e tacadas em Toronto.

As racionalizações vieram depois — mais notavelmente a idéia de que um esporte de contato físico a tamanha velocidade precisava de brigas como uma porta de saída para a raiva e a fúria. "Nada relaxa os garotos como uma boa briga," disse Francis "O Rei" Clancy, o lendário jogador do Toronto Maple Leafs nos anos 1930, em um rompante de bravura irlandesa. Clarence Campbell, antigo presidente da NHL, popularizou o mote de "válvula de escape", alertando de que sem as brigas os jogadores sem dúvida inventariam "outras formas de vícios".

Com essas noções asseguradas, e as brigas foram incorporadas e se solidificaram, apesar de abundantes evidências em contrário. Estudos após estudos têm demonstrado que violência só leva a mais violência, afirma Stacy Lorenz, uma professora da Universidade de Alberta que tem se dedicado ao estudo da história da violência no hóquei, enquanto alguns dos momentos mais traumáticos do esporte foram desencadeadas por brigas, ou ocorreram a despeito da sua prevalência. Maurice Richard recorreu várias vezes aos seus punhos em resposta a agressões com taco e insultos étnicos que sofreu durante seus anos de jogador no Montreal Canadiens. Ainda assim a sua combatividade não ajudou a desencorajar — e muito menos impediu — o oponente que feriu seu rosto com um lance de taco alto, provocando o estopim épico que levou ao destempero de Richard em 1955 — um Richard enlouquecido quebrou seu taco no ombro do seu agressor, Hal Laycoe, e em seguida socou o árbitro que tentava impedi-lo de chegar ao jogador do Boston Bruins.

Enquanto isso, as jogadas baixas continuaram na liga, atingindo o seu apogeu na década de 1970, quando o Philadelphia Flyers era um verdadeiro time de brigões de rua e elas se tornaram algo normal e usual no time e na liga. A liga foi forçada a intervir e coibir as brigas que acabavam por esvaziar os bancos dos times durante os jogos. Mas o pugilismo continuou, e na NHL de hoje, uma jogada considerada desleal pode levar a intermináveis retribuições, com os jogadores esperando até vários jogos para que possam "retribuir" o acontecido e se vingar em jogadores que acreditam ter tomado certas liberdades. A idéia, diz Rob Ray, um antigo cara durão com os Buffalo Sabres, é garantir que jogadores talentosos não sejam machucados por jogadores maiores e mais durões. "Você pode usar Wayne Gretzky como exemplo," diz Ray que agora trabalha como comentarista de TV. "Ele sempre teve alguém cuidando dele, o protegendo, permitindo que ele pudesse jogar do seu jeito."

O problema é que muitas jogadas desleais são praticadas por brigões habituais, e que certamente não se intimidam com a idéia de ter que tirar suas luvas para brigar se for necessário. Exemplos disso incluem a agressão com o antebraço que o designado lutador do Toronto, Tie Dome, desferiu durante os playoffs de 2001 em Scott Niedermayer, um defensor estelar na época no New Jersey Devils. Ou então a cotovelada de Dale Hunter em Pierre Turgeon durante um jogo de playoffs em 1993 entre o Washington Capitals e e o time de Turgeon, o New York Islanders. Uma olahda nos acontecimentos e ataques mais recentes, mostra que o problema se aprofundou, uma vez que os pugilistas agora resolveram atacar jogadores que normalmente não brigam. Em outubro de 2007, Jesse Boulerice, um brigão com o Philadelphia Flyers, agrediu violentamente Ryan Kesler do Vancouver Canucks com uma trombada diretamente no seu rosto. Aquela jogada ocorreu apenas duas semanas depois que Steve Downie, outro brigão dos Flyers, acertou com uma cotovelada voadora o normalmente pacífico Dean McAmmond e causou uma concussão no então jogador do Ottawa Senators que o deixou fora de ação por dez partidas. Nesta temporada, Ryan Hollweg, um dispensável agitador do Toronto, foi suspenso por três partidas após a sua terceira punição por atitude antidesportiva em nove meses, por acertar um jogador pelas costas. O atacante dos Leafs é considerado um covarde por suas agressões pelas costas, mas ele não é novato no departamento de brigas. Ele não pensou muito antes de brigar 19 vezes durante duas temporadas até a sua suspensão.

Então a teoria de que brigar limita as jogadas sujas não tem muita validade. Nem também tem validade a idéia de que isso protege jogadores talentosos das indignidades de jogos duros. Nas últimas semanas, os fãs da NHL presenciaram o espetáculo das super estrelas Sidney Crosby e Alexander Semin desferindo socos após considerar que seus adversários foram longe demais.

