Por: Marcelo Constantino

Com menos de dois minutos para o fim, Nicklas Kronwall disparou o disco na trave de cima. A Joe Louis Arena já estava de pé e a partir dali prendia a respiração. O Detroit Red Wings tentava jogar naqueles cinco minutos finais tudo o que não havia conseguido até então. Perdendo o jogo 7 da final por 2-0 para o Pittburgh Penguins, era a hora de pressionar. Ou de desistir. Os Wings pressionaram.

Estava difícil ao longo de todo o jogo. Raros foram os espaços cedidos pelos Penguins. Mais raros ainda foram as chances de gol para os Wings até ali. Eles tentavam, tentavam, mas sem conseguir produzir algo de efetivo. Mesmo chances de gols eram geralmente neutralizadas pelo excelente trabalho de contenção dos Penguins (troque Red Wings por Marian Hossa na frase anterior e você terá exatamente o mesmo efeito — neste caso não apenas para o jogo 7, mas para toda a série).

Mas o calouro Jonathan Ericksson subitamente fez o panorama mudar. Faltando cerca de seis minutos para o fim, num jogo em que os Penguins eram claramente melhores, ele conseguiu vazar o goleiro Marc-André Fleury com um disparo da linha azul. Subitamente o jogo 7 ganhava uma nova expectativa, com uma prorrogação num horizonte distante.

A pressão é grande no fim, como não se viu nos últimos jogos 7 de final de Copa. O disco na trave de Kronwall foi talvez o ápice da pressão, foi quando ele esteve mais perto de entrar. Foi quando o estádio parou estarrecido, de olhos e bocas abertas, com algumas expelindo o tradicional “ohh”. A pressão seguia, mas a defesa dos Penguins conseguia se segurar.

Seis segundos para o fim, face-off na zona defensiva dos Pens. Toda uma temporada, mais de uma centena de partidas disputadas em mais de oito meses, resumia-se naquele momento a um face-off. Seis segundos. Vencer o face-off nunca foi tão fundamental. Mas pouco importa quem venceu, porque houve chance até o último segundo.

No último segundo o disco sobrou para Nicklas Lidstrom, numa chance real de gol, à direita de Fleury. Nem sei se havia tempo suficiente no cronômetro. Sei que vi o gol aberto, sem defensor na frente, com o disco logo ali na frente. Lidstrom chegou no disco, disparou, Fleury voou para defender e o jogo acabou.

Comemoração geral, os Penguins conseguiram. As câmeras focam imediatamente no personagem das finais, Marian Hossa, que borrifava seu isotônico goela adentro.

O final lembrou um pouco o último segundo de 2008, mas desta vez o disco não chegou tão perto de entrar. Como leve ironia do destino, aquele disco rolando quase sobre a linha no ano passado havia sido disparado por ele, Hossa. Será Marian Hossa um clássico pé-frio?

Foi seguramente a melhor final de Copa desde 1994. Parabéns a ambos os times pelo espetáculo. E parabéns sobretudo ao vencedor, o Pittsburgh Penguins de Sidney Crosby, eternizado na seleta galeria de detentores da Copa Stanley.

Palmas também para Mario Lemieux, que salvou os Penguins da falência poucos anos, manteve um time pavoroso durante um tempo, fez caixa, recrutou bem e agora levanta a Copa com eles.

O grande momento desses playoffs?
Certamente o gol em desvantagem numérica de Jordan Staal no jogo 4. Aquele gol foi mágico, mudou a série. Mas como esquecer as sensacionais e salvadoras “defesas” de Rob Scuderi no jogo 6? Ou ainda Fleury saltando para fazer a derradeira defesa na última chance, no último segundo do jogo 7?

Que finais! Ficarão eternamente gravadas na memória de cada um que teve o sabor de presenciá-las.

Marcelo Constantino enaltece ainda o assombroso ano de Evgeni Malkin, vencedor dos troféus Art Ross e do Conn Smythe, líder em pontos da temporada e dos playoffs.

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Página publicada em 16 de junho de 2009.