O hóquei no gelo é um esporte pior para se acompanhar desde o começo desta semana, quando Brendan Shanahan anunciou sua aposentadoria.
Um dos maiores atacantes da história da liga, Shanahan impressionava por sua intensidade e agressividade, caracterizando-se como um atacante de força, tipo de jogador raro de se encontrar hoje em dia.
Fora do gelo, marcou época por ser o grande responsável pelas mudanças ocorridas na NHL logo após o locaute, sendo o organizador da cúpula formada por jogadores, técnicos e demais envolvidos com o esporte que elaborou uma lista de recomendações para a liga.
Shanahan foi selecionado pelo New Jersey Devils com a segunda escolha geral no recrutamento de 1987, logo após o Buffalo Sabres fazer de Pierre Turgeon o número um daquele ano.
Sua carreira profissional começou imediatamente, em 1987-88. Na primeira temporada,
não deixou uma boa impressão, marcando apenas sete gols e 26 pontos em 65 jogos, destacando-se negativamente pelo saldo +/- de -20.
Na temporada seguinte, Shanahan começou a escrever seu nome como um goleador nato, marcando 22 vezes aos 20 anos de idade. No ano seguinte, atingiu os 30 gols e 72 pontos, seu recorde até então.
Depois da temporada 1990-91, sua quarta pelos Devils, assinou como agente livre com o St. Louis Blues.
À época, Shanahan era agente livre restrito, o que deu aos Devils o direito a uma compensação pela perda do atacante. A NHL determinou, então, que a compensação seria o defensor Scott Stevens — que futuramente se tornaria um mito em New Jersey.
Pelos Blues, estabeleceu seus recordes pessoais com 52 gols e 102 pontos em 1993-94, quando liderou a liga em gols marcados em desvantagem numérica (sete) e chutes a gol (397), melhorando a marca de 51 gols atingida no ano anterior.
A curta temporada de 1994-95 foi a última de Shanahan em St. Louis. Em julho de 1995, os Blues enviaram-no para o Hartford Whalers em troca de Chris Pronger.
Em sua única temporada completa com os Whalers, Shanahan foi capitão, goleador e artilheiro do time, com 44 gols e 78 pontos. Preocupado com o futuro da franquia, o atacante pediu para ser negociado.
No dia 9 de outubro de 1996, com apenas dois jogos disputados na temporada, Shanahan foi trocado com Brian Glynn para o Detroit Red Wings por Paul Coffey, Keith Primeau e a escolha de primeira rodada no recrutamento.
Já no seu primeiro jogo com os Red Wings, Shanahan brigou e conquistou a torcida imediatamente. Com 46 gols e 87 pontos, fez aquela que seria sua melhor temporada pela equipe. Liderou a liga em gols de vantagem numérica (20). Nos playoffs, marcou nove gols e 17 pontos em 20 jogos, conquistando a Copa Stanley pela primeira vez em sua carreira e ajudando o Detroit a pôr fim à seca de 42 anos sem título.
Mais do que os números podem dizer,
Shanahan foi considerado como o diferencial entre a vitória em 1997 e as derrotas nos anos anteriores.
Na temporada seguinte, foi fundamental na conquista do bicampeonato, não por seus números, que foram baixos, mas por sua determinação e liderança.
Entre 1998-99 e 2002-03, Shanahan marcou 30 ou mais gols em cinco temporadas consecutivas, ultrapassando a marca dos 40 uma vez. Neste período, em 2001-02, conquistou a Copa Stanley pela terceira vez em sua carreira, sendo o goleador e o artilheiro do time que era composto por uma filial do Salão da Fama. Naquele mesmo ano, conquistou também a medalha de ouro olímpica com a Seleção Canadense.
Logo após o locaute, aos 37 anos, Shanahan tornou-se o segundo jogador na história da liga a marcar 40 gols com idade tão avançada, naquela que foi a sua última temporada pelos Red Wings.
Mais identificado com o passado do que com o futuro do time, de acordo com suas próprias palavras, o jogador deixou o Detroit e assinou como agente livre com o New York Rangers, com quem marcou mais de 20 gols nas duas temporadas a seguir.
Fugindo da aposentadoria, continuou em atividade até ser contratado pelos Devils em 15 de janeiro de 2009, com a temporada regular pela metade. Em sua última campanha, somou seis gols e 14 pontos em 34 jogos.
Shanahan tinha contrato para a temporada 2009-10, mas sem espaço nas linhas principais do New Jersey, abandonou o time durante a pré-temporada.
Em 21 temporadas na NHL, sendo cinco com os Devils, quatro com os Blues, uma com os Whalers, nove com os Red Wings e duas com os Rangers, Shanahan disputou 1.524 jogos, somando 656 gols, 698 assistências, 1.354 pontos e 2.489 minutos de penalidades. Recebeu apenas um prêmio individual, o Troféu King Clancy Memorial, por sua liderança e contribuição humanitária.
Na história da liga, Shanahan é o 11.º em jogos e em gols, 23.º em pontos, 5.º em gols de vantagem numérica (237) e 4.º em gols da vitória (109). Além disso, é o único jogador a acumular mais de 600 gols e mais de 2 mil minutos de penalidades.
Nos Blues, Shanahan é o 9.º em gols (156).
Nos Red Wings,
é o 7.º em gols (309), 10.º em assistências (324) e 8.º em pontos (633).
Acredita-se que ele seja dono do recorde de Gordie Howe hat tricks (gol, assistência e briga).
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