Ainda, o lobby a favor das brigas se mantém atado ao seu catecismo, insistindo de que as recentes "exceções" se reduziriam se fosse dado mais espaço para os jogadores durões e brigões na liga. O seu alvo mais recente é a chamada "regra do instigador", e que eles dizem que encoraja os autores das jogadas desleais ao penalizar os jogadores que buscam uma briga para igualar o placar. Isso seria muito mais persuasivo se os árbitros realmente utilizassem a regra. Desde que foi introduzida em 1992, o número de infrações tem reduzido paulatinamente, chegando a apenas cerca de 50 por temporada, num total de 1.230 partidas. Ao mesmo tempo, as brigas têm aumentado depois de atingir um ponto baixo de 466 brigas na temporada 2005-2006. No ritmo atual, a temporada de 2008-09 deverá registrar cerca de 789 brigas, ou 0,64 briga por partida de acordo com o site hockeyfights.com. É possível, de acordo como os dados sugerem, que 94 por cento das brigas não tenham um causador, mas é muito mais provável que a liga esteja presa a um ciclo vicioso, onde os jogadores têm feito jogadas desleais, que acabam levando a mais brigas e que os árbitros tenham desistido de tentar inibi-las.

Sob as circunstâncias, é tentador atirar uma das mãos. "Esses caras são profissionais e adultos," diz Dave Morissette, antigo jogador e brigão e que agora é comentarista da RDS para a NHL em Québec. Mas até mesmo Morissette, que brigou incansavelmente nas ligas menores para ter sua chance na NHL (11 partidas com o Montreal Canadiens), ficou abalado pela morte de Sanderson — um garoto que, como tantos outros no Canadá, cresceu idolatrando jogadores da NHL. Para Morissette e outros, as reservas quanto às brigas sempre giraram em torno destes jovens jogadores, que eles acreditam que devem ser protegidos da cultura da briga até estarem prontos para se tornarem profissionais. "Acho que isso deveria ficar fora do hóquei júnior completamente," diz ele. "Deixem aqueles jogadores jogar hóquei."

As razões de Morissette estão enraizadas na psicologia — aquela aprendida por quem tem de se preparar mentalmente para uma redemoinho noturno de punhos. "No meu primeiro ano como júnior, eu queria desistir na época do natal," ele admite. "Você não dorme porque você não está mais pensando em hóquei. Você só está pensando nas suas brigas. Você tem 16 ou 17 anos, há duas mil pessoas na platéia, existem seus companheiros, sua namorada, seus pais, todos lá e você simplesmente não quer levar a pior. Então, você está pensando em fazer gols? Não. Você está pensando naquela luta."

A síndrome pode carregar um jogador para profundezas perigosas. Morissette causou alvoroço anos atrás ao admitir em um livro que ele teria feito uso de esteróides para poder se equiparar aos grandes musculosos que estavam entrando nas ligas. Hoje ele se perguntam com que fúria esses caras vão descarregar seus golpes em suas futuras vítimas. Os mesmos medos estavam na mente de Ken Holland quando o gerente do Detroit sugeriu o debate. "Alguns desses caras são bem altos. Hoje eles pesam bem mais, antigamente eles costumavam ser mais baixinhos e mais leves," ele disse ao jornal Globe and Mail.

Na verdade, os riscos são claros para qualquer pessoa que resolva ver. Treze dias após a morte do jovem Sanderson, Daniel Carcillo, um jovem jogador do Phoenix Coyotes, também caiu com a cabeça no gelo durante uma briga com Rob Davison do Vancouver Canucks, que é bem mais alto e pesado do que ele. "Quando eu vi aquilo, eu senti um frio me percorrendo," disse Michael Sanderson. Carcillo não teve lesões sérias, mas na semana seguinte um jogador do Philadelphia Phantoms, afiliado dos Flyers na Liga Americana de Hóquei, apresentou convulsões depois de cair de cabeça sem capacete durante uma briga, com suas pernas em tremores incontroláveis e seus olhos revirando na cabeça. Ele foi hospitalizado e parece estar se recuperando.

Nada disso parece ter sensibilizado a NHL. "Eu não acredito que exista apetite algum para que sejam banidas as brigas na NHL," disse o gerente da liga Garry Bettman a repórteres durante o final de semana do Jogo das Estrelas em Montreal. "Eu acho que os nossos fãs também gostam dessa parte do jogo." Ainda assim, a liga deveria dar uma olhada melhor na forma como esse aspecto do jogo pode afetar o seu produto. Longe de incentivar jogadas violentas, as brigas e a sua concomitante urgência por retribuição tornaram até mesmo trombadas limpas em violação ao suposto "código de honra" da NHL. Uma simples jogada que há dez anos seria considerada limpa, como um tranco limpo no meio do gelo, agora pode ser suficiente para desencadear uma série de empurrões e troca de insultos. As estrelas por quem os fãs pagam para ver os jogos, agora estão tentando evitar serem trombados e com isso se preocupam menos com o jogo do que com a sua própria segurança no gelo, enquanto que os Hallwegs e Downies circulam livremente sem trombadas. Um fato que pode ser averiguado é que as brigas realmente fazem o jogo ser menos duro.

