Por: Gene Collier

Ah, o verão na Cidade dos Campeões.

O Pittsburgh Penguins — a quem ninguém dava chance alguma durante o frio inverno, mais uma vez descartado ainda no último dia 1.º de junho, quando perdia estas fabulosas finais da Copa Stanley por 2-0 para os Red Wings — é o campeão da NHL depois de surpreender o Detroit no jogo 7, vencendo por 2-1. Assim, os Penguins ajudam os Steelers, campeões do Super Bowl, a estourar o orçamento de paradas 2009 da cidade neste ano, e, em algum lugar, talvez Kobe Bryant esteja agradecido que Pittsburgh não tem um time na liga norte-americana de bola ao cesto para acabar também com seu sonho.

Max Talbot, aquele atacante consistentemente cheio de recursos e o atual principal carregador de piano dos campeões Penguins, dando sequência à linhagem de Bob Errey, Phil Bourque e Troy Loney, marcou dois gols no segundo período, com uma contusão no joelho da superestrema Sidney Crosby entre eles, para liderar seu time na conquista de sua terceira Copa Stanley. "É o maior dia da minha vida", disse Talbot ainda no gelo da Joe Louis Arena 20 minutos depois do maior jogo de sua vida. "Não estou pensando que sou um herói; marquei dois gols, mas todo mundo neste time é um herói. Não tentei fazer nada especial, eu só queria vencer a Copa. Foi um jogo especial. Tudo está muito maluco agora."

Com seis gols nesta pós-temporada em seu currículo, já o maior total de sua carreira, Talbot passou por trás do gol dos Red Wings no segundo minuto do segundo período, encurralou o defensor Brad Stuart no canto direito e voltou na direção do gol enquanto Evgeni Malkin desviava para a boca do gol a terrível tentativa de Stuart de isolar o disco. Max fez o goleiro do Detroit, Chris Osgood, ajoelhar-se com uma enganada, então preparou de novo o chute e achou o meio das pernas do arqueiro para fazer 1-0 para o Pittsburgh a 1:13 do segundo período.

Pouco depois, Johan Franzen, do Detroit, a venerada "Mula", prensou Crosby contra as bordas no meio do gelo, prendendo o joelho deste e fazendo o número 87 contorcer-se de dor. Sid deixou o gelo como se... bem, como se tivesse levado um coice de uma mula, não voltando até a metade do terceriro período, ainda assim por apenas um turno. Só que o capitão mais jovem a levantar a Copa Stanley foi perfeitamente capaz de cumprir tal feliz ritual pós-jogo.

Também entre os gols de Talbot no segundo período houve dois excelentes esforços dos Penguins para matar penalidades, o primeiro com Jordan Staal fora por enganchamento e o segundo quando Hal Gill foi punido por segurar o taco de Pavel Datsyuk. Os chutes mais perigosos disparados durante cada uma das vantagens numéricas dos Red Wings na verdade foram disparados pelos Penguins: Malkin, na primeira, e Craig Adams, na segunda.

"O jeito como jogamos essas duas últimas partidas foi bem básico", disse o defensor Rob Scuderi, dos Penguins, cujos brilhantes lances defensivos no terceiro período do jogo 6 permitiram que este último capítulo acontecesse. "Acho que jogamos com disciplina, e hoje fizemos um trabalho fantástico para manter tudo simples, porque eles são muito disciplinados; você está sempre meio que num jogo de xadrez contra eles. Às vezes isso é difícil para nós, com todo o talento ofensivo que temos, e ficamos querendo abrir o jogo. Manter a disciplina em um jogo como esse é um grande feito."

Foi uma segunda falta de disciplina de Stuart que deixou Talbot no gelo do Detroit em um dois-contra-um com Tyler Kennedy. Stuart tentou pressionar na zona neutra, Talbot recolheu um disco perdido e disparou na direção de Osgood. Sem arriscar um passe, ele chutou o disco sobre o ombro oposto de Osgood para fazer 2-0 aos 10:07 do segundo período. O que Talbot fez naquele período representou praticamente uma inversão total não só do carma dentro da Joe Louis Arena, mas também um heroico desvio no futuro da franquia. O que teria sido pior, se os sonhos de título dos Penguins tivessem sido destruídos nas ruas de Motown: o peso ou a espera?

O peso de ter patinado até a sombra da Copa Stanley em duas temporadas seguidas e, por duas vezes, deixar de conquistá-la iria se agarrar às jovens carreiras de Crosby, Malkin e Marc-André Fleury e defini-las. O núcleo da evolução do hóquei de Pittsburgh ainda teria um futuro magnífico pela frente, mas de repente teria também um passado potencialmente pesado. A espera pela próxima visita da Copa Stanley a Pittsburgh iria a um mínimo de 18 anos, e cada calendário subsequente jogado no lixo teria calcificado a suspeita de que, apesar de todos os seus dons atléticos, as jovens estrelas dos Penguins talvez não fossem a solução.

Max Talbot mudou tudo isso, e Fleury garantiu.

"Não sei por que [Talbot] sempre aparece em situações críticas, em jogos críticos", disse o técnico Dan Bylsma. "Ele é raçudo. Ele é determinado. Ele não tem medo de correr atrás." O jogo 7 foi o segundo nestas finais em que Talbot marcou dois gols. Os dois primeiros gols, que abriram e fecharam o placar no jogo 3, levantaram a moral dos Penguins, assim como sua briga em Filadélfia deu origem aos cinco gols que eliminaram os Flyers na última rodada. "Eu disse ao [Fleury]", contou Talbot. "'Flor, acho que meu gol foi o da vitória. Faça isso por mim."

Gene Collier é colunista do jornal Pittsburgh Post-Gazette. O artigo original foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 16 de junho de 2009.