Por: Marcelo Constantino

A desculpa para uma temporada abaixo dos patamares anteriores já estava na ponta da língua desde antes de começar: Marian Hossa, Mikael Samuelsson, Jiri Hudler e Tomas Kopecky. Os quatro atacantes deixaram o elenco do Detroit Red Wings no verão norte-americano, por causa da falta de espaço diante do teto orçamentário da equipe.

É claro que cada um tem seu peso.

Marian Hossa é craque. Independentemente de perder finais de Copa Stanley em seqüência, Hossa é um dos maiores goleadores da NHL. Foi o maior goleador do time na temporada passada. Se você deixa de ter um jogador assim no time, você perde muito.

Mikael Samuelsson foi um jogador extremamente útil ao time desde que chegou. Apesar de criticado e de cometer seus eventuais deslizes, é um batalhador. Praticamente tornou-se famoso por jogar em Detroit, marcava seus gols e ajudava na vantagem numérica (VN).

Jiri Hudler é um bom jogador de 3a linha que ajudava na VN e que marcava uma boa qtde de gols, sobretudo diante do pouco tempo de jogo.

Tomas Kopecky não faz falta, apesar do bom jogo físico.

Além desses, houve também a saída do goleiro reserva Ty Conklin, depois de fazer uma belíssima temporada pelo time, suplantando inclusive o goleiro titular Chris Osgood. O time precisava efetivar o jovem Jimmy Howard e, a rigor, tal qual a saída de Kopecky, essa não é uma mudança de peso.

O Detroit então já veio para a temporada claramente num degrau abaixo. De nada adianta dizer que jogadores com tempo de playoffs no currículo, como Darren Helm, Justin Abdelkader e Ville Leino atuariam regularmente. Todos eles somados e multiplicados pelo que fosse de melhor das suas vidas não supririam um Hossa.

Retornaram à equipe Todd Bertuzzi e Jason Williams, opções que cabiam no orçamento. Bertuzzi com possibilidade de jogar nas primeiras linhas — como de fato vem jogando —, e Williams basicamente para suprir a saída de Samuelsson, dada a carência de atacantes destros no time. E assim foi o time para mais uma temporada.

As atuações iniciais não foram boas. Sobretudo as atuações dos dois goleiros. Derrotas se sucederam, entremeadas com algumas vitórias não muito convincentes.

Mas, se o panorama já não era animador, as coisas pioraram. Contusões em profusão, e de jogadores importantes, começaram a surgir. Pra começar, Johan Franzen, uma das maiores promessas de gols da equipe — se não a maior — rompeu os ligamentos do joelho logo no começo de outubro e só tem volta prevista para fevereiro próximo. Ele já tinha um papel especial na equipe, que certamente se tornaria ainda mais relevante com a saída de Hossa.

Depois Valteri Filppula. Com a debandada e a contusão de Franzen, ele foi alçado a central da segunda linha do time (ou da terceira, quando Pavel Datsyuk e Henrik Zetterberg passaram a jogar separados). Fazia bom trabalho, tal qual havia feito nos playoffs então suprindo a ausência de Datsyuk, até que quebrou o pulso no fim de outubro. Deve voltar somente entre dezembro e janeiro.

E depois Jason Williams quebrou o tornozelo na única derrota do time até aqui (antes do jogo de quarta-feira) em novembro. Só volta em 2010 (outro que está contundido é o defensor Andreas Lilja, mas que já está fora há muito tempo — já nem é mais exatamente um desfalque exatamente).

A bem da verdade, contusões de jogadores importantes já haviam afetado o time nos últimos playoffs, quando Datsyuk desfalcou o time durante boa parte da jornada. Mesmo o homem de ferro Nicklas Lidstrom andou desfalcando o time na final de conferência. E, mesmo com todas as contusões, o time seguiu adiante.

Diante desse cenário, era de se esperar uma queda ainda mais virtuosa. Mas não foi o que aconteceu. As contusões foram se sucedendo e o time foi se acertando do jeito que podia. Outubro se foi (5-4-3) e novembro já é bem melhor (4-1-0 até terça-feira). Thomas Holmstrom reencontrou o faro de gol, Niklas Kronwall vem assumindo um papel cada vez maior na defesa (Lidstrom já beira os 40 anos de idade), e a dupla Datsyuk e Zetterberg voltou a comandar o time — sobretudo o sueco. Com exceção da derrota atípica para o Toronto Maple Leafs (os Wings pressionaram muito mais, porém de forma ineficiente), novembro vem sendo um mês perfeito para o Detroit. E um dos maiores motivos para tanto, além dos já citados, está no gol.

Howard teve um mau começo — especificamente um mau jogo inicial. Mas já vem se recuperando ao longo da temporada. Na semana passada venceu dois jogos em dias consecutivos, um deles diante de um time que o pressionou fortemente no primeiro e terceiro períodos, na vitória de 3-1 sobre o Vancouver Canucks na quinta-feira passada. Chris Osgood alterna bons e maus momentos, mas ele é assim mesmo, não há novidades.

Mesmo com todas as saídas e todas as contusões desta temporada, e ainda com todo aquele começo cambaleante, era difícil de acreditar que o Detroit permaneceria por muito tempo na parte de baixo da tabela. Para muitos era uma mera questão de tempo. De ajuste, de deixar passar o mau momento, de colocar as coisas nos seus lugares e retomar a dianteira. E assim vem sendo.

Todavia é evidente que o time tem deficiências, e que não é mais tão dominante quanto já foi. Isso quer dizer que nesta temporada não teremos os Red Wings como um dos favoritos? Nunca se sabe. A temporada passada também não foi espetacular, o time já apresentava sérias deficiências (tinha um dos piores times de matar penalidades da liga), enfrentou contusões, chegou a escalar defensor de 47 anos de idade em jogo decisivo de playoffs e, com tudo isso, chegou até o jogo 7 da final. Ou seja, jamais duvide de um time com esse gabarito.

Marcelo Constantino é devoto de “The Song Remains The Same” há mais de 20 anos.

AP
Companheiros celebram mais um gol de Henrik Zetterberg, na vitória de 7-4 do Detroit Red Wings sobre o Anaheim Ducks. Zetterberg marcou um hat-trick na partida.
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Página publicada em 18 de novembro de 2009.