A mentalidade do olho por olho tem feito surgir incidentes e eventos que podem arranhar a imagem do jogo em possíveis fãs. Marty McSorley, afinal de contas, estava tentando atrair Donald Brashear para uma briga em fevereiro de 2000 quando ele girou o taco na cabeça do jogador do Vancouver, resultando em um processo de agressão física na esfera jurídica. O infame ataque de Todd Bertuzzi em Steve Moore na temporada de 2004 foi o troco por uma entrada do mesmo Moore do Colorado Avalanche em cima do capitão dos Canucks, Markus Naslund, em uma partida anterior. O fato de Moore já ter respondido ao toque do sino de Matt Cooke e terem brigado na primeira vez, faz com que o ataque de Bertuzzi seja mais difícil ainda de digerir. Se as brigas são válvulas de escape, por que essas coisas continuam acontecendo?

A resposta da liga a esse tipo de questão é tão familiar quanto imatura: "Nós acreditamos que estamos vigiando nosso jogo de forma adequada e apropriada," disse Bettman se referindo ao episódio de Bertuzzi. O que esses oficiais não perceberam ainda é que o resto do mundo não compartilha do seu ponto de vista em que o hóquei é um reino autogovernado. "A violência no esporte é a mãe da violência no dia a dia," afirmou o juiz Sidney Harris da corte provinciana de Ontário, Canadá, em 1988, consolidando um preceito que a justiça tem levado em consideração desde então. O público parece concordar. Pesquisa após pesquisa, os canadenses apontam o hóquei como uma forma de ensinar valores como respeito, disciplina e atitude sob pressão. Cerca de 54% das respostas à pesquisa da Harris-Decima na semana passada foram favoráveis à abolição das brigas na NHL.

Aqui consiste a controvérsia moral que a liga não pode, e não vai, endereçar. Nós ensinamos às nossa crianças que agredir alguém não é a maneira certa de resolver nossas frustrações. Por que então isso é considerado razoável no hóquei? Mais ainda ao ponto, brigar não seria considerado antiético em relação ao conceito de competição esportiva? Para que servem os árbitros e seus auxiliares se não for para prevenir que os jogadores resolvam fazer justiça pelas próprias mãos? Por que eles devem servir para esse propósito em outros esportes mas não no hóquei? O futebol americano, para citar apenas um, é um esporte de contato físico com homens de mais de 140 quilos se jogando uns sobre os outros em alta velocidade. Mas cabeçadas, bloqueios nas costas e empurrar suas mãos na direção do rosto do oponente são consideradas penalidades. E se dois jogadores finalmente perderem a cabeça, os árbitros não se afastam enquanto eles retiram seus equipamentos para se agarrarem e brigar. Talvez Wayne Gretzky tenha resumido da melhor maneira: "O hóquei é o único esporte coletivo no mundo que realmente incentiva a briga. Eu não entendo por que nós deixamos isso continuar".

Não é como se livrar disso fosse tão difícil. Expulsões automáticas seguidas por multas crescentes e suspensões provavelmente seriam boas medidas — não eliminar diretamente as brigas, mas como Sanderson disse, fazê-las parecer ridículas. As associações de hóquei menores fizeram isso há algum tempo, reduzindo as brigas a uns poucos episódios isolados e patéticos em que os jogadores não retiram as próprias luvas. E para a sentença de que hábitos antigos são difíceis de mudar, só é necessário olhar para a própria NHL: por opinião quase universal, a vigilância da liga sobre obstruções e agressões com os tacos tem sido de grande sucesso. Como num trabalho conjunto, as ligas menores resolveram trabalhar juntas, com sugestões de profissionais e juniores. Foi uma clara demonstração, se alguma ainda precisava ser dada, de que algumas modificações nas regras e com perseverança por parte dos árbitros pode-se mudar o esporte para melhor.

Sanderson duvida muito que o hóquei possa sofrer um pouco que seja se as brigas fossem definitivamente banidas. Ele aponta os playoffs da Copa Stanley e o Campeonato Mundial de Juniores como momentos em que praticamente não há espaço para as brigas, ainda que ofereçam alguns dos jogos de mais punição física da liga. " É aberto, é rápido e os árbitros deixam eles jogarem," ele diz. "Nós assistimos porque é empolgante. Nós não assistimos por causa das brigas." Ele tem falado essas verdade de forma pacata e sem muito alarde, como se não quisesse colocar a culpa em Cory Fulton, o jogador do Bradford que brigava com o seu filho quando ele caiu. "Também temos que pensar em outra pessoa nisso tudo. Ser pai e tentar ser sensato e sensível com os dois lados, tem sido muito difícil falar muito sobre isso."

Mas não tenha dúvidas: se a morte de Donald Sanderson provar ser o ponto de virada nessa discussão, então seu pai estaria satisfeito com isso. "Pelo menos nós poderíamos dizer que algo de bom saiu disso tudo. No momento não existe nada de bom nisso tudo. Eu não tenho meu parceiro, não posso vê-lo. Não posso falar com ele. Tem que existir uma razão para isso. Não posso aceitar que Deus apenas o levou por nada, porque ele era um garoto bom demais para ser só por isso."

Charlie Gillis escreve para a revista MacLeans. O artigo original foi publicado em 3 de fevereiro e traduzido por Alessander Laurentino.
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Página publicada em 4 de fevereiro de 2